Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Espanha - Museu Picasso em Málaga renova colecção permanente

Composta por 120 obras, a nova colecção permanente do Museu Picasso, em Málaga, apresenta vertentes menos conhecidas da obra do mestre do cubismo



O museu instalado na cidade natal de Pablo Picasso reformou a sua colecção permanente, com obras que surpreendem e consolidam a imagem de um artista em constante busca, por sentir “uma fobia de se tornar escravo de si mesmo”, segundo José Lebrero, director artístico.

“Descobrimos mais uma vez alguns aspectos do trabalho de Picasso que poderíamos conhecer pelos livros, mas agora, como estão em exibição, podemos perceber ainda melhor” a diversidade de um artista que “gostava pouco” de ser “académico”, acrescentou à agência EFE.

Depois de um prolongado fecho devido à pandemia, os corredores do Palácio Buenavista reabriram portas com uma colecção de 120 obras, com curadoria de Pepe Karmel, professor do Departamento de Arte da Universidade de Nova Iorque. Segundo Lebrero, Karmel divide a carreira de Picasso em três etapas, sendo que na primeira “considera-o como um revolucionário quando vai a Paris e nasce o cubismo”.

A segundo fase corresponde ao período entre guerras, quando Picasso se tornou “uma referência da vanguarda”, e Karmel descreve-o como um “velho mago” durante o terceiro período entre as décadas de 1940 e 50. Nesta última fase, Picasso granjeou “reconhecimento internacional além de feudos artísticos, mas ainda criando e surpreendendo no seu retiro no sul da França”.

Essa cronologia usa conceitos tradicionais para ancorar a exposição, como retratos ou naturezas-mortas, e desvenda “obras-surpresa”, como a tapeçaria de 1957 criada a partir de “Les Demoiselles d’Avignon”, pertencente a Picasso.

Na secção dedicada à natureza morta está outra referência da colecção, “O Copo de Absinto” (1914), um “soco na tradição da escultura” da época, através de uma representação banal do recipiente onde era servida aquela típica bebida alucinogénia.

Na década de 1920, o mestre espanhol direccionou o seu olhar para a pintura clássica e “questionou noções neoclássicas que tinham sido alvo de abusos e que alimentaram críticas a Picasso, que não queria necessariamente ser o artista cubista que se adequava à vanguarda”, realçou Lebrero.

Na fase seguinte, esteve vinculado ao surrealismo, apesar de não ser um pintor surrealista.

A sua representação da forma feminina figurava sobretudo como “fantasia ou fantasmagoria”. Entre 1927 e 1932, as mulheres pintadas por Picasso tornaram-se “uma série de fragmentos conectados”, além de assumirem formas orgânicas como “vegetais, raízes ou tubérculos”.

A colecção também inclui referências à mitologia greco-latina e à figura do Minotauro, “personagem que tem algo de humano e selvagem” e “que se relaciona com as suas obsessões e desejos e com os temas da carnalidade, posse, força e submissão”, acrescentou o especialista.

Quando Paris foi libertada dos nazistas, o trabalho de Picasso era “sombrio, não alegre ou optimista”, com figuras e personagens que transmitiam “mais incerteza ou distância do que proximidade”, porém, segundo Lebrero, a partir de 1944, o pintor reinventou-se e produziu figuras femininas “mais positivas”.

Grande parte da mostra é dedicada ao interesse de Picasso por animais – corujas, gatos, touros e pombos foram recorrentes em trabalhos nos anos 50, 60 e 70.

As obras “surpreendem todos, decepcionam alguns e, por um tempo, são consideradas residuais e decadentes, mas depois são apreciadas pela sua sensação de liberdade”, sintetizou o director artístico. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com agências internacionais

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