É mais um caso de sucesso da comida portuguesa em terras
chinesas. O chef português Dário Silva uniu-se a um empresário turco e juntos
querem criar uma cadeia de restaurantes portugueses
Um
gestor portuense, um ‘chef’ lisboeta e um empresário turco uniram-se para criar
uma cadeia de restaurantes portugueses na província chinesa de Guangdong, numa
aposta inédita no crescente cosmopolitismo da emergente classe média local.
“Guangdong
é a melhor província para fazer negócios: há dinheiro, há cultura de consumo e
as pessoas têm a mente mais aberta do que em outras partes da China”, descreve
à agência Lusa Dário Silva, natural do Porto e radicado no país asiático há dez
anos.
O
projecto arrancou este mês com a abertura de um restaurante piloto, o Lusitano,
num clube exclusivo de Foshan, centro industrial adjacente a Cantão, a capital
de Guangdong.
Propriedade
do grupo de luxo e entretenimento New World, que tem sede em Hong Kong, o
Foshan Golf Club cobra uma anuidade de 200 mil yuan pela filiação e tem mais de
500 membros, sobretudo empresários, executivos e oficiais do Exército.
O
complexo inclui um campo de golfe e um outro restaurante, que serve comida
cantonesa, mas onde os vinhos são todos importados de Portugal, incluindo
produtores do Douro ao Alentejo. No corredor que dá acesso ao edifício
principal, revestido a mármore e circundado por jardins, surgem quadros de
cidades e paisagens portuguesas.
“Acho
que faz sentido explorar este mercado”, explica à Lusa o ‘chef’ de cozinha,
Fábio Pombo, que trabalhou dois anos no Casa Lisboa, restaurante português em
Hong Kong antes de rumar ao continente chinês.
“A
China abre toda uma nova porta”, diz. “Há dez anos seria mais complicado: as
pessoas viajavam menos, tinham menos contacto com o exterior. Agora que o poder
económico é mais repartido e a classe média mais forte, já viajam e começam a
perceber diferentes tipos de cozinha e a apurar os gostos”, observa.
Pratos do dia
Além
de Bacalhau, o Lusitano serve arroz de caranguejo, arroz de pato e outros
pratos típicos.
Ao
contrário dos restaurantes chineses, as mesas aqui são quadradas. Pratos, copos
e talheres são ‘Made in Portugal’. Painéis de azulejo cobrem as paredes até
meia altura. Música portuguesa completa o ambiente.
O
‘chef’ avisa, no entanto, que o sabor vai ser adaptado ao paladar local. “Não
são todos os pratos que entram aqui: têm que ser um bocado mais gourmet, mas
não em demasia, porque a cozinha portuguesa não é ‘super’ gourmet, é de um
estilo caseiro”, explica. “Mas temos que ter uma imagem que lhes permita tirar
a fotografia para mostrar aos amigos”, aponta.
Encontrar
os ingredientes certos, até o arroz, é um desafio para quem cozinha comida
portuguesa na China.
“Há
tantos tipos de arroz, mas o ‘chef’ precisa de um tipo específico”, conta o
empresário turco Bahadur Tokayev, nascido no Reino Unido, e que se apaixonou
pela cultura e cozinha portuguesas após uma visita a Portugal com Dário Silva.
“A
boa comida é uma forma fácil de aproximar as pessoas”, explica. “Com um prato
podes fazer com que alguém se apaixone por uma cultura”.
Para
já, o grupo conseguiu encontrar um fornecedor de bacalhau seco e salgado – na
China, apenas a importação de bacalhau fresco é permitida – através de um
centro de processamento da Riberalves no nordeste do país. “É o mesmo bacalhau
que vai para Portugal”, realça Dário.
O
grupo vai abrir este mês um segundo restaurante, em Cantão, e, até ao final do
ano, conta abrir um terceiro, na mesma cidade. A partir daí serão franchisados.
“É a forma correcta, do meu ponto de vista, de desenvolver o mercado para os
produtos portugueses na China”, aponta o gestor. In “Hoje
Macau” - Macau com “Lusa”
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