A
Ilha de Jersey, onde cerca de 20% da população é portuguesa, tem estado a dar
conselhos e a comunicar com a população em português no âmbito do plano para
evitar a propagação da pandemia covid-19.
Mensagens,
folhetos, cartazes e inquéritos estão a ser feitos em português e polaco,
idioma das principais comunidades imigrantes, com informações sobre o regime de
confinamento e medidas de distanciamento social.
“A
comunidade portuguesa tem estado a cumprir e alguns restaurantes já se
adaptaram, começando a vender para fora”, afirmou à agência Lusa o enfermeiro
português, Duarte Vieira.
Recrutado
no âmbito de uma campanha das autoridades para empregar profissionais de saúde
bilingues e aproximar-se das principais comunidades imigrantes, Duarte Vieira
mudou-se para Jersey em 2012 com a mulher, também enfermeira, e diz ter sido o
primeiro de 30 médicos e enfermeiros portugueses atualmente na ilha.
O
balanço mais recente, feito pelo Governo de Jersey no domingo ao final do dia,
deu conta de 213 pessoas infetadas, mais cinco do que na sexta-feira, e três
mortes no total, um número que não muda há mais de uma semana, desde 04 de
abril.
“De
forma geral, a pandemia está a evoluir da mesma forma que no Reino Unido.
Estamos umas 2-3 semanas atrasados. Estima-se que pico será atingido em meados
de maio”, indicou Vieira.
O
português acredita que o controlo da taxa de contágio na ilha situada no Canal
da Mancha foi travado pelo regime de confinamento imposto a 30 de março, e que
a maioria das pessoas está a respeitar, adiantou.
Uma
semana depois do encerramento das escolas, a 23 de março, o governo decretou
uma ordem para a maioria da população ficar em casa, limitando a apenas duas
horas diárias o tempo que podem sair, seja para fazer compras ou fazer
exercício.
O
incumprimento destas regras já resultou em multas de 300 a 500 libras (343 a
572 euros), de acordo com comunicados da polícia local.
Para
mitigar o impacto, o governo de Jersey introduziu apoios financeiros para as
empresas e para os trabalhadores, garantindo o pagamento de 80% do salário até
2000 libras (2.300 euros).
Para
os trabalhadores imigrantes há menos de seis meses, inelegíveis para o sistema
de segurança social, existe um subsídio mínimo de manutenção de 70 libras (80
euros) por semana, com a condição de estarem disponíveis para fazer
voluntariado em setores com necessidade.
Na
semana passada, anunciou o investimento de 14,4 milhões de libras (16,5 milhões
de euros) para construir um hospital de campanha com capacidade para 180 camas
num parque nos arredores da capital St. Helier e o reforço da capacidade de
testes de diagnóstico, que eram feitos no Reino Unido.
Em
vez de dois dias, os resultados são obtidos em poucas horas, reduzindo a
necessidade de os pacientes com sintomas aguardarem em isolamento para começar
a receber tratamento.
Na
ilha de Jersey desde 2012, Duarte Vieira, natural de Santa Cruz, na Madeira,
garante que a maioria das pessoas “está a respeitar as medidas” e que as
autoridades têm feito o esforço de emitir mensagens, folhetos e cartazes em
português e polaco, idioma das principais comunidades imigrantes.
Vieira
adianta que, atualmente, 20% dos 110 mil habitantes são portugueses, “90% dos
quais da Madeira”, e que trabalham sobretudo nas áreas da construção civil,
turismo e jardinagem.
Estatisticamente,
o último recenseamento, realizado em 2011, indicava que cerca de 7000
portugueses representavam 7% da população de cerca de 98 mil habitantes e os
polacos 3%, mas o consulado honorário de Portugal em St. Helier estima que
residam em Jersey 15 a 20 mil portugueses.
Jersey
faz parte das Ilhas do Canal, territórios dependentes da Coroa Britânica,
sujeitos à soberania da rainha Isabel II, mas que não fazem parte do Reino
Unido e têm autonomia executiva, legislativa e fiscal.
Do
arquipélago faz também Guernsey, que combina várias pequenas ilhas e possui uma
população de cerca de 33 mil pessoas, das quais 1300 são de origem portuguesa. In “Bom dia
Europa” – Luxemburgo com “Lusa”
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