Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Gana - Exportações de cacau afundam nos primeiros 4 meses do ano

A produção de cacau do Gana, o segundo maior produtor mundial, caiu de um máximo histórico de mais de 1 milhão de toneladas na época agrícola de 2020/2021, para uma produção até 580 mil toneladas na actual campanha


As receitas das exportações de cacau do Gana caíram 49%, para 599,3 milhões USD, nos primeiros quatro meses do ano, comparativamente ao período homólogo de 2023, revelam os dados do Banco do Gana, que mostram uma queda sem precedentes na produção de cacau, na época agrícola 2023/2024.

O tombo nas receitas de exportação do segundo maior produtor de cacau, a seguir à Costa do Marfim, o principal produtor mundial, ocorre num contexto de preços em alta desta matéria-prima. No espaço de um ano, que vai de 22 de Maio de 2023 a 28 de Maio de 2024, o preço subiu 148%, segundo dados da plataforma Trading Economics, passando de 3287,9 USD a tonelada para 8151,5 USD, embora o pico na valorização do cacau se tenha registado a 19 de Abril, quando a tonelada atingiu os 12606,1 USD.

O aumento dos preços do cacau no mercado internacional é resultado de um declínio na produção dos dois principais produtores, como confirmam os dados da produção do Gana e da Costa do Marfim. Nos restantes seis principais produtores - Equador, Camarões, Nigéria, Indonésia, Brasil e Papua Nova Guiné - a produção manteve-se estável, de acordo com os dados da Statista, que poderão ser revistos em baixa na época agrícola 2023/2024, após os deslizamentos de terras na Papua Nova Guiné, que esta semana soterraram mais de 2000 pessoas.

A produção do Gana, segundo o jornal The Accra Times, caiu de um máximo histórico de mais de 1 milhão de toneladas na época agrícola de 2020/2021, para uma produção estimada entre 492000 toneladas e 580000 toneladas na temporada 2023/2024. A queda significativa na produção de cacau e nas receitas de exportação é uma das razões para a desvalorização da moeda nacional, o cedi, em 14,6% no mercado interbancário e mais de 19% no mercado retalhista desde o início do ano, refere ainda o jornal.

Ameaça do contrabando e mineração ilegal

Numa declaração datada de 12 de Janeiro de 2024, o Conselho do Cacau do Gana invoca o "desenfreado e inabalável contrabando de cacau para os vizinhos Costa do Marfim e Togo", como a principal razão para o declínio na produção. Aponta ainda a ameaça da mineração ilegal em pequena escala, que causa estragos na paisagem cacaueira do Gana, num contexto em que as alterações climáticas agravam ainda mais a situação.

As secas deixaram as árvores ressecadas, enquanto a chuva excessiva criou condições favoráveis para o surgimento de doenças fúngicas, como o Swollen Shoot, um vírus devastador que se espalha rapidamente pelas plantações e florestas.

O declínio na produção de cacau do Gana começou na época agrícola 2021/2022, quando caiu para as 683 toneladas, tendo vindo a diminuir todos os anos desde então, como mostram os dados da Statista. Na época agrícola de 2022/2023, ficou-se pelas 654 toneladas e na presente campanha não deverá ultrapassar as 580 toneladas.

Já a Costa do Marfim, que assegura 40% da produção mundial, registou ligeiras oscilações na produção desde a campanha de 2020/2021 (2248 toneladas), iniciando uma curva descendente acentuada na presente época agrícola, o que se tem vindo a reflectir na escassez de produto no mercado mundial. Em 2021/2022, a produção de cacau caiu para as 2121 toneladas, recuperou em 2022/2023 para as 2241 toneladas, precipitando-se na actual campanha para uma produção estimada de 1800 toneladas. Segundo a Standard & Poor tem havido tensões entre os produtores e intervenientes internacionais no sector do cacau e do chocolate. Os reguladores do cacau da Costa do Marfim e do Gana boicotaram uma reunião da indústria em Outubro de 2022, devido a uma disputa de preços. Os dois países procuram apoio para proporcionar aos produtores um rendimento digno e estão em curso negociações com compradores internacionais, refere a agência de notação financeira. Isabel Bordalo – Angola in “Expansão”


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