Plataformas digitais e ferramentas online dominam a
rotina de jornalistas, artistas e professores. As autoridades realizaram
centenas de testes no país que tem pelo menos uma pessoa recuperada da covid-19
Cruzar
os braços perante a crise da covid-19 não é opção para vários trabalhadores. Em
Moçambique, a ONU News procurou saber como acontece o ajuste à rotina laboral
para diminuir a velocidade de infecção do novo coronavírus.
O
que todos os entrevistados têm em comum é o maior contacto com a realidade
virtual: plataformas digitais e ferramentas online para ajudar a
realizar tarefas como dar aulas, escrever ou comunicar com o público.
Qualidade
Mel
Matsinhe contou à ONU News, em Maputo, que ainda dá aulas de piano e escreve
obras literárias. Ela destaca que teve de reinventar o dia-a-dia de trabalho
para continuar a exercer esses ofícios.
“Recorri
ao Skype e assim tenho estado a dar aulas. Através do Skype é desafiador,
sobretudo tendo em conta a qualidade da internet e o facto de que nem todos os
alunos interessados têm acesso a um bom telefone ou computador. Então tem sido
um desafio, mas consigo trabalhar”.
De
acordo com as autoridades, o número de casos confirmados de covid-19 chega a
10, sem nenhuma morte. Pelo menos 350 testes foram realizados no país, que já
teve pelo menos uma pessoa recuperada da doença.
Em
comparação com as outras nações de língua portuguesa em África, Moçambique é o terceiro
país com o maior número de infectados, depois da Guiné-Bissau, com pelo menos
18 casos confirmados e Angola com 16.
Ambientes
O
trabalho à distância foi determinado pelas autoridades e empresas tendo em
vista a menor circulação ou concentração de pessoas nos ambientes laborais. A
meta é contribuir para uma redução na velocidade do contágio do vírus.
David
Bamo é profissional de rádio e televisão e diz que o seu trabalho não parou. As
ferramentas online e a abertura das pessoas ao maior uso de telemóveis
ajudam.
“A
consciência crescente de que o telemóvel é um instrumento muito importante para
comunicar e divulgar as suas acções me permite, por exemplo enviar perguntas
para as fontes e estas respondem às questões através de um vídeo. Depois nos
enviam. Nós, na televisão, usamos este mesmo vídeo. Portanto, estes são os
canais hoje em dia para continuar a fazer um jornalismo digital assente naquilo
que é presente e futuro da comunicação social, a net”.
Textos
Já
Frederico Jamisse, editor cultural do semanário Domingo, disse que este
trabalho é feito a partir de casa, através de recursos digitais disponíveis como
aplicativos.
“As
ferramentas tecnológicas permitem-nos hoje fazer o trabalho a partir de casa.
Tenho o meu computador, estou a trabalhar a partir de casa. Consigo interagir
com várias pessoas, ter várias entrevistas e, que depois transformo em texto e
posteriormente envio para o jornal onde está o editor para fazer a recepção dos
textos”.
Nem
todos os trabalhadores se adaptam ao desafio de ajustar a rotina laboral. Um
deles é Gil Gune, jornalista da rádio universitária A politécnica. Ele diz que
em dias de covid-19, o trabalho não tem sido fácil em termos de acesso às
fontes.
“Tem
sido meio preocupante para poder achar as fontes. Pode parecer fácil, mas é
difícil. Porquê difícil? Porque não podemos ter contacto directo com as mesmas.
Entretanto, nesta época destacamos o uso das plataformas digitais (as redes
sociais). Fazemos entrevistas também ao telefone sob o ponto de vista das
chamadas. Podemos realizar entrevistas de uma forma indirecta para poder evitar
a propagação da covid-19”.
Prevenção
Xixel
Langa, cantora e compositora, diz lamentar a situação do covid-19, mas também
recorre às ferramentas virtuais para não ficar sem trabalhar.
“Esta
forma online de fazer as coisas tem ajudado bastante. Tem sido muito
eficaz principalmente quando envolve empresários, patrocinadores que apoiam o
artista e dão um “cachet” sustentável que favorece o artista para
sobreviver durante esta época de quarentena, de isolamento social. Para mim é
muito importante, eu estou a adorar fazer isto, vou fazer sempre, mesmo depois
deste pesadelo todo acabar. Portanto não fiquem atrás, assistam aos nossos
shows online e vale a pena estar com os artistas nesta fase difícil mas
com entretenimento em casa com toda a família”.
Já
passou uma semana após o início do estado de emergência para apertar as medidas
de prevenção em Moçambique. Esta declaração reforçou a aplicação de recomendações
como lavagem das mãos e distanciamento físico da Organização Mundial da Saúde,
OMS.
Para
exercer estas profissões há ainda questões como a segurança física e
psicológica, precauções sanitárias, equipamento de protecção e liberdade de
expressão para o caso do jornalismo.
Stress
Além
das preocupações com a segurança física, os profissionais da escrita e das
artes estão entre os que enfrentam um nível considerável de stress
psicológico, pressão de cobrir a situação em constante evolução e questões de
segurança no emprego.
A
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, deve
lançar iniciativas nas próximas semanas sobre a segurança dos trabalhadores.
Essas acções foram desenvolvidas com parceiros para tratar de preocupações
profissionais em momentos de trabalho em isolamento. Onu News – Nações Unidas
Sem comentários:
Enviar um comentário