Há
47 anos era assassinado na Guiné Conakri Amílcar Cabral. Sobre a sua morte
muito se tem falado, mas sobre os verdadeiros responsáveis, ou o grande
responsável, pouco se sabe.
Na
época circularam vários documentos a legitimar um cenário que ainda hoje não se
pode provar, documentos com origem desconhecida que logo foram apadrinhados em
sentidos inversos, conforme a posição que se encontravam no conflito.
Mesmo
no dito “crime perfeito” há sempre factos que depois de estudados
minuciosamente vão dar luz a novas pistas e elas existem. Haja quem as queira
analisar.
No
momento em que a Guiné-Bissau teve eleições presidenciais, recordemos as
palavras de Amílcar Cabral baseadas num tema que a maioria das pessoas se
identificam, o futebol.
“Consideremos,
por exemplo, um time de futebol. Um time de futebol é formado por vários
indivíduos, 11 pessoas. Cada pessoa com o seu trabalho concreto para fazer
quando o time de futebol joga. Pessoas diferentes umas das outras:
temperamentos diferentes, muitas vezes instrução diferente, alguns não sabem
ler nem escrever, outros são doutores ou engenheiros, religião diferente, um
pode ser muçulmano, outro católico, etc. Mesmo de política diferente, um pode
ser de um Partido, outro de um outro. Um pode ser da situação, como por exemplo
em Portugal, outro pode ser da oposição.
Quer
dizer, pessoas diferentes umas das outras, considerando-se cada uma diferente
da outra, mas do mesmo time de futebol. E se esse time de futebol, no momento
em que está a jogar, não conseguir realizar a unidade de todos os elementos,
não conseguirá ser um time de futebol. Cada um pode conservar a sua
personalidade, as suas ideias, a sua religião, os seus problemas pessoais, um
pouco da sua maneira de jogar mesmo, mas eles têm que obedecer a uma coisa: têm
que agir em conjunto, para meter golos contra qualquer adversário com quem
estiver a jogar, quer dizer, à roda deste objectivo concreto, meter o máximo de
golos contra o adversário. Têm que formar uma unidade. Se não o fizerem, não é
o time de futebol, não é nada. Isto é para verem um exemplo de unidade.” Amílcar
Cabral
Palavras
sábias a de Amílcar Cabral, sempre actuais e que melhor veículo para as
transportar que o futebol. Palavras que podem ser inseridas em diversos
contextos, sejam na família, na sociedade, no despertar colectivo de um
estado-nação. Baía da Lusofonia
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