O reitor da Universidade de Macau espera que a
instituição venha a ter 14 mil alunos nos próximos “quatro a cinco anos”. Song
Yonghua garante não temer protestos semelhantes aos de Hong Kong e sublinha que
a instituição continuará a apostar em investigações interdisciplinares
A
Universidade de Macau (UM) tem actualmente cerca de 11 mil alunos mas “desde
2018 que este número tende a aumentar cerca de 200 por ano”, sublinhou Song
Yonghua. À margem do dia aberto da UM, o reitor revelou que, no próximo ano, a
UM irá abrir 2000 vagas, sendo 1500 para alunos locais e 500 internacionais.
Porém esta proporção (25%) varia entre cursos.
Se,
por um lado, nas licenciaturas a percentagem é de cerca de 80% de alunos
locais, por outro “a maioria dos alunos de mestrado e de investigação vem da
China Continental, Malásia, países de língua oficial portuguesa ou Hong Kong”,
afirmou Song Yonghua.
O
reitor afastou a possibilidade de virem a ocorrer protestos no campus da UM
semelhantes aos da RAEHK, justificando que “Macau é um modelo de sucesso do
sistema ‘Um País, Dois Sistemas’ e é tradição amar Macau e o país como um
todo”.
“Claro
que temos que entender o que se passa no mundo, em sítios liberais, também para
que os alunos possam fazer estudos comparativos e tenham pensamentos
independentes”, sublinhou Song Yonghua, garantindo que a universidade tem como
missão “educar de forma imparcial”. Por outro lado, o mesmo responsável apontou
como objectivo da instituição servir “as políticas do novo Governo, bem como do
Governo Central e da Grande Baía”.
Durante
o próximo ano, “pretendemos continuar a apostar em investigação nas áreas de
medicina chinesa, mecatrónica e em mecanismos para cidades inteligentes”, além
de “produzir medicamentos contra o cancro”, apontou Song Yonghua.
O
reitor acredita que o maior problema social de Macau reside nos “vícios” e que
“é aqui que a UM inova, com investigação colaborativa entre colegas dentro da
universidade mas também com a comunidade, em Macau e na Grande Baía”, como
forma de tentar solucionar o problema.
Também
o meio ambiente merece a atenção da instituição. “Temos controlo do oceano
[gestão de áreas marítimas] e, em especial nesta região, a poluição nas águas é
um grande problema bem como desastres como tufões. Vamos reclamar mais terra ao
mar, portanto o mar é muito importante, assim, estabelecemos um centro de
investigação regional para oceanos”, realçou o responsável.
A presença lusófona
As
declarações foram dadas à margem do dia aberto da universidade, onde a
recém-chegada Camila Mungoi participava no “Festival Internacional de Comida”,
dando a provar aos visitantes sabores de Moçambique. A aluna ganhou uma bolsa
para estudar economia na UM.
Por
acreditar que é uma das melhores universidades na sua área, sentiu que “não
podia desperdiçar esta oportunidade”. Apesar de todo o apoio que diz receber
dos colegas e das “dicas” para se adaptar a esta realidade, a estudantes
reconhece que não é fácil: “Ainda estou a tentar entender como é que eles [os
locais] interagem, porque é realmente uma cultura muito diferente da minha” mas
que “me fez crescer muito a nível pessoal”.
Solange
Safrão, no terceiro ano de comunicação, quis “vir para a Ásia, e Macau era a
cidade ideal porque combina a cultura asiática com a portuguesa e africana, os
países PALOP estão todos aqui”. Adaptada, a estudante moçambicana gosta da
“internacionalização da universidade”. “Tem gente de literalmente todas as
partes do mundo, e os docentes também. É muito interessante esse cruzamento no
mundo académico”.
Lily,
estudante do secundário, falou à Tribuna de Macau enquanto participava numa
actividade proposta no laboratório da Faculdade de Ciências de Saúde. “Sempre
gostei da área da saúde, e gostava de me dedicar a investigação. Por isso, a UM
é o melhor sítio. Já viste estas instalações?”, perguntou, apontando para o
material de laboratório.
O
dia aberto da UM reuniu actividades desportivas, apresentações performativas,
um festival internacional de comida, bem como jogos e apresentações nas várias
faculdades do campus na Ilha da Montanha. Sofia Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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