Um
estudo levado a cabo por Isabel de Santiago, investigadora luso-são-tomense no
Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa, revelou que o consumo de álcool é preocupante em São
Tomé e Príncipe, e principalmente nas crianças, que bebem mais álcool do que
leite. A investigadora explica-nos as razões desses comportamentos.
“Existe
desde logo uma grande iliteracia, ou seja, as pessoas não têm formação sobre os
efeitos do álcool. Os homens pensam que é uma questão de virilidade […] e bebem
frequentemente com enormes quantidades porque também não têm fontes de
rendimento que lhe permita ter uma alimentação e uma vida estimulante e saudável.
As mães, entre os vários erros que cometem, mas também por ignorância ou por
iliteracia ou desconhecimento, além de poderem alimentar as crianças, que não
bebem leite, as mães dão álcool às crianças como desparasitante de lombrigas,
ou seja parasitas. […] Achando que o álcool vai matar as lombrigas que existem
nos intestinos das crianças. […] Obviamente que a pobreza, se a pessoa não tem
dinheiro para comprar comida, prefere alimentar-se do álcool que, é mais
barato, […] alimenta e enche a barriga. E as crianças consequentemente sofrem
com este problema”, afirmou.
O
cidadão são-tomense Wildiley Barroca, ex-Vice-Presidente da União Panafricana
da Juventude, não concorda com estes dados, mas admitiu que há um problema de
alcoolismo na Juventude do país devido a factores como o desemprego.
“Como
jovem e cidadão atento ao desenrolar do quotidiano, não comungo com esta
afirmação que considero um tanto pesada. Isto quando diz que em vez de leite,
verifica-se um maior consumo de bebidas alcoólicas pelas crianças, eu acho que
não se pode pegar nestes dados recolhidos apenas com estas amostras, para
caracterizar de algo nacional, em que vai vincular todas as pessoas de uma
forma geral como que: as mães em São Tomé e Príncipe substituem o leite pelas
bebidas alcoólicas, o que na minha perspectiva não corresponde à verdade”,
frisou.
No
entanto admitiu que há um verdadeiro problema de alcoolismo na juventude: “Deve-se
pela não existência de oportunidades de trabalho. […] Os jovens tentam
encontrar refúgio no consumo de álcool quando não têm emprego e na minha
perspectiva, deverá ter políticas públicas direcionadas à juventude de forma a
dar resposta a esses problemas sociais”, concluiu. Marco Martins – Angola in “Novafrica”
com “RFI”
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