A
iniciativa “Todos juntos”, organizada este sábado pela Comunidade portuguesa na
região de Paris, recolheu 10 toneladas de alimentos, 250 caixotes de roupa e
mais de 10 mil euros em donativos para ajudar quem mais sofre com a Covid-19.
“É
um sucesso. Pedimos à Comunidade para se unir e estamos a ter um resultado
interessante. […] É um êxito, mais não seja porque os Portugueses se uniram”,
afirmou à Lusa o Diretor Geral da Rádio Alfa, Fernando Lopes, que encabeça esta
iniciativa.
As
doações começaram a chegar cedo à sede da Rádio Alfa, rádio que difunde em
português na região parisiense. Paletes com batatas, açúcar ou legumes, mas
também caixotes com roupa e brinquedos rapidamente encheram a sala onde se
controlaram as doações.
Para
ajudar na triagem e na organização de todas as doações, esta iniciativa contou
com mais de 180 voluntários. “É com muito orgulho que conseguimos reunir estas
pessoas todas. Tivemos uma adesão bastante grande e ficaríamos ainda mais
felizes se as pessoas que fossem receber toda esta recolha, sobretudo os
alimentos, pudessem sentir a felicidade e o carinho que nós vamos tentar
transmitir ao oferecer estes produtos”, disse o Presidente da associação Les
Amis du Plateau, em Champigny-sur-Marne, Joaquim Barros, que organizou a receção
dos géneros alimentares.
Ao
mesmo tempo que se fazia a triagem na sede, uma caravana de carrinhas saiu das
instalações da rádio para recolher doações em mais de 30 pontos diferentes na
região parisiense, entre associações portuguesas e supermercados com produtos
nacionais.
No
Primland, em Romainville, os clientes eram incitados a doar antes de começarem
as compras de sábado e muitos não ficavam indiferentes. “Eu trabalhei durante
todo o confinamento e posso dar. Prefiro dar aqui do que a outras instituições
que não sei a quem vão dar”, indicou Julieta Alves, que costuma ir àquele
supermercado todos os fins de semana.
A
crise da Covid-19 não deixou ninguém indiferente em França e as consequências
não se fazem sentir só na Comunidade portuguesa, com dificuldades financeiras e
perdas de emprego. “Esta crise vai atingir todos. Claro que a Comunidade
portuguesa nos toca mais, são as nossas raízes e é o nosso país. Se já havia
problemas, as coisas só têm tendência para ficar piores”, disse Clotilde Lopes,
que organizou os caixotes de roupa.
Entre
paletes com alimentos, sacos de roupa e caixotes, cerca de 20 costureiras da
associação Hirond’Ailes criavam máscaras para quem, mesmo os produtos de
proteção individual, se tornaram demasiado caros.
“Estamos
a contar acabar o dia com 1000 máscaras. Desde 13 de março já fizemos mais de 6
mil máscaras para quem mais precisa. É sempre a mesma classe social a ficar mal
e o nosso dever é ajudar. O que está ao nosso alcance são as máscaras laváveis,
o que vai permitir às pessoas pouparem algum dinheiro”, disse Suzette
Fernandes, Presidente da Hirond’Ailles.
Os
bens e donativos em dinheiro vão agora ser distribuídos pela Santa Casa da
Misericórdia de Paris, associações portuguesas que já fazem apoio social aos
mais desfavorecidos e ainda igrejas portuguesas na região parisiense, mas a
solidariedade não deve parar. “A pandemia ainda não acabou. Não só em termos
sanitários, mas também uma segunda fase que é a uma crise social e económica
que vai destruir famílias e empregos. A nossa vontade é dizer que todos juntos
conseguimos, talvez, dar uma solução a quem mais precisa”, indicou Fernando
Lopes.
A
Rádio Alfa vai continuar a encaminhar as doações de quem não conseguiu
comparecer este sábado para as instituições que estão no terreno. Catarina
Falcão – França in “LusoJornal” com “Lusa”
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