Teste serológico, "O teste em si é rápido e fácil de
realizar", explica Giuseppe Togni do laboratório Unilabs. Uma máquina
pinga o soro sanguíneo sobre uma solução contendo o antígeno derivado do vírus,
que se encontra contido num pequeno tubo de ensaio. Após um curto período de
incubação, a máquina lê automaticamente o resultado: uma reação colorida significa
"positiva", os anticorpos estão presentes no soro. Uma só máquina
pode realizar 400 testes por hora de forma totalmente automática e, se
necessário, operar 24 horas por dia
Cientistas
de todo o mundo concordam que encontrar uma vacina contra a Covid-19 levará
meses, se não anos. Entretanto, o mundo científico e político deve dar
respostas aos cidadãos para que estes possam regressar à sua vida quotidiana
normal o mais rapidamente possível. A solução pode consistir em testes
serológicos, que estarão prontos na Suíça até ao final de abril.
Enquanto
esperam por uma vacina ou tratamento para combater a Covid-19, os cientistas
apostam no diagnóstico. Para além do rastreio, o teste serológico é uma das
soluções disponíveis.
Do que se trata esse teste?
O
nosso organismo combate as doenças infecciosas através do sistema imunológico:
produzimos anticorpos em resposta a agentes externos, para enfrentá-los e
erradicá-los (assim espera-se). Depois de derrotarmos uma doença infecciosa,
mantemos uma espécie de "memória" do vírus que nos atacou na nossa
corrente sanguínea, para que possamos combatê-lo melhor e mais rapidamente se
ele voltar. Esta memória é o anticorpo, e o resultado final é a imunidade.
O
teste serológico pode detectar a presença destes anticorpos no soro sanguíneo.
Uma vez que estes são produzidos pelo nosso corpo após vários dias ou semanas,
o teste é utilizado para compreender não se a doença está presente, mas se a
desenvolvemos. Neste caso estamos considerando principalmente pessoas
assintomáticas que não sabem que foram infectadas.
O
objetivo do teste serológico é identificar pessoas que tenham se recuperado da
infecção e descobrir se são imunes à Covid-19. Estes são dois aspectos
fundamentais para aqueles que têm de decidir a nível político como agir nas
próximas semanas ou meses, se é preferível continuar a restringir os direitos
fundamentais dos indivíduos ou se é seguro relançar o país à normalidade. em
segurança.
O teste na Suíça
O
teste é desenvolvido em laboratórios de todo o mundo, numa corrida contra o
tempo. A Suíça, que está na vanguarda da pesquisa biomédica, também investe
recursos para responder a este desafio.
Já
se encontram hoje no mercado vários testes. Os melhores têm uma confiabilidade
entre 85 e 90%. Giuseppe Togni, Director Científico do laboratório central da
Unilabs em Coppet, cantão de Vaud, considera que os dados são insuficientes:
"A confiabilidade é essencial com este tipo de teste. Nos nossos
laboratórios, conseguimos atualmente alcançar uma taxa de 99%. Mas isto não é
suficiente. Temos de ter 100% de certeza. Seria perigoso para qualquer pessoa
sentir-se segura com base num mau teste".
O
passo decisivo para alcançar 100% de confiabilidade deve ser dado nas próximas
semanas. "Até há poucos dias, não me atreveria a antecipar uma data",
admite Giuseppe Togni, responsável por uma força-tarefa internacional,
"mas, tendo em conta os resultados, estou muito confiante". Um teste
serológico fiável estará pronto no final do mês de abril". Na corrida para
desenvolver um teste, a equipe de Giuseppe Togni está trabalhando com as
universidades de Genebra e Zurique.
Anticorpos protetores?
A
monitorização dos anticorpos é essencial, mas também é necessário determinar se
estes anticorpos permitem o desenvolvimento da imunidade. Como explica Giuseppe
Togni, "o importante é saber se esses anticorpos são 'neutralizantes' ou
não". Existem anticorpos protetores (uma vez desenvolvidos, a pessoa fica
imune à doença) mas também existem anticorpos que não o são, como o que combate
a AIDS.
Atualmente,
é ainda muito cedo para rotular esses anticorpos como neutralizantes.
"Ainda não há estudos definitivos. Com base na nossa experiência, estes
anticorpos devem ser protetores porque a Covid-19 é muito semelhante a outros
coronavírus que já conhecemos", diz o investigador.
Isso
significa que aqueles que superaram a infecção estariam protegidos,
independentemente de terem ou não desenvolvido sintomas.
Ciência e política
Se
conseguirmos identificar com segurança aqueles que são imunes, eles poderão
voltar ao trabalho, minimizando assim o risco de contágio. "No entanto,
não é essa a questão que temos de colocar a nós próprios. Temos de nos
perguntar para quem são estes testes. Não vale a pena testar toda a população.
No Ticino, por exemplo, de acordo com estudos fiáveis, entre cinco a dez por
cento das pessoas estão infectadas. Não faria sentido testar toda a
gente".
Então,
quem deve ser testado? Giuseppe Togni está convencido: "Acima de tudo, o
pessoal de enfermagem. Depois, todas as pessoas em profissões que não podem ser
interrompidas. Depois, podemos considerar a possibilidade de alargar os testes
a outros setores". Mas cuidado, adverte o cientista: "durante este período,
vimos emergir uma grande solidariedade entre as pessoas e especialmente entre
gerações. Se começarmos a escolher quem pode e quem não pode fazer o teste,
essa solidariedade pode facilmente desaparecer".
O
teste estará disponível no final de Abril, no momento em que a crise do
coronavírus atingir o seu pico na Suíça. Caberá então aos políticos fazer bom
uso dela. Riccardo Franciolli – Suíça in “Swissinfo.ch/ets”
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