Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Suíça - Vacina rápida para a Covid-19 está próxima, dizem cientistas suíços

Uma equipa de investigadores da Universidade de Berna espera ser a primeira a produzir uma vacina contra a Covid-19 e a inocular toda a população suíça em outubro.

"Temos uma possibilidade realista de sucesso", disse Martin Bachmann, diretor do departamento de imunologia da universidade suíça, através de uma conferência na internet com a ACANU, a associação de imprensa das Nações Unidas. "A Suíça tem uma história de pragmatismo e está mais interessada em encontrar um compromisso para obter a vacina mais rapidamente".

Desde o início do surto do coronavírus e a sua designação pela Organização Mundial de Saúde como Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional (PHEIC) no final de janeiro, a maioria dos especialistas e autoridades de saúde internacionais alertam que uma vacina dificilmente estará disponível em menos de um ano ou 18 meses, no mínimo.

Abordagem original

Bachmann, que também é professor de vacinologia no Instituto Jenner da Universidade de Oxford, disse que essa sua projeção adiantada pode ser em parte justificada pela potencial facilidade de produção, onde o equivalente a 200 litros de bio fermento bacteriano, que é necessário para as injeções, poderia produzir de 10 a 20 milhões de doses.

"A vacina é única por causa da enorme escalabilidade. Ela tem a capacidade de produzir milhões de doses num curto espaço de tempo", disse Bachmann.

A vacina em desenvolvimento pela equipa suíça tem uma abordagem diferente dos outros laboratórios, utilizando as chamadas partículas semelhantes ao vírus, que não são infecciosas - ao contrário de quando se utiliza o próprio vírus - e que proporcionam uma boa resposta imunológica. Um protótipo foi desenvolvido em fevereiro, apenas semanas após a identificação do novo coronavírus na China, e teve sucesso nos testes em ratos de laboratório, quando o soro neutralizou o vírus.

Gary Jennings, CEO da empresa Saiba Biotech, que está a trabalhar com a Universidade de Berna, disse que as autoridades suíças estão cientes da importância de aprovar o desenvolvimento da vacina. "Nós podemos fazer isso se o governo suíço e os reguladores também estiverem dispostos. Se eles quiserem ver essa vacina disponível ao público neste período de tempo, então ela será feita".

Para obter aprovação

A Swissmedic, autoridade nacional responsável pela aprovação e supervisão terapêutica, confirmou que já vem oferecendo assessoria científica ao projeto e está ciente de como a pesquisa está a progredir.

O porta-voz Lukas Jaggi disse à swissinfo.ch que "nesta situação excepcional, temos que contar realisticamente com oito a 14 meses até termos uma vacina contra o novo coronavírus SARS-CoV-2".

Numa declaração por e-mail, o assessor de comunicação escreveu que "a Swissmedic dá alta prioridade ao tempo. Mas a segurança e a tolerância da vacina vêm em primeiro lugar. Por isso, é importante que as empresas e grupos de pesquisa entrem em contato com a Swissmedic num estágio inicial, para que possamos acompanhá-los e apoiá-los no seu desenvolvimento antes de submeterem um pedido de autorização".

O desenvolvimento da vacina até ao ponto em que ela possa ser produzida em grande escala exigirá o investimento de CHF 100 milhões (US$ 103 milhões), segundo a Saiba Biotech, que Bachmann co-fundou. Enquanto a Fundação USZ, organização beneficente do hospital universitário de Zurique, manifestou interesse em apoiar a pesquisa, Jennings disse que a Saiba já esteve em conversas com as gigantes farmacêuticas Novartis e Lonza. Paula Dupraz-Dobias – Suíça in “Swissinfo”

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