Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 25 de março de 2021

Macau - Perda de quadros bilingues preocupa empresários lusófonos

A Associação Comercial Internacional de Empresários Lusófonos alertou para a perda de quadros bilingues, em Português e Chinês, em Macau. Considerando que a situação é preocupante, a associação pediu mais apoios no emprego para profissionais que dominam as duas línguas oficiais da RAEM. Recorde-se que o grupo de avaliação da Academia Chinesa de Ciências Sociais que elaborou o Relatório de Avaliação Externa por ocasião do 15º aniversário do Fórum Macau defendeu que só com quadros bilingues poderá “haver grandes mudanças” na Plataforma China-Países de Língua Portuguesa


Devido à redução no número de ofertas de emprego para os quadros bilingues, em Português e Chinês, a Associação Comercial Internacional de Empresários Lusófonos mostrou-se preocupada com a nova “fuga” desses profissionais no território.

Latonya Leong, vice-presidente da associação, sublinhou que o desenvolvimento do papel de Macau como plataforma de cooperação comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa depende de quadros chineses e lusófonos. Ao Jornal Tribuna de Macau, a responsável lamentou que, “embora o Fórum Macau tenha sido criado há 17 anos, o problema dos recursos humanos ainda está por resolver”.

Na sua observação, “os graduados do curso de Português não conseguem encontrar emprego que corresponda àquilo que estudaram na escola em Macau, razão pela qual a perda de quadros bilingues é acentuada no território”. Em concreto, Latonya Leong exemplificou com a situação ocorrida no contexto da pandemia: o número de postos de trabalho diminuiu, afectando a carreira dos estudantes que tiraram os cursos de Tradução de Chinês-Português, Educação e Gestão.

Com o objectivo de melhor aproveitar as vantagens dos quadros bilingues no desenvolvimento da Grande Baía, a associação solicita, assim, “uma maior cooperação entre as universidades locais e as associações ligadas aos países lusófonos”. Nesse sentido, Latonya Leong espera que sejam realizadas sessões de esclarecimento para que as empresas lusófonas expliquem presencialmente quais os tipos de quadros procurados, reforcem as operações comerciais bilingues e que organizem feiras de emprego para que melhor se perceba as necessidades sentidas dos dois lados. Desta forma, acredita que será possível atrair mais quadros bilingues.

Por outro lado, a associação valoriza muito a mobilidade dos quadros. Isto é, os talentos bilingues devem ter uma maior mobilidade entre as cidades na Grande Baía. Para concretizar esta ideia, a associação sugere que o Governo atribua subsídios às empresas da Grande Baía para que tomem a iniciativa de contratar profissionais bilingues.

Ademais, segundo Latonya Leong, “os serviços competentes devem aperfeiçoar a gestão dos recursos humanos dos bilingues, com o objectivo de que sejam recomendados às empresas”. Em relação aos trabalhadores que estão a tirar licença sem vencimento, entende que o Governo de Macau deve ponderar organizar cursos de Português, visando a promoção da Língua Portuguesa na RAEM.

Apoio às instituições de ensino superior

O grupo de avaliação da Academia Chinesa de Ciências Sociais que elaborou o Relatório de Avaliação Externa por ocasião do 15º aniversário do Fórum Macau sugeriu, tal como noticiou este jornal, que a RAEM “aumente as reservas de talentos bilingues”, já que os quadros “são a chave” para a construção do Fórum, assim como para a Plataforma China-Países de Língua Portuguesa (PLP).

Sublinhando que o Governo da RAEM “negligenciou anteriormente a formação de talentos” na área do Português, os membros do grupo de avaliação afirmam que é algo imprescindível. “Somente intensificando a formação de talentos num período próximo poderá haver grandes mudanças na Plataforma China-PLP”, refere o documento.

Entre as sugestões dadas ao Executivo da RAEM para reforçar a formação de quadros bilingues em Chinês e Português estavam o aumento do número de bolsas de estudo, “permitindo aos estudantes de Macau ingressar em cursos de Português ou estudar nos PLP, e prestar atenção à comunicação com os bolsistas”, bem como “financiar a aprendizagem do Português por parte de residentes de Macau, assim como incentivar instituições privadas a oferecer cursos de Português”.

Por outro lado, deve “apoiar as instituições de ensino superior locais a abrir mais vagas e cursos de formação relacionados” e “aperfeiçoar a política de inserção de talentos, introduzindo talentos versados em Chinês e Português”.

No mesmo documento era ainda descrito que a RAEM deve esforçar-se para atrair e formar talentos, a fim de fornecer recursos humanos para o intercâmbio entre a China e os PLP. Considerando que as “instalações educativas da RAEM são relativamente desenvolvidas” e que “as instituições de ensino superior locais têm a capacidade de formação de talentos qualificados para a construção da Grande Baía”, o grupo defendia que “o Governo Central deve encorajar as instituições de ensino superior de Macau a admitir mais estudantes do Interior da China, especialmente da Área da Grande Baía, no sentido de desempenhar o papel de base educacional”.

“Ao mesmo tempo, o Governo da RAEM deve empenhar-se em proporcionar um ambiente mais flexível para a inovação e para o empreendedorismo em Macau, por exemplo, atraindo talentos técnicos de alto nível, tomando medidas de redução e isenção de impostos individuais ou fornecendo um ambiente de vida mais favorável e uma base de investigação e desenvolvimento, entre outras”, sugeriram os membros.

106 candidataram-se a programa de quadros qualificados

Até 31 de Janeiro deste ano, 106 pessoas candidataram-se ao Programa de Estímulo à Formação e aos Exames de Credenciação dos Quadros Qualificados. Segundo a Comissão de Desenvolvimento de Talentos, nove foram premiados nos Exames de Credenciação Sectoriais, todos de credenciação de electricista de manutenção, e três no Programa de Estímulo à Certificação Profissional de Talentos da Área das Tecnologias de Informação. Segundo o organismo, a maioria dos pedidos aos prémios do Programa de 2021 foram rejeitados por não ter sido apresentado o documento de acreditação emitido no corrente ano ou por este não estar em conformidade com o catálogo. Viviana Chan e Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


Sem comentários:

Enviar um comentário