Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 27 de junho de 2023

França - Concerto do Grupo Vocal Olisipo em Marselha promove Polifonia Portuguesa da Catedral de Évora

Um concerto do Grupo Vocal Olisipo ofereceu, na igreja Notre Dame-du-Mont, em Marselha, uma seleção de obras que ilustram a evolução do estilo de compositores ligados à Sé de Évora nas gerações que se seguiram à chamada "era de ouro".


O grupo foi convidado pelo Cônsul-Geral de Portugal em Marselha, por ocasião do Dia Nacional de Portugal, 100º aniversário do filósofo português Eduardo Lourenço e 200º aniversário do Consulado de Portugal em Marselha.

"É fascinante ver como a força da Contra-Reforma e a influência da obra dos grandes mestres do século XVII fizeram com que, paralelamente ao desenvolvimento de novos estilos musicais, a escrita no estilo antico se mantivesse até meados do séc. XIX”, diz uma apresentação da mostra enviada ao LusoJornal. “As obras que vamos executar neste programa é, de certa forma, o património musical que vamos apresentar pode ter a sua origem na obra de Manuel Mendes, um dos primeiros Mestres de Capela da Sé de Évora”.

Manuel Mendes foi professor dos primeiros grandes compositores da Escola de Música da Sé de Évora, muitos dos quais gozavam então de notoriedade internacional, como Manuel Cardoso, Duarte Lobo e Filipe de Magalhães.

“Há obras de compositores de Évora nos arquivos de igrejas e catedrais de todo o mundo. Um dos primeiros exemplos conhecidos é o Aleluia de Manuel Mendes, cujas cópias foram encontradas no México.

O concerto começou com obras de Filipe de Magalhães e do seu pupilo Estêvão Lopes Morago, compositor nascido em Espanha em 1575 mas que estudou em Évora. Foi mestre de capela da Sé de Viseu, onde faleceu em 1630.

O grupo cantou uma missa para os Domingos do Advento e da Quaresma de Afonso Lobo.

Manuel Rebelo foi contemporâneo de Manuel Cardoso e Filipe de Magalhães e, como eles, aluno de Manuel Mendes. Foi, como Manuel Mendes, Mestre de Capela da Sé de Évora mas, ao contrário dos seus colegas, não se tornou um nome conhecido nas gerações que se seguiram. A maioria de suas obras foram perdidas durante o terremoto de 1755, apenas algumas peças sobreviveram nos arquivos da Catedral, incluindo a bela Regina Caeli que o grupo pôde cantar em Marselha.

Por altura da morte de Estêvão Lopes Morago nasceram outros dois autores do Grupo Vocal Olísipo: Francisco Martins (1620/25-1680) e Diogo Dias Melgaz (1638-1700). Ambos estudaram com Manuel Rebelo e mais tarde tornaram-se Mestres de Capela em Évora e Elvas.

O compositor Pedro Vaz Rego mantém laços estreitos com Diogo Dias Melgaz. Nascido em Campo Maior em 1673, foi aluno de Melgaz em Évora, depois tornou-se maestro do coro da Sé de Elvas. Ele foi um autor prolífico de várias obras musicais em estilos antigos e modernos.

O grupo também cantou obras de Miguel Anjo do Amaral (c.1770-c.1820), André Rodrigues Lopo (c.1730-1800).

“Esperamos que este conjunto de pequenas obras-primas, na sua maioria completamente desconhecidas do público moderno, vos fascine, não tanto pelo fenómeno da imutabilidade estilística que coexiste com a inovação técnica há dois séculos, mas sobretudo pela sua beleza”, refere a nota de imprensa do espectáculo.

O Grupo Vocal Olisipo foi fundado em 1988 e desde então é liderado por Armando Possante. O seu repertório é vasto e eclético, abrangendo obras desde o período medieval até aos nossos dias.

Apresentou-se inúmeras vezes por todo o país, tendo já atuado nos principais festivais de música em palcos como o Centro de Arte Moderna, o Centro Cultural de Belém, o Teatro Nacional de S. Carlos, a Casa da Música e o Teatro Rivoli. Internacionalmente, já se apresentou em concertos por toda a Europa.

Armando Possante estudou no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa, onde concluiu os cursos superiores de regência coral, com Christopher Bochmann, de canto gregoriano, com Helena Pires de Matos, e canto, com Luís Madureira. Em 2019 obteve o Título de Especialista em Canto. Carlos Pereira – França in “LusoJornal”


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