Grupos
armados que têm protagonizado ataques na província de Cabo Delgado, Norte de
Moçambique, invadiram na passada segunda-feira os distritos de Quissanga e
Muidumbe, onde incendiaram uma igreja, sem causar vítimas mortais, noticiou a
agência Lusa.
O
primeiro ataque terá ocorrido na localidade de Meangueleua, posto
administrativo de Chitunda, em Muidumbe, onde o grupo terá feito reféns por
algum tempo alguns residentes, antes de vandalizar uma igreja local.
“Eles
entraram pela manhã [de segunda-feira] e disseram à população que todos deviam
aderir ao islamismo. Não mataram ninguém, apenas destruíram uma igreja católica
e levaram com eles quatro pessoas”, disse uma fonte local.
Em
contacto com a Lusa, o bispo de Pemba, Luiz Fernando Lisboa, disse que a
população local fugiu para o mato e não sabe ao certo quais os danos deste novo
ataque.
“A
população fugiu para as matas e não tenho como saber o que realmente aconteceu.
Tive a mesma informação [de que a igreja foi incendiada], mas não tenho
detalhes nem confirmações”, afirmou Luiz Fernando Lisboa.
Outro
residente contactado pela Lusa conta que, já no início da tarde de hoje, o
grupo se terá deslocado para a aldeia de Muatide, no mesmo distrito, onde terá
disparado vários tiros para o ar, sem, no entanto, fazer vítimas mortais.
Além
de Muatide, segundo as fontes, os insurgentes terão destruído várias casas em
aldeias de Mueda, a 41 quilómetros de Muidumbe.
Diferentes
fontes locais disseram à Lusa que a par dos ataques no distrito de Muidumbe,
houve também na segunda-feira uma incursão armada contra Bilibiza, mais de 100
quilómetros a sul e a cerca de 50 de Pemba, capital provincial.
Bilibiza
é uma povoação onde está situada uma escola agrária atacada em Janeiro e de
onde parte da população fugiu.
A
Lusa contactou o porta-voz da Polícia moçambicana em Cabo Delgado, Augusto
Guta, que não confirmou nem desmentiu a informação.
A
província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que
organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em
dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos, além de mais de 150 mil
pessoas afectadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em
busca de locais seguros.
No
final de Março, as vilas de Mocímboa e Quissanga foram invadidas pelo grupo,
que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das
Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
Na
ocasião, num vídeo distribuído na internet, um alegado militante ‘jihadista’
justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objectivo
de impor uma lei islâmica na região.
Foi
a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos
e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram. In “O Século
de Joanesburgo” – África do Sul com “Lusa”
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