Considerado
um dos elementos essenciais para a Festa de Sant´Ana de Caicó, no Rio Grande do
Norte, os Bordados de Seridó são tema da mostra inaugurada dia 12 de dezembro
pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (CNFCP-Iphan).
A
exposição traz o trabalho das bordadeiras que vivem nos municípios de Timbaúba
dos Batistas e Caicó, localizados na parte potiguar da região do Seridó,
nordeste brasileiro.
Os
visitantes podem conferir conjuntos de lençol, roupas, toalhas, caminhos de
mesa, panos de prato e outras variadas peças que também podem ser adquiridos na
Sala do Artista Popular (SAP).
A
diversidade da produção também pode ser observada nas cores, que vão do branco
ao matizado; nas inspirações da criação, que trazem flores, folhas, frutos e
arabescos e, claro, nos tipos de pontos. Já os bordados das roupas, em especial
os baseados em ponto richelieu, são marcantes durante a Festa de Sant’Ana de
Caicó considerada Patrimônio Cultural do Brasil desde 2010.
Nos
eventos religiosos mais solenes da Festa de Sant’Ana, as vestes brancas de
grande parte dos fiéis se evidenciam por meio dos bordados, principalmente os
de richelieu. Os paramentos litúrgicos da igreja e dos padres também fazem uso
desse tipo de adereço. É comum, ainda, que a última veste usada pela
bordadeira, no leito de morte – a mortalha – seja feita com bordado, muitas
vezes confeccionado por ela própria, em vida.
Os
conhecimentos e práticas sociais do bordado são transmitidos de geração a
geração e estão enraizados no cotidiano da comunidade, tendo expressiva
importância social, simbólica e econômica. No município de Caicó, por exemplo,
os bordados dão o ponto na tão tradicional identidade local. Tanto que Caicó
carrega o título de terra do bordado, se sobressaindo internacionalmente pela
qualidade de seus produtos.
Herança cultural
O
ofício, como contam as próprias bordadeiras, remete à herança portuguesa
trazida pelas mulheres dos colonizadores no final do século XVII e início do
século XX. Os padrões tradicionais do bordado remetem, inclusive, aos da Ilha
da Madeira, em Portugal, com flores, folhas e pistilos. Por muito tempo
permaneceu como passatempo e forma de demonstrar o cuidado e zelo das mulheres
com o lar, mas pouco a pouco foi se tornando fonte de renda, o que impactou na
forma de produzir. O bordado, antes feito à mão, passou a ser feito com
máquinas de costura, na década de 1940.
Para
atender a demanda comercial, também se formou uma rede de pessoas
especializadas em cada etapa. Se antes havia apenas a figura da bordadeira, a
partir daí as peças passaram a circular pelas mãos da riscadeira, da própria
bordadeira, da lavadeira e da passadeira. É todo esse minucioso processo que
está por trás do que é exposto nas feiras de artesanato no Seridó, em Natal e
em outros pontos do país, nas lojas, no mercado municipal, e agora também na
SAP.
A
SAP foi criada em 1983, com o intuito de ser um espaço de exposições de curta
duração, voltado para difundir e comercializar as obras de artistas e
comunidades artesanais. O catálogo de cada exposição é desenvolvido a partir de
pesquisa etnográfica e documentação fotográfica realizada pela equipe do CNFCP.
Em decorrência da divulgação e do contato direto com o público, abrem-se
oportunidades de expansão de mercado e da produção para esses artistas e
comunidades. Desde sua criação já foram realizadas 200 exposições na SAP, sendo
Bordados de Seridó a 201ª. In “Mundo Lusíada” - Brasil
Serviço:
Exposição
Bordados de Seridó
Período:
12 de dezembro a 02 de fevereiro de 2019
Dias
e horários:
Terça-feira
a sexta-feira, das 11h às 18h
Sábados,
domingos e feriados, das 15 às 18h
Local:
Sala do Artista Popular / CNFCP
Realização:
Associação
Cultural de Amigos do Museu do Folclore Edison Carneiro (Acamufec)
Centro
Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto de Patrimônio e Histórico e
Artístico Nacional (CNFCP/Iphan)
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