Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Macau - Caritas Macau vai financiar projecto de formação em Portugal

O projecto foca-se nas “relações humanas em contexto profissional” e é sobretudo direccionado para a inovação social, explicou o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca. Segundo disse, não se sabe ainda qual o valor com que a instituição de Macau vai contribuir, mas o orçamento total da iniciativa é de 12 mil euros



A Caritas Macau irá financiar a Cáritas Portuguesa “para capacitação numa área que é das relações humanas, em contexto profissional”, disse ontem o presidente da instituição portuguesa, Eugénio Fonseca, antes de uma visita às instalações da congénere do território. “Estamos a preparar uma formação para melhor entrosamento entre os colaboradores da Cáritas, que se espalham por 20 Cáritas diocesanas, ou seja, por Portugal inteiro, e é preciso financiar os formadores”, sublinhou.

“A Caritas Macau vai ajudar-nos com uma verba inicial”. Este poderá ser o primeiro financiamento da instituição, a não ser que outros projectos em vista avancem primeiro. O total do projecto tem um orçamento de 12 mil euros (mais de 107 mil patacas ao câmbio actual), não se sabendo ainda qual o contributo por parte da Caritas Macau.

Em foco estarão áreas como a gestão de recursos humanos, formação de pessoas no terreno, mas “sobretudo apontada muito para a perspectiva de inovação social, que é um tema forte para a União Europeia capacitarmos os técnicos para a criatividade, nesta lógica de uma maior inovação em termos sociais”. “Na área social tem havido inovação mas muitas vezes não há vontade política”, acrescentou.

Eugénio Fonseca afirmou que gostaria que o curso “começasse daqui a um mês, o mais tardar em Março”. Neste contexto, o secretário-geral da Caritas Macau, Paul Pun, afirmou que “os portugueses poderão depois formar outras pessoas nos países de língua portuguesa” tendo por base os padrões da “Caritas Internationalis”.

Segundo Eugénio Fonseca – que se encontra pela primeira vez no território para uma visita de vários dias – a capacitação das relações entre os agentes que trabalham na Cáritas não é um “trabalho fácil”, mesmo em países desenvolvidos.

Assim, explicou, “com a ajuda do instituto português, que forma, sobretudo, gestores e com a ajuda da Caritas Macau, vamos candidatar-nos a um projecto que depois se der bons frutos em termos de assimilação e experimentação até podemos vir replicar a Macau, se Macau considerar, feita a avaliação, que também é importante”.

Relativamente ao projecto de ensino de mandarim em Portugal, Eugénio Fonseca disse, já depois de uma reunião ao final do dia de ontem, ao Jornal Tribuna de Macau que é a Caritas Macau quem “vai delinear o perfil dos formadores por causa dos níveis de aprendizagem que se vão requerer aos alunos”.

Depois em Portugal, a ideia é ver quais as regiões onde há mais macaenses a estudar para que possam ajudar no processo de ensino. Serão formados grupos de aprendizagem conforme os meios financeiros e os formadores que houver disponíveis.

Quanto ao tecto máximo deste financiamento, disse não haver por enquanto. “Depende das capacidades financeiras da Caritas Macau, porque Portugal não tem essa possibilidade dado estar direccionada para outras acções para as quais também vai entrar em parceria com a Caritas Macau, que é a ajuda a países que neste momento estão em conflitos armados, como os do Médio Oriente”, explicou.

Na prática, o que a Caritas pode fazer é “acolher os migrantes”. Eugénio Fonseca referia-se ao papel da Cáritas Portuguesa, “embora a Caritas Macau esteja disponível para ajudar no apoio a esses migrantes porque há encargos nesse acolhimento que a União Europeia devia definir com maior clareza (…) para que o acolhimento e protecção possam ser feitos da melhor forma”.

Outro dos pontos do protocolo assinado entre as instituições congéneres apontados por Eugénio Fonseca é “a ajuda que Macau pode dar aos portugueses que estão a sair da Venezuela”. O presidente da Cáritas Portuguesa disse esperar que “o regime seja mais benévolo” com as instituições de solidariedade para que possam fazer chegar ajuda no campo da alimentação e escolar.

Paul Pun guiou ontem o presidente da Caritas Portuguesa numa visita pelas instalações da instituição no território durante a qual Eugénio Fonseca pode contactar com um grupo de idosos que cantou uma música alusiva ao Ano Novo Chinês. “Em Portugal, o ano novo já foi, mas todos os dias são novos dias”, disse, em tom de brincadeira.

Projectos em São Tomé e Bissau “em cima da secretária”

Questionado sobre o estado do projecto delineado para apoiar instituições de acção social em São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, o presidente da Cáritas Portuguesa disse que “não está na gaveta, mas em cima da secretária a sofrer as alterações necessárias”.

Segundo explicou, não viram as candidaturas feitas em nenhum dos países serem contempladas. “Mas esta capacitação é uma urgência por uma razão óbvia, para que deixem de viver dependentes de subsídios e para que tenham mecanismos de autoconstrução dos seus projectos colectivos e individuais”, observou.

O projecto está a sofrer melhorias e deverá mais tarde ser submetido a novo concurso. “Percebemos que o dinheiro era pouco para muitas candidaturas mas também nos deram algumas sugestões”, frisou, acrescentando que concorda que “não podemos estar todos a fazer o mesmo no mesmo lugar”. “Por isso, vamos fazer algumas melhorias que diversifiquem [o projecto]”, concluiu. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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