Apesar
das apostas e previsões otimistas do governo para a economia brasileira, feitas
ao final de 2019, a verdade é que hoje é muito difícil dizer que haverá um ano
melhor do que o anterior, pois os fatos e as circunstâncias que se apresentam
em âmbito mundial sugerem um tempo bastante difícil em todo o planeta e,
consequentemente, no Brasil. Em grande parte, isso se dá porque a economia
chinesa, que tem consumido considerável parcela das nossas exportações de
produtos agrícolas e minério de ferro, exibe um cenário nebuloso, o que faz
prever nova queda no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano.
É
de se lembrar que, além do agravamento da epidemia de coronavírus que,
certamente, também acarretará uma queda no PIB chinês, haverá redução nas
quantidades de produtos comprados do Brasil por aquele país, em decorrência do
acordo comercial que firmou com os Estados Unidos. Apesar da pouca afinidade
entre os seus presidentes, parece claro que, na hora de preservar os mais altos
interesses das nações, esse aspecto pessoal nada deverá influir, até porque
conhecimento da arte da diplomacia e do negócio os chineses têm para dar e vender.
Nesse
contexto de incertezas no mundo, como provam as quedas significativas nas
bolsas de valores registradas nos últimos dias nos Estados Unidos, Alemanha,
França, Inglaterra e Japão, as nossas principais empresas também têm sido
atingidas. Basta ver que as ações da Petrobras negociadas na Bolsa de Nova York
caíram. Esses efeitos já começam a ser sentidos no País, comprometendo ainda
mais as previsões dos analistas para 2020 que, a rigor, já eram pouco
otimistas, e, portanto, insuficientes para atender às necessidades brasileiras.
Assim,
o comércio exterior brasileiro, que há alguns anos vem se sustentando
principalmente nas exportações de commodities agrícolas e no minério de
ferro, parece destinado a continuar nessa sina, pois nas importações não se
verifica o ingresso de máquinas e equipamentos destinados à modernização de
nossas indústrias. Pelo contrário, o que se constata é uma retração nos
investimentos estrangeiros, que ficam em stand by à espera de melhor
momento de investir, principalmente nas empresas multinacionais já instaladas
no País. Diante disso, o nosso parque industrial corre o risco de ficar, em
pouco tempo, defasado tecnologicamente, o que pode gerar um sério problema para
a nossa economia.
Por
outro lado, não se vê uma ação mais efetiva do empresariado brasileiro em busca
de novos mercados para os produtos made in Brazil. Na verdade, há uma
inexplicável dependência dos empresários às iniciativas governamentais na
promoção dos produtos, situação que já ocorreu no passado, mas que hoje não
serve mais, pois agora tudo ocorre numa velocidade absolutamente incompatível
com a lerdeza que caracteriza a ação dos governos em geral e, em especial, do
brasileiro.
Portanto,
a via para aumentar as exportações passa por um esforço maior dos nossos
empresários, ainda que, diante de dificuldades macroeconômicas, o governo
possa, senão eliminar, ao menos minimizar eventuais problemas de ordem legal
e/ou cambial que impeçam a indústria e o comércio de competir no mercado
externo. Mas, de um presidente da República que desconhece a liturgia do cargo
e pouco conhecimento demonstra para se colocar à frente da articulação de uma
política externa, o comércio exterior brasileiro pouco pode esperar. Nessas
circunstâncias, parece claro que esse momento de incertezas poderá ser superado
apenas com ações e esforços da iniciativa privada. Milton Lourenço – Brasil
Milton Lourenço é presidente do Grupo Fiorde, constituído
pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns
Gerais e Barter Comércio Exterior (trading company), todas com matriz em São
Paulo e filiais em vários Estados brasileiros. E-mail: fiorde@fiorde.com.br.
Site: www.fiorde.com.br
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