1
– A Agência Portuguesa do Ambiente publicou no dia 21 de janeiro cerca das
23:50 horas, a Declaração de Impacte Ambiental relativa ao Aeroporto do Montijo
e Respectivas Acessibilidades.
2
– Sem prejuízo de uma análise mais detalhada e aprofundada, que a DIA merece e
justifica, a Plataforma Cívica entende fazer as seguintes observações.
A
publicação da DIA não constitui, propriamente, uma surpresa para a Plataforma
Cívica. De facto, este processo, opaco, obscuro e repleto de irregularidades
iniciou-se e decorre da privatização da ANA, Aeroportos S.A. em 2012.
Prosseguiu, em fevereiro de 2017, com a assinatura do Memorando de Entendimento
no qual o Estado Português aceitou a solução “dual” Portela mais Montijo. Mais
recentemente, com as declarações do Primeiro-Ministro António Costa de que não
havia Plano B, foi traçado o caminho com vista ao condicionamento da APA e da
Comissão de Avaliação para que esta viesse a propor uma DIA “ajustada” aos
desejos e vontades do Governo e da VINCI.
3
– Um primeiro olhar sobre os três documentos que agora vieram a público - Relatório
de Consulta pública, Parecer da Comissão de Avaliação e a Declaração de Impacte
Ambiental - revelam:
- Que
no âmbito da consulta pública - Das cerca de 1180 participações só 10 são
favoráveis. Os restantes 1170 pareceres, de cidadãos, organizações
não-governamentais de ambiente, associações e outros representantes da
sociedade civil e autarquias, técnicos especialistas de diversas áreas e
valências técnico-científicas, manifestaram uma forte e sustentada contestação
a este projecto pelos impactes negativos, muito significativos e não
minimizáveis, em particular nos sistemas ecológicos, ambiente sonoro (ruido),
saúde humana, qualidade do ar, alterações climáticas, ordenamento do
território, segurança, recursos hídricos, e acessibilidades. Forte e sustentada
é, também, a contestação manifestada ao projecto pelos riscos que esta comporta
para as pessoas e o ambiente e não promove o efectivo desenvolvimento económico
do país e da região;
- Que
no parecer da Comissão de Avaliação se reconhece que os estudos efectuados
não abrangem diversas e sensíveis aéreas como a Protecção Civil, avifauna saúde
humana e mesmo no plano dos transportes e acessibilidades e, não menos
importante, não é feita a avaliação de risco de colisão de e com as aves;
- Que
a DIA, favorável condicionada apresentada revela no seu conjunto enormes
contradições entre os seus objectivos e o documento efectivamente produzido,
como seja o comprimento da pista a ausência de estudos para diversas áreas como
um documento e que a solução adoptada não resolve os problemas que hoje se
verificam no AHD.
Sintomáticos
do que pode resultar do clima de pressão são as declarações do Presidente da
APA ao desvalorizar importantes opiniões, nomeadamente do Bastonário da Ordem
dos Biólogos e do parecer do regulador do sector, a ANAC, ao considerar que o
comprimento previsto para a pista 01/19 é insuficiente para acomodar alguns dos
aviões que a ANA pretende que venham a usar o Montijo.
4
– Face ao ordenamento jurídico-legal, nacional e internacional, a presente DIA
não significa o fim da linha. Muito menos, como se pretende fazer crer, a
autorização para se iniciarem as obras no Montijo. Num Estado de Direito
Democrático os actos da administração e do poder político e administrativo
estão sujeitos à confrontação e conformação com as leis.
Para
a Plataforma Cívica tal compaginação com o quadro legal não parece estar
verificado e suscita as maiores apreensões que justificam o recurso a todos os
mecanismos ao dispor dos cidadãos.
5
– A opção que a VINCI quer impor aos Portugueses, que o governo aceita e a DIA
emitida pela APA visa consagrar, é de todo a pior para os cidadãos, para a
avifauna e o meio ambiente e para os interesses do país.
Caso
venha a ser declarada, nomeadamente pelos tribunais, a “desconformidade” da
Declaração de Impacte Ambiental Portugal não ficará nem refém nem “órfão” por
falta de decisão e solução.
Ainda
que a multinacional VINCI não queira ou não goste, ainda que o Governo não
queira publicamente reconhecer, a verdade é que existem decisões, ainda em
vigor, que permitiriam avançar com o concurso para a construção do NAL, Novo
Aeroporto de Lisboa obrigação que, inclusivamente, está inscrita no Contrato de
Concessão livremente assinado pelas partes. Plataforma Cívica Aeroporto
BA6-Montijo Não! - Portugal
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