A
Associação de Reabilitação do Edifício Escolar Reino Kelicai – Timor-Leste está
à procura de apoios financeiros para conseguir reabilitar a Escola Secundária
D. Carlos Filipe Ximenes Belo, em Timor-Leste. Ao Ponto Final, o bispo D.
Ximenes Belo salientou a importância de reabilitar e preservar o edifício
histórico e assim “perpetuar a cultura portuguesa em Timor”.
O
edifício escolar do reino de Kelicai, actualmente designado por Escola D.
Carlos Filipe Ximenes Belo, foi construído em Timor-Leste em 1932 sob a
administração do tenente Pinto Correia, um português natural da Madeira.
Funcionou durante cerca de uma década até à invasão japonesa, em 1943, na qual
os soldados ocuparam a vila de Kelicai durante três anos. A escola não mais
funcionou, e a situação agravou-se com a invasão indonésia no início dos anos
80. “Fizeram daquilo um quartel e destruíram tudo, apenas ficaram as paredes”,
começou por recordar o bispo D. Ximenes Belo em entrevista por telefone ao Ponto
Final.
Em
2014, porém, as aulas recomeçaram, embora em condições muito precárias,
cobrindo as salas com folhas de zinco, bambu e folhas de palmeira. “O Governo
[timorense] decidiu que não havia boas condições. Queriam um novo edifício, mas
até agora foram apenas promessas”, lamentou Ximenes Belo.
Foi
então que, em Outubro de 2018, foi criada a Associação de Reabilitação do
Edifício Escolar Reino Kelicai – Timor-Leste (AREESK-TL), que conta com
Fernando Carvalho, um dos principais dinamizadores da iniciativa, como
Presidente Executivo, e o bispo D. Ximenes Belo como Presidente da
Assembleia-Geral. O objectivo passa por recolher 400 mil dólares americanos
(cerca de 360 mil euros) para reabilitar o espaço destinado a albergar cerca de
200 alunos do ensino secundário, e que ali poderão aprender o português. “Tem
como objectivo preservar e perpetuar a cultura portuguesa em Timor. É um pedido
mesmo da população, é um edifício histórico e convém preservar e reabilitar
para que as crianças possam aprender bem a língua, a história e a geografia de
Portugal”, sublinhou Ximenes Belo, que foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz
em 1996.
O
presidente da Assembleia-Geral da AREESK-TL recordou que os programas de ensino
“são reconhecidos oficialmente”, e que a reabilitação da escola é também “para
benefício do Estado”.
Segundo
Fernando Carvalho, o valor angariado pela associação até agora ronda os 25 mil
euros, um número bastante longe dos cerca de 360 mil euros necessários. Desta
forma, o Presidente Executivo da AREESK-TL apela também a Macau, território
rico em recursos financeiros, para que possa de alguma forma contribuir.
Ximenes
Belo, por sua vez, tenta seguir o mesmo caminho. “Já falei com o Presidente da
República, ministros, mas até agora não há nenhum subsídio da parte do Governo.
Até em Portugal vamos batendo às portas… e pronto, vai-se recolhendo, pouco a
pouco, mas não chega”, acrescentou o bispo timorense.
Ximenes
Belo reiterou a importância de manter viva não só a língua portuguesa em
Timor-Leste, como também toda a sua cultura, tradições e história. “Está na
Constituição, mas depois não ensinamos português e começamos a falar dialectos,
é uma contradição”, concluiu. Pedro Santos – Macau in “Ponto
Final”
pedrosantos.pontofinal@gmail.com
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