Wagner Molina, uma alma portuguesa, entra em cena com o solo Apesar de Tudo
Residindo
em Lisboa, Portugal, há dois anos, o ator Wagner Molina retorna ao Brasil
especialmente para estrelar o espetáculo Apesar de Tudo, concebido por
ele e dirigido por Helio Cícero. A montagem estreia no dia 8 de julho,
sábado, no Teatro Giostri, às 21h. No enredo, um homem, interpretado por
Molina, desperta em um lugar que não reconhece e sua única lembrança é que
precisa esperar.
O
ator pretende retornar à Portugal após cumprir a temporada brasileira. Segundo
ele, entre seus planos está o de levar o espetáculo para Lisboa.
A
dramaturgia de Apesar de Tudo foi elaborada por Wagner Molina enquanto
estudava autores teatrais em busca de criar um texto para um espetáculo solo.
Com as restrições impostas pela pandemia, o projeto (contemplado pelo Edital
ProAC Expresso Direto) foi interrompido. Wagner mudou-se para Portugal e
somente em 2023 a produção ganhou forma. O texto que chega ao palco conta com
as preciosas contribuições de Helio Cicero, que acompanhou todo o processo e
delineou o roteiro para Molina, e de Cesar Ribeiro, cujo olhar foi fundamental
para a dramaturgia final.
A
personagem mistura pensamentos e histórias de pessoas, sem a certeza de que
talvez elas sejam ele mesmo, enquanto aguarda. Com a desolação e a solidão,
característica do teatro do absurdo, esse vivido homem tem como companhia suas
memórias e seus conflitos, trazendo à cena histórias próprias ou inventadas -
talvez não, tudo é incerteza -, adornadas pelo seu humor sinistro. Ora citando
poemas ora devaneando, o homem imerge em reflexões existenciais.
Ator
e diretor citam como referências na elaboração da dramaturgia os autores Albert
Camus, Nelson Rodrigues, Jean-Paul Sartre, Friedrich Nietzsche e Samuel Beckett
(este último, segundo Molina, seria o gatilho para toda a criação). O texto,
poético, coloca a personagem em um lugar indefinido, em um outro plano, numa
situação de enfrentamento, inclusive da morte. “Esse homem em questão está
enclausurado interna, emocional e espiritualmente. Em um jogo com a plateia,
ele expõe o seu estado de alma durante esse questionamento existencial”,
argumenta Helio Cicero.
Wagner
Molina comenta que o espetáculo traz um pouco de muitas coisas; que soma a
vivência com a criação. “Posso dizer que esse texto reflete muito do que eu já
vivenciei como protagonista ou observador atento. Essas marcas são evidenciadas
ao conjugar meus poemas com inspirações provocadas pelas palavras de mestres da
dramaturgia mundial, sem deixar de citar Fernando Pessoa, mestre primeiro,
inspirador e companheiro de longa data”, declara. “Assim como é comum em
Beckett, em Apesar de Tudo observa-se e reflete-se sobre o quase nada da
vida, como se fosse um acúmulo de banalidades fúteis tão presentes nos dias
atuais, do qual pouco sobra na memória dos narradores beckettianos”, comenta o
ator e autor.
O
cenário intimista traz elementos essenciais, como um praticável e um varal de
retalhos que remete aos fragmentos de memórias, de onde a personagem surge para
as cenas. Wagner Molina conta com Bianca Malheiro, atriz que tem participação
lhe dando suporte em algumas cenas, e Mariana Franzin, violoncelista que
executa temas da trilha sonora ao vivo. Eliane Verbena – Brasil
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FICHA
TÉCNICA - Texto e interpretação: Wagner Molina. Direção geral: Helio Cicero. Colaboração
artística: Cesar Ribeiro. Direção de produção: Daniel Torrieri
Baldi. Trilha sonora original: Tony Berchmans. Cenário e figurino:
Marisa Rebollo. Iluminação: Rodrigo Sawl. Assistência de direção e
participação/cena: Bianca Malheiro. Violoncelista: Mariana Franzin. Operação
de luz: Igor Yabuta. Contrarregragem: Guilherme Maia. Cenotécnica:
Armazém Cenográfico. Montagem: Gabriel Rodrigues. Assessoria Contábil:
Contabilizi - Gestão Contábil. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Design
gráfico: Felipe Barros. Fotografia artística: Ivan Berger. Produção
executiva: Fernanda Lorenzoni. Projeto realizado com recursos do Edital
ProAC Expresso Direto - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e
Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.
Espetáculo: Apesar
de Tudo
Estreia: 8 de
julho de 2023 – sábado, às 21h
Temporada: 8 de
julho a 20 de agosto de 2023
Dias / horários:
Sextas (às 20h30), sábados (às 21h) e domingos (às 18h)
Sessões com intérprete de Libras: 15 e 16 de julho (sábado e domingo).
Ingressos: R$
40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-entrada).
Vendas online: Sympla - www.sympla.com.br |
https://www.giostricultural.com.br/programacao
Duração: 50 min.
Gênero: Drama. Classificação: 14 anos.
Acessibilidade
gratuita para portadores de necessidades especiais - Agendamento pelo telefone
da bilheteria do teatro.
Giostri Teatro
Rua
Rui Barbosa, 201 - Bela Vista, São Paulo/SP.
Tel.: (11) 2309-4102. Capacidade: 100 lugares.
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Wagner Molina
(texto e interpretação) - Nascido em 1962 na cidade de São Paulo, Wagner Molina
cursou teatro no TUCA - Teatro da Universidade Católica de São Paulo e, desde
então, não parou. Atuou em peças como: O Fingidor, texto e direção de
Samir Yasbek; Os Justos, de Albert Camus, com direção de Roberto Lage; O
Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues e direção de Sergio Ferrara; Mesa
pra Dois, comédia de Alessandro Marson, com direção de Helio Cícero e
Fabíola Peña. Seu primeiro contato com a TV foi em Marisol (SBT), seguida por
Canavial de Paixões e outras na mesma emissora. Na Rede Globo, participou das
novelas O Profeta (como Jaya Raj), Cama de Gato (como Fiasco), Cordel
Encantado, Malhação e A Favorita. Atuou nas séries Vade
Retro (Rede Globo), Unidade Básica de Saúde (Universal), Psi e O
Negócio (ambas na HBO), DesEncontros (Sony) e Milagres de Jesus
(Rede Record). No cinema, atuou em Bingo - O Rei das Manhãs, de Daniel
Rezende (selecionado para representar o Brasil no Oscar 2018), Real, de
Rodrigo Bittencourt, Magal e os Formigas, de Newton Cannito, A
Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum, de Ana Carolina
Soares, e Caju com Pizza, de Francisco Ramalho.
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Helio Cicero
(direção) – Dirigido no teatro por Antunes Filho, Ulysses Cruz, Cibele Forjaz,
Eduardo Tolentino, Gabriel Villela, Bob Wilson, Domingos Nunez, Cesar Ribeiro
entre outros. Participou das novelas Rei do Gado, Imigrantes, Serras Azuis,
Amor e Ódio, Canavial de Paixões e Cristal, e das minisséries JK e O Rei da TV.
Trabalhou nos longas-metragens Stand Up ou Morra, Águas Selvagens, Tapete
Vermelho, Boleiros Dois, Cara ou Coroa, Cidade Imaginária e Anita e
Garibaldi. Recebeu os prêmios Inacen em 1985, Mambembe em 1989, e Apetesp
em 1992 como melhor ator; em 2005 foi indicado ao prêmio Shell de melhor
diretor e 2015 de melhor ator. Em 2023 segue em cartaz com o espetáculo O
Arquiteto e o Imperador da Assíria, e conta com três estreias.
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