A
peça de teatro de Tiago Rodrigues “Catarina e a beleza de matar fascistas”,
acaba de ganhar, na segunda-feira à noite, em Paris, o Prémio Syndicat de la
Critique de Melhor espetáculo de teatro estrangeiro em França. A peça foi
escrita e encenada pelo encenador português que agora dirige o Festival de
Teatro de Avignon.
Nas
redes sociais, Tiago Rodrigues escreveu: “Sinto-me honrado por receber este
prémio e lamento não poder estar em Paris para o receber, porque tenho de ficar
com as equipas a preparar a próxima edição do Festival d’Avignon”.
O
dramaturgo agradeceu não só ao júri da premiação e ao Sindicato Crítico Profissional,
mas também ao Teatro Nacional D. Maria II e à sua equipa, que produziu este
espetáculo, agora transmitido pelo Festival d’Avignon.
A
peça “Catarina e a beleza de matar fascistas”, que no final deste mês encerra a
Bienal de Teatro de Veneza, teve estreia em setembro de 2020, no Centro
Cultural Vila Flor, em Guimarães, e está atualmente em digressão pela Europa.
A
história centra-se numa família que tem por tradição matar fascistas, ritual
que a mais nova de todos, Catarina, se recusa a cumprir. Catarina argumenta que
todas as vidas devem ser defendidas, sendo necessário falar e entender aqueles
que acabam por votar na extrema-direita, não sendo fascistas.
O
espetáculo culmina com um longo monólogo do dirigente de extrema-direita, que
entretanto alcança maioria absoluta e conquista o poder.
A
peça já venceu em 2022 o Prémio Ubu de melhor espetáculo estrangeiro de teatro
em Itália. Mas em Roma, a sua estreia foi acompanhada de protestos de forças de
extrema-direita, com um Deputado do partido Irmãos de Itália (Fratelli
d’Italia, agora no Governo), Federico Mollicone, a pedir que o espetáculo fosse
retirado do cartaz.
“O
discurso é tão insuportável, tão provocatório que o público não pode senão
reagir”, explicou Tiago Rodrigues, recordando reações diversas, em diferentes
palcos: “Em Portugal, têm cantado a ‘Grândola’, em Itália, a ‘Bella Ciao’, em
Viena, o público levantou-se. Ver esses públicos reagir é algo que me devolve
confiança, mas ao mesmo tempo preocupa-me que o público tão facilmente se revolte
contra um ator”. In “LusoJornal” - França
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