Há um grupo de pais que quer que Macau siga o exemplo de
Portugal, avançando com uma lei que estabeleça a obrigatoriedade da existência
de opções vegetarianas nas ementas das cantinas escolares e refeitórios
públicos. O grupo já tem uma carta pronta para enviar a Elsie Ao Ieong, mas
antes de a entregar quer munir-se de documentos científicos e petições. Segundo
João Manuel Vicente, um dos membros do grupo, os vegetarianos e veganos querem
“uma lei inclusiva”
“Pais
frustrados pedem à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura uma medida
para Macau semelhante à lei portuguesa relativa à inclusão de opção vegetariana
em cantinas das creches e escolas”. É este o título da carta que um grupo de
pais vegetarianos quer entregar a Elsie Ao Ieong. Antes disso, o grupo quer
reunir artigos científicos, opiniões de nutricionistas e petições. O advogado
João Manuel Vicente é um dos membros do grupo e contou ao Ponto Final que a
ideia é, para já, “lançar o debate”, para que, no futuro, “haja uma lei
inclusiva”.
Os
interessados concentram-se no grupo de Facebook “Vegetarians in Macau”.
“Não há um grupo ou uma associação com o enfoque de introduzir os menus veganos
nos estabelecimentos públicos”, ressalva João Manuel Vicente. O grupo no
Facebook tem 552 membros. “Nós ainda não estamos com uma grande orgânica.
Estamos a dar os primeiros passos”, explicou. O número de pais com esta
preocupação deverá ser de “várias dezenas”, apontou Vicente. Nesse grupo, que
junta vegetarianos de Macau, começou a ser partilhada a lei portuguesa de 2017,
que estabelece a obrigatoriedade de existência de opção vegetariana nas ementas
das cantinas e refeitórios públicos.
Assim,
foi escrita uma carta para enviar a Elsie Ao Ieong, alertando a secretária para
o facto de haver “cada vez mais residentes que optaram pela comida vegetariana
como a sua alimentação quotidiana”. “As razões são diversas: uns por causa da
sua religião; outros, por causa do meio ambiente; outros, por causa dos
direitos dos animais”, lê-se na missiva, acrescentando que há “cada vez mais
bebés vegetarianos ou veganos em Macau nos últimos anos”. A carta diz ainda que
são muito raras as escolas e creches que disponibilizam opções vegetarianas e,
além disso, não permitem que os pais levem as próprias refeições vegetarianas para
dar aos filhos. Depois, explicou João Manuel Vicente, a questão será alargada a
lares de idosos, estabelecimentos prisionais e hospitais.
A
carta ainda não foi entregue à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura,
mas ser-lhe-á endereçada nos próximos meses. “Estamos a tentar reunir e criar
uma série de elementos e documentos, como artigos de opinião, alguns artigos de
nutricionistas, abaixo-assinados. Algo que depois possa ser remetido e
encaminhado à secretária”. Elsie Ao Ieong foi questionada, na Assembleia
Legislativa (AL), sobre o tema pela deputada Agnes Lam, mas desvalorizou a
questão e chamou a atenção para a proteína da carne. “Que é uma coisa
cientificamente errada, demonstra um atraso científico de 30 anos ou mais, e
causou uma grande revolta em muita gente”, comentou João Manuel Vicente.
“Sabemos
que há muita gente vegetariana, mas também há muito conservadorismo e muita
resistência”, lamentou o advogado. Porém, lembrou que “há muitas associações
que não são exactamente vegetarianas, mas são budistas ou taoistas e similares,
que podem eventualmente também aderir e começar a sensibilizar mais pessoas”. O
grupo quer uma “lei inclusiva”. “Estas pessoas estão excluídas, fora do
sistema”, alertou, esclarecendo: “Não se retira direitos a ninguém, apenas se
inclui pessoas que estão fora, desde crianças a adolescentes e idosos”. André
Vinagre – Macau in “Ponto Final”
andrevinagre.pontofinal@gmail.com
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