Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 7 de abril de 2020

Moçambique – Trabalhadores não cruzam os braços perante o covid-19

Plataformas digitais e ferramentas online dominam a rotina de jornalistas, artistas e professores. As autoridades realizaram centenas de testes no país que tem pelo menos uma pessoa recuperada da covid-19



Cruzar os braços perante a crise da covid-19 não é opção para vários trabalhadores. Em Moçambique, a ONU News procurou saber como acontece o ajuste à rotina laboral para diminuir a velocidade de infecção do novo coronavírus.

O que todos os entrevistados têm em comum é o maior contacto com a realidade virtual: plataformas digitais e ferramentas online para ajudar a realizar tarefas como dar aulas, escrever ou comunicar com o público.

Qualidade

Mel Matsinhe contou à ONU News, em Maputo, que ainda dá aulas de piano e escreve obras literárias. Ela destaca que teve de reinventar o dia-a-dia de trabalho para continuar a exercer esses ofícios.

“Recorri ao Skype e assim tenho estado a dar aulas. Através do Skype é desafiador, sobretudo tendo em conta a qualidade da internet e o facto de que nem todos os alunos interessados têm acesso a um bom telefone ou computador. Então tem sido um desafio, mas consigo trabalhar”.

De acordo com as autoridades, o número de casos confirmados de covid-19 chega a 10, sem nenhuma morte. Pelo menos 350 testes foram realizados no país, que já teve pelo menos uma pessoa recuperada da doença.

Em comparação com as outras nações de língua portuguesa em África, Moçambique é o terceiro país com o maior número de infectados, depois da Guiné-Bissau, com pelo menos 18 casos confirmados e Angola com 16.





Ambientes

O trabalho à distância foi determinado pelas autoridades e empresas tendo em vista a menor circulação ou concentração de pessoas nos ambientes laborais. A meta é contribuir para uma redução na velocidade do contágio do vírus.

David Bamo é profissional de rádio e televisão e diz que o seu trabalho não parou. As ferramentas online e a abertura das pessoas ao maior uso de telemóveis ajudam.

“A consciência crescente de que o telemóvel é um instrumento muito importante para comunicar e divulgar as suas acções me permite, por exemplo enviar perguntas para as fontes e estas respondem às questões através de um vídeo. Depois nos enviam. Nós, na televisão, usamos este mesmo vídeo. Portanto, estes são os canais hoje em dia para continuar a fazer um jornalismo digital assente naquilo que é presente e futuro da comunicação social, a net”.

Textos

Já Frederico Jamisse, editor cultural do semanário Domingo, disse que este trabalho é feito a partir de casa, através de recursos digitais disponíveis como aplicativos.

“As ferramentas tecnológicas permitem-nos hoje fazer o trabalho a partir de casa. Tenho o meu computador, estou a trabalhar a partir de casa. Consigo interagir com várias pessoas, ter várias entrevistas e, que depois transformo em texto e posteriormente envio para o jornal onde está o editor para fazer a recepção dos textos”.

Nem todos os trabalhadores se adaptam ao desafio de ajustar a rotina laboral. Um deles é Gil Gune, jornalista da rádio universitária A politécnica. Ele diz que em dias de covid-19, o trabalho não tem sido fácil em termos de acesso às fontes.

“Tem sido meio preocupante para poder achar as fontes. Pode parecer fácil, mas é difícil. Porquê difícil? Porque não podemos ter contacto directo com as mesmas. Entretanto, nesta época destacamos o uso das plataformas digitais (as redes sociais). Fazemos entrevistas também ao telefone sob o ponto de vista das chamadas. Podemos realizar entrevistas de uma forma indirecta para poder evitar a propagação da covid-19”.

Prevenção

Xixel Langa, cantora e compositora, diz lamentar a situação do covid-19, mas também recorre às ferramentas virtuais para não ficar sem trabalhar.

“Esta forma online de fazer as coisas tem ajudado bastante. Tem sido muito eficaz principalmente quando envolve empresários, patrocinadores que apoiam o artista e dão um “cachet” sustentável que favorece o artista para sobreviver durante esta época de quarentena, de isolamento social. Para mim é muito importante, eu estou a adorar fazer isto, vou fazer sempre, mesmo depois deste pesadelo todo acabar. Portanto não fiquem atrás, assistam aos nossos shows online e vale a pena estar com os artistas nesta fase difícil mas com entretenimento em casa com toda a família”.

Já passou uma semana após o início do estado de emergência para apertar as medidas de prevenção em Moçambique. Esta declaração reforçou a aplicação de recomendações como lavagem das mãos e distanciamento físico da Organização Mundial da Saúde, OMS.

Para exercer estas profissões há ainda questões como a segurança física e psicológica, precauções sanitárias, equipamento de protecção e liberdade de expressão para o caso do jornalismo.

Stress

Além das preocupações com a segurança física, os profissionais da escrita e das artes estão entre os que enfrentam um nível considerável de stress psicológico, pressão de cobrir a situação em constante evolução e questões de segurança no emprego.

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, deve lançar iniciativas nas próximas semanas sobre a segurança dos trabalhadores. Essas acções foram desenvolvidas com parceiros para tratar de preocupações profissionais em momentos de trabalho em isolamento. Onu News – Nações Unidas




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