É na província da Huíla, no município dos Quilengues, que
Angola se prepara para iniciar a exploração de um raro mas estratégico metal, o
Nióbio, um projecto que inicialmente compreende um investimento de 136,6
milhões USD e que pode colocar o país no mapa mundial dos produtores deste
minério "mágico"
Pouco
se fala dele, mas o Nióbio é um dos metais mais interessantes para o futuro da
humanidade devido às suas características únicas, desde logo pela sua
importância para os veículos espaciais usados pela empresa norte-americana
SpaceX, que acaba de enviar dois astronautas para o espaço, ou nas turbinas dos
aviões, ou na criação das mais resistentes ligas de aço.
E
é na criação destas ligas de aço, as mais resistentes à corrosão conhecidas,
possibilitadas pela simples junção de 100 gramas de Nióbio a mil quilos de
ferro (uma tonelada), ou 0,1%, que este metal tem mais visibilidade, porque os
mais importantes oleodutos não o dispensam, nem, devido à sua extraordinária
estabilidade térmica, os mais sofisticados componentes electrónicos, os mísseis
ou os aparelhos de ressonância magnética...
Mais:
o LHC, o mais sofisticado acelerador de partículas do mundo, localizado no
CERN, a organização europeia para a investigação nuclear, também não o
dispensou, nem na criação do mais poderoso computador quântico do mundo, pela
canadiana D-Wave Sistems, a par de um leque imenso de outras utilizações.
Até
ao momento, quase 96 % de todas as reservas de Nióbio conhecidas em todo o
mundo estão no Brasil, o país que domina o seu comércio global de longe e sem
igual, valendo uns estimados 22 triliões, bastante mais que, por exemplo, o PIB
de um país como a China.
As
reservas de Nióbio em Angola não são conhecidas publicamente, embora seja de
esperar que o Planageo - Plano Nacional de Geologia, que há anos está a
desenhar o mapa nacional dos recursos naturais, quando estiver concluído, possa
avançar com uma estimativa.
No
entanto, o país começa agora a sua aventura como produtor de Nióbio, através do
Despacho Presidencial nº 75/20 de 29 de Maio, que permite à Sociedade NIOBONGA
- Comércio Geral, Limitada avançar com um projecto de investimento mineiro de
exploração de Nióbio ao abrigo do Código Mineiro, na Huíla, onde vai aplicar
136,6 milhões USD numa área de 443 quilómetros quadrados.
Para
avançar, o despacho assinado por João Lourenço destaca que este projecto tem
importância para "acelerar a prospecção, exploração e transformação e
comercialização dos recursos minerais não petrolíferos na diversificação da
economia e pela criação de postos de trabalho".
O
investidor, está obrigado a prestar ao Departamento ministerial responsável
pelos Recursos Minerais, Petróleo e Gás informações económicas e técnicas
decorrentes da sua actividade, bem como apresentar os relatórios periódicos
incluindo descrição detalhada da execução.
Não
foi definida uma estimativa para quando estão previstos os primeiros resultados
deste investimento, que deverá colocar Angola no mapa global de mais um recurso
natural estratégico. In “Novo Jornal” - Angola
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