Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 6 de junho de 2023

Macau - Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude lançará curso de português de quatro anos para alunos do secundário

Face às dificuldades sentidas por alguns estudantes de Macau na frequência do ensino superior em Portugal, devido à sua base linguística relativamente fraca, a DSEDJ irá lançar um curso de formação de língua portuguesa, destinado a alunos do ensino secundário. Com uma duração de quatro anos, o curso visa estabelecer, “mais cedo”, uma “boa base” para os estudantes que pretendem prosseguir os estudos em Portugal, e será promovido em conjunto com o IPOR e a Escola Portuguesa

A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) irá lançar o “Curso de Formação de Língua Portuguesa”, com uma duração de quatro anos, destinado aos alunos locais do 3º ano do ensino secundário geral e do 1º ano do ensino secundário complementar, interessados em frequentar o ensino superior em Portugal, revelou ontem a Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. Segundo Elsie Ao Ieong U, o Governo decidiu criar este curso após constatar que alguns estudantes, com fracas bases na Língua Portuguesa, enfrentaram grande pressão quando frequentavam cursos em Portugal, por terem de aprender novamente a língua de Camões.

Em resposta a uma interpelação oral do deputado Ngan Iek Hang sobre a formação de quadros bilingues em Chinês e Português com conhecimentos interdisciplinares, o director da DSEDJ adiantou que o organismo irá promover o curso juntamente com o Instituto Português do Oriente (IPOR) e a Escola Portuguesa de Macau. Os alunos interessados poderão frequentar o curso depois das aulas normais, durante quatro anos, criando assim uma base linguística.

De acordo com Kong Chi Meng, a DSEDJ também assinou um acordo com a Universidade Católica Portuguesa (UCP) para o lançamento de um curso intensivo de Português em Portugal, com duração de quatro ou cinco semanas, junto de alunos de ensino secundário de Macau ao longo das Férias do Verão.

Durante a visita a Portugal, o Governo alargou as bases para alunos de Macau prosseguirem os estudos naquele país, assegurou o director da DSEDJ, especificando que os estudantes com boas bases na Língua Portuguesa poderão frequentar directamente o 1º ano do ensino superior, sem precisar de cumprir o curso preparatório na UCP.

Por sua vez, a Universidade do Porto disponibiliza um curso preparatório de um ano para os estudantes poderem depois participar em diversos cursos da instituição. No âmbito do novo protocolo de cooperação assinado entre a DSEDJ, a Universidade do Porto e o IPOR, os finalistas do ensino secundário complementar de Macau, cuja proficiência em português e o nível académico reúnam os requisitos necessários, serão encaminhados para prosseguirem directamente os estudos em cursos de licenciatura e cursos integrados de licenciatura e mestrado dessa universidade.

Para além disso, a Secretária destacou que, durante a visita a Portugal, o Governo assinou diversos acordos com instituições de ensino superior, com o intuito de reforçar a cooperação no âmbito da formação de quadros bilingues com conhecimentos sobre as quatro indústrias principais. No futuro, os estudantes de Macau que forem enviados para Portugal não irão aprender meramente Tradução ou o Direito, mas estes cursos vão continuar, vincou. Elsie Ao Ieong U esclareceu, aliás, que a Universidade Politécnica de Macau (UPM) prometeu continuar a enviar alunos de Tradução para Portugal no último ano do curso de licenciatura.

Mais alunos lusófonos levados para o Continente

Os deputados Che Sai Wang e Ron Lam pediram mais oportunidades de estágio para alunos de língua portuguesa. Segundo a Secretária, as instituições de ensino superior de Macau já enviam estudantes para efectuar estágios de tradução de Língua Portuguesa em instituições de Pequim e no Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

“Além disso, a DSEDJ realiza, anualmente, programas de estágio, em Macau e no Interior da China, entre os quais alguns serviços públicos irão disponibilizar, enquanto estágios realizados em Macau, lugares relativos à língua portuguesa, por exemplo, nas áreas de estudo de português, de tradução chinês-português e de auxílio na interpretação. No futuro, a DSEDJ também pretende organizar a participação de estudantes do ensino superior de Macau e de países/regiões de língua portuguesa, que frequentem cursos nas áreas de especialização relativas à língua portuguesa, em actividades realizadas no Interior da China”, disse a Secretária.

Por outro lado, Elsie Ao Ieong U indicou que, nos últimos anos, tem aumentado o número de alunos de escolas privadas que participam na disciplina formal ou em actividades depois das aulas, em que professores destacados pela DSEDJ ensinam Português.

Já José Pereira Coutinho e Che Sai Wang pediram a actualização das informações nos sites dos serviços públicos em Chinês e em Português ao mesmo tempo. Coutinho sublinhou ainda a carência de tradutores.

No entanto, Elsie Ao Ieong U explicou que a actualização simultânea das informações em duas línguas pode causar atrasos na divulgação das informações. Neste aspecto, recomendou o uso do sistema de tradução com a inteligência artificial da Universidade Politécnica de Macau.

Por sua vez, o deputado nomeado Pang Chuan defendeu um mecanismo ao abrigo do qual o Governo coopere com empresas estatais chinesas no sentido de enviar alunos de Língua Portuguesa para estagiarem e trabalharem nos países lusófonos.

Além disso, segundo a Secretária, a “Base de Dados de Profissionais Qualificados em Chinês e Português”, inserida no “Portal para a Cooperação na Área Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, promovido pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento, já integra dados de cerca de 1800 quadros qualificados bilíngues nessas duas línguas em tradução, contabilidade, finanças e outras áreas, bem como informações de mais de 2700 fornecedores de serviços profissionais.

Número de estudantes deverá atingir o pico em 2024

A Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura anteviu que o número de alunos no ensino não superior irá atingir o pico no próximo ano, chegando a 88 mil. Até 2030, espera-se que o número recue para 81 mil, pelo que no ano lectivo 2025/2026 o Governo irá instar à redução de alunos admitidos em cada turma, por forma a evitar que as escolas pequenas não consigam receber estudantes. Descrevendo o número de 25 a 35 alunos por turma como a dimensão mais adequada, Elsie Ao Ieong U apontou que os professores têm tempo para fazer outros trabalhos, pois dão 18 aulas por semana, o que significa que ensinam durante 2,4 horas por dia. Por outro lado, a Secretária garantiu ser suficiente o montante de 6000 patacas atribuído a cada participante no Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo, porque, em média, cada um apenas tem utilizado 4000 patacas.

É difícil desenvolver turismo e comércio no Pátio do Espinho

Atendendo às ruas estreitas e à alta concentração de habitações no Pátio do Espinho, qualquer desenvolvimento irá afectar os respectivos habitantes, advertiu ontem a Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. Para Elsie Ao Ieong U, será difícil promover actividades comerciais e turísticas nessa zona, apesar de poder haver condições para a revitalização de alguns espaços perto da estrada. Segundo observou, no Pátio, há um total de 162 lotes, dos quais 80% ainda não possuem registo da propriedade, e a maior parte das habitações já se transformaram em construções modernas. Além disso, afirmou que o Instituto Cultural tem um plano de investigação e estudos arqueológicos mais aprofundados para o corrente ano relativamente ao poço antigo situado no Pátio do Espinho. Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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