O núcleo da cultura de Goa são as suas festas e festivais que os goeses celebram com calor e união. Destacando este aspecto, tão inerente à vida goesa, está Celina de Almeida no seu livro Festas e Festas de Goa, O Sabor de uma Cultura Única.
Contando-nos
por que decidiu escrever sobre esta faceta omnipresente do estilo de vida goesa,
ela diz: “Sou goesa. Por nascimento, por coração, por alma, por mente e eu
tenho que saber sobre os meus festivais e quero que os outros também saibam
sobre eles. As pessoas no norte de Goa não sabem sobre alguns dos festivais
celebrados no sul de Goa e vice-versa. Então, a maneira que eu queria criar
consciência era pesquisar, participar, tirar fotos, entrevistar, escrever e
publicar.”
Beleza das festas goesas
As
festas e festivais de Goa refletem a unidade e a harmonia comunitária que
existe em Goa, diz Celina. Ela diz: “Somos um estado com muita harmonia
comunitária. Somos um povo muito pacífico. Temos sido assim por séculos.”
Ilustrando
com exemplos do seu livro, ela fala do Shigmo em Surla Tar, onde as
comunidades hindu e muçulmana se reúnem para celebrar. “Isso mostra a harmonia
comunitária de Goa. Nunca brigamos, ajudamos, comemoramos juntos. Isso é o que
o livro te diz.”
Ela
ainda dá o exemplo da festa de Cuncolim, Sontrio (Procissão de
sombrinhas). “É um festival de duas comunidades – hindus e católicos”, diz ela.
O
livro de Celina oferece aos leitores uma perspectiva histórica. “Apresentei a
história, a geografia e o conhecimento científico do festival. Quero que as
pessoas saibam que isso faz parte de nós”, diz Celina, natural de Pangim.
Superando obstáculos
Celina
levou mais de quatro anos para escrever este livro. Ela nos conta o porquê: “Eu
tinha de participar do festival. Sempre que não conseguia, tinha de faltar e ir
no ano seguinte.”
Celina,
que está há mais de três décadas no magistério, conta que foi durante a COVID,
quando as coisas pararam, que ela começou a escrever sobre o assunto.
“Eu
me aposentei como diretora da People's High School, Pangim. Fui convidada para
dar aula de português e fiz isso 13 anos antes do COVID, e depois parei.
Aproveitei o tempo da pandemia para pesquisar sobre os festivais, visitando
bibliotecas e consultando arquivos”, conta Celina, sobre como trabalhou no seu
livro de estreia.
Celina,
que já contribuiu com artigos para revistas, diz que o desafio para ela durante
a pesquisa foi que ela não conseguia ler Devanagari porque estudou no meio
português. Mas ela diz que contratará uma pessoa qualificada que possa ajudá-la
a traduzir do Devanagari para o inglês para a sua pesquisa subsequente.
Segundo livro?
Celina
afirma que um livro não é suficiente para mostrar as festas e festivais de Goa.
“Se Deus permitir, gostaria de escrever sobre mais festivais porque ainda
faltam muitos para serem pesquisados e divulgados. Já tenho cerca de cinco na
minha lista.” E, a lista cresce.
Reiterando
numa nota de despedida, Celina diz: “É minha filosofia que os goeses, quer
estejam em Goa ou tenham migrado por qualquer motivo, não se esqueçam que somos
um povo pacífico e temos uma cultura rica. Somos uma síntese de várias culturas
que nos foram passadas de geração em geração e que não devemos perdê-la.”
O
livro de Celina de Almeida Festas e Festas de Goa, O Sabor De Uma Cultura
Única foi lançado na Fundação Oriente, Fontainhas, Pangim a 24 de Junho de
2023. Casey Monteiro – Goa in “Gomantak Times”
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