Face às dificuldades sentidas por alguns estudantes de Macau na frequência do ensino superior em Portugal, devido à sua base linguística relativamente fraca, a DSEDJ irá lançar um curso de formação de língua portuguesa, destinado a alunos do ensino secundário. Com uma duração de quatro anos, o curso visa estabelecer, “mais cedo”, uma “boa base” para os estudantes que pretendem prosseguir os estudos em Portugal, e será promovido em conjunto com o IPOR e a Escola Portuguesa
A
Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) irá
lançar o “Curso de Formação de Língua Portuguesa”, com uma duração de quatro
anos, destinado aos alunos locais do 3º ano do ensino secundário geral e do 1º
ano do ensino secundário complementar, interessados em frequentar o ensino
superior em Portugal, revelou ontem a Secretária para os Assuntos Sociais e
Cultura. Segundo Elsie Ao Ieong U, o Governo decidiu criar este curso após
constatar que alguns estudantes, com fracas bases na Língua Portuguesa,
enfrentaram grande pressão quando frequentavam cursos em Portugal, por terem de
aprender novamente a língua de Camões.
Em
resposta a uma interpelação oral do deputado Ngan Iek Hang sobre a formação de
quadros bilingues em Chinês e Português com conhecimentos interdisciplinares, o
director da DSEDJ adiantou que o organismo irá promover o curso juntamente com
o Instituto Português do Oriente (IPOR) e a Escola Portuguesa de Macau. Os
alunos interessados poderão frequentar o curso depois das aulas normais,
durante quatro anos, criando assim uma base linguística.
De
acordo com Kong Chi Meng, a DSEDJ também assinou um acordo com a Universidade
Católica Portuguesa (UCP) para o lançamento de um curso intensivo de Português
em Portugal, com duração de quatro ou cinco semanas, junto de alunos de ensino
secundário de Macau ao longo das Férias do Verão.
Durante
a visita a Portugal, o Governo alargou as bases para alunos de Macau
prosseguirem os estudos naquele país, assegurou o director da DSEDJ,
especificando que os estudantes com boas bases na Língua Portuguesa poderão
frequentar directamente o 1º ano do ensino superior, sem precisar de cumprir o
curso preparatório na UCP.
Por
sua vez, a Universidade do Porto disponibiliza um curso preparatório de um ano
para os estudantes poderem depois participar em diversos cursos da instituição.
No âmbito do novo protocolo de cooperação assinado entre a DSEDJ, a
Universidade do Porto e o IPOR, os finalistas do ensino secundário complementar
de Macau, cuja proficiência em português e o nível académico reúnam os
requisitos necessários, serão encaminhados para prosseguirem directamente os
estudos em cursos de licenciatura e cursos integrados de licenciatura e
mestrado dessa universidade.
Para
além disso, a Secretária destacou que, durante a visita a Portugal, o Governo
assinou diversos acordos com instituições de ensino superior, com o intuito de
reforçar a cooperação no âmbito da formação de quadros bilingues com
conhecimentos sobre as quatro indústrias principais. No futuro, os estudantes
de Macau que forem enviados para Portugal não irão aprender meramente Tradução
ou o Direito, mas estes cursos vão continuar, vincou. Elsie Ao Ieong U
esclareceu, aliás, que a Universidade Politécnica de Macau (UPM) prometeu
continuar a enviar alunos de Tradução para Portugal no último ano do curso de
licenciatura.
Mais alunos lusófonos levados para o Continente
Os
deputados Che Sai Wang e Ron Lam pediram mais oportunidades de estágio para
alunos de língua portuguesa. Segundo a Secretária, as instituições de ensino
superior de Macau já enviam estudantes para efectuar estágios de tradução de
Língua Portuguesa em instituições de Pequim e no Secretariado Permanente do
Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de
Língua Portuguesa.
“Além
disso, a DSEDJ realiza, anualmente, programas de estágio, em Macau e no
Interior da China, entre os quais alguns serviços públicos irão disponibilizar,
enquanto estágios realizados em Macau, lugares relativos à língua portuguesa,
por exemplo, nas áreas de estudo de português, de tradução chinês-português e
de auxílio na interpretação. No futuro, a DSEDJ também pretende organizar a
participação de estudantes do ensino superior de Macau e de países/regiões de
língua portuguesa, que frequentem cursos nas áreas de especialização relativas
à língua portuguesa, em actividades realizadas no Interior da China”, disse a
Secretária.
Por
outro lado, Elsie Ao Ieong U indicou que, nos últimos anos, tem aumentado o
número de alunos de escolas privadas que participam na disciplina formal ou em
actividades depois das aulas, em que professores destacados pela DSEDJ ensinam Português.
Já
José Pereira Coutinho e Che Sai Wang pediram a actualização das informações nos
sites dos serviços públicos em Chinês e em Português ao mesmo tempo. Coutinho
sublinhou ainda a carência de tradutores.
No
entanto, Elsie Ao Ieong U explicou que a actualização simultânea das
informações em duas línguas pode causar atrasos na divulgação das informações.
Neste aspecto, recomendou o uso do sistema de tradução com a inteligência
artificial da Universidade Politécnica de Macau.
Por
sua vez, o deputado nomeado Pang Chuan defendeu um mecanismo ao abrigo do qual
o Governo coopere com empresas estatais chinesas no sentido de enviar alunos de
Língua Portuguesa para estagiarem e trabalharem nos países lusófonos.
Além
disso, segundo a Secretária, a “Base de Dados de Profissionais Qualificados em
Chinês e Português”, inserida no “Portal para a Cooperação na Área Económica,
Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua
Portuguesa”, promovido pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento,
já integra dados de cerca de 1800 quadros qualificados bilíngues nessas duas
línguas em tradução, contabilidade, finanças e outras áreas, bem como
informações de mais de 2700 fornecedores de serviços profissionais.
Número de estudantes deverá atingir o pico em 2024
A
Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura anteviu que o número de alunos no
ensino não superior irá atingir o pico no próximo ano, chegando a 88 mil. Até
2030, espera-se que o número recue para 81 mil, pelo que no ano lectivo
2025/2026 o Governo irá instar à redução de alunos admitidos em cada turma, por
forma a evitar que as escolas pequenas não consigam receber estudantes.
Descrevendo o número de 25 a 35 alunos por turma como a dimensão mais adequada,
Elsie Ao Ieong U apontou que os professores têm tempo para fazer outros
trabalhos, pois dão 18 aulas por semana, o que significa que ensinam durante
2,4 horas por dia. Por outro lado, a Secretária garantiu ser suficiente o
montante de 6000 patacas atribuído a cada participante no Programa de
Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo, porque, em média, cada um apenas
tem utilizado 4000 patacas.
É difícil desenvolver turismo e comércio no Pátio do
Espinho
Atendendo
às ruas estreitas e à alta concentração de habitações no Pátio do Espinho,
qualquer desenvolvimento irá afectar os respectivos habitantes, advertiu ontem
a Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. Para Elsie Ao Ieong U, será
difícil promover actividades comerciais e turísticas nessa zona, apesar de poder
haver condições para a revitalização de alguns espaços perto da estrada.
Segundo observou, no Pátio, há um total de 162 lotes, dos quais 80% ainda não
possuem registo da propriedade, e a maior parte das habitações já se
transformaram em construções modernas. Além disso, afirmou que o Instituto
Cultural tem um plano de investigação e estudos arqueológicos mais aprofundados
para o corrente ano relativamente ao poço antigo situado no Pátio do Espinho. Rima
Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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