Moçambique é um dos oito países com mais necessitados
durante a atual época de escassez, numa região onde 45 milhões de pessoas estão
em risco com falta de alimentos
O
Programa Mundial de Alimentação, PMA, anunciou esta quinta-feira que tem
somente 41% dos US$ 489 milhões que precisa para alimentar pessoas em níveis de
“crise” ou “emergência” em oito dos países do sul da África.
Mulheres
e crianças são os que mais passam fome entre os cerca de 45 milhões de pessoas
ameaçadas de insegurança alimentar nos 16 Estados-membros da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral, SADC.
Desenvolvimento
A
agência quer apoiar cerca de 8,3 milhões de pessoas durante a atual estação de
escassez. Entre os países mais atingidos estão Zimbábue, Zâmbia, Moçambique,
Madagáscar, Namíbia, Lesoto, Eswatini e Maláui.
Secas
recorrentes, inundações e questões económicas são as principais causas da
situação. Com o piorar da crise, o PMA destaca que o mundo deve atuar de
imediato para salvar vidas e permitir que as comunidades se adaptem às alterações
climáticas.
Para
a diretora regional da agência para o sul da África, Lola Castro, a atual crise
tem uma “dimensão jamais vista” e a situação “irá piorar”.
A
representante alertou que a temporada de ciclones já começou e “não se pode
permitir uma repetição da devastação causada pelas tempestades sem precedentes
do ano passado”.
Tempestades
A
grande prioridade da agência é apoiar os milhões de necessitados, mas também é
“absolutamente essencial” consolidar a resiliência de várias outras pessoas
ameaçadas por secas e tempestades cada vez mais destrutivas.
Com
o fim da estação de escassez, em março, as previsões apontam para uma baixa
colheita de cereais na época entre abril e maio.
O
PMA quer que a comunidade internacional doe rapidamente a ajuda necessária e
faça investimentos de longo prazo para que estas resistam à tendência de agravamento
dos impactos das alterações climáticas.
Agricultores
O
aumento de temperaturas no sul da África representa o dobro da média global. A
maioria de alimentos da região são produzidos por agricultores de subsistência
que dependem das chuvas que estão cada vez mais raras.
A
região teve apenas uma estação normal de crescimento de alimentos nos últimos
cinco anos. Nesta época, as chuvas atrasaram e os especialistas preveem que o
clima quente e seco continue nos próximos meses causando uma fraca colheita.
Cerca
de metade da população do Zimbábue enfrenta insegurança alimentar num momento
em que o país está no auge da pior emergência de fome numa década. Pelo menos 7,7 milhões de pessoas vivem nessa
situação.
A
Zâmbia precisa limitar as exportações de cereais e de ajuda externa. Um quinto
da população do que já foi o maior produtor regional de alimentos passa fome.
Cerca de 20% da população do Lesoto e 10% dos namibianos foram atingidos pela
seca.
Crescimento
O
PMA destaca que a crise da fome na região acontece ao mesmo tempo que as altas
taxas de desnutrição, de crescimento populacional, de desigualdade e de
prevalência do HIV/Sida.
Ouros
fatores agravantes incluem o aumento dos preços dos alimentos, a perda de gado
em grande escala e a crescente falta de emprego. Em toda a região, as famílias
comem menos, cortam o número de refeições, tiram crianças da escola, vendem os
seus ativos e endividam-se.
Lola
Castro destaca que se o PMA não receber os fundos que precisa não terá outra
escolha senão diminuir o número de beneficiários.
A
representante alertou ainda que a agência também não poderá expandir suas
atividades de longo prazo, que são essenciais para combater a emergência da alteração
climática de uma forma significativa. ONU News – Nações Unidas
Sem comentários:
Enviar um comentário