Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 10 de março de 2021

Estados Unidos da América - Corpo de bombeiros de Newark ao serviço da população há quase 225 anos com crescente presença portuguesa


Cada vez é maior a presença de ‘soldados da paz’ portugueses e luso-americanos no corpo de bombeiros de Newark, a primeira linha dos serviços de protecção civil no maior centro urbano do estado de New Jersey.

De acordo com John Ferreira, presidente da Portuguese-American Firefighter Association (PAFA), criada em 2018, “para além dos 54 membros que neste momento fazem parte da PAFA, devem existir outros 10 ou 15, colocando o número total de bombeiros de origem portuguesa em Newark por volta dos 70.”

Há bombeiros a falar português um pouco por toda a corporação

Muito embora a grande concentração deva registar-se nos quatro quartéis localizados no Bairro Leste, onde está o grosso da comunidade portuguesa, há bombeiros a falar português um pouco por toda a corporação; os luso-americanos também estão a subir na carreira, existindo já, de acordo com Ferreira, um chefe português (Arthur Evaristo) e cerca de 7 capitães. “O nosso proximo objectivo é trazer uma mulher de origem lusa para as nossas fileiras”, afirma o presidente da PAFA, que já nasceu em Newark, com origens em Cantanhede e Murtosa, e está afecto ao ‘Engine 15’, na zona norte da cidade.

A apagar fogos há 224 anos

Criado há 224 anos, o Newark Fire Department (NFD) – ou Newark Fire Division, como também é designado, conta nos dias de hoje com 600 bombeiros a tempo inteiro, distribuídos por 16 quartéis; é a maior corporação do género em New Jersey, cobrindo a área superior a 26 milhas quadradas que compreende Newark, cuja população ronda os 300 mil habitantes.

Os bombeiros são profissionais (ou voluntários) dedicados à protecção de vidas humanas e bens em perigo, mediante a prevenção e extinção de incêndios, o socorro de feridos, doentes ou náufragos e ainda a prestação de outros serviços afins.

A prova da pujança da presença lusa no NFD, é bem visível num dos quartéis da corporação em North Newark. No ‘Ladder 6/Engine 13’, trabalham 5 bombeiros de origem portuguesa – incluindo o capitão José Alves, de 56 anos. “Tornei-me bombeiro em 1996 e, na altura, fui o quinto português a entrar para o NFD”, diz, em entrevista ao jornal Luso-Americano.

Transmontano, tinha perto de 10 anos quando emigrou para Newark, “onde vivo desde então e de onde acho que nunca vou sair.” Depois de ter passado por várias zonas da cidade, há 11 anos, ao subir a capitão, foi colocado no ‘Engine 13’, a orientar o grupo de sapadores que avança com as mangueiras de água.

Falar português “é uma mais-valia aqui em Newark”, reconhece o capitão, que diz ter convencido os seus superiores a permitirem a colocação de pequenos autocolantes da bandeira de Portugal nos capacetes. “Os estatutos dos bombeiros não permitem a utilização de símbolos, mas fizemos ver à NFD que, ao nos identificarmos de imediato como portugueses, chegamos mais depressa às pessoas no caso de um incêndio”, explica. “É muito reconfortante para os moradores da cidade que protegemos saberem que se podem comunicar na sua língua materna e a nós também nos simplifica a tarefa.”

Anthony Gomes, 34, está igualmente com o ‘Engine 13’; nasceu em Newark, filho de pais minhotos, e sempre sonhou ser bombeiro. “Foi aqui que cresci e me tornei homem e esta carreira permite-me ajudar a minha cidade e a minha gente”, diz.

Chegou há 4 anos a ‘soldado da paz’, depois de ter feito os exames de admissão à carreira e o treino de três meses na academia de formação. “Estive noutros quartéis antes de ter sido aqui colocado”, nota Gomes, que passava em pequeno os verões em Portugal com os avós e também fala o seu idioma.

Erasmo Assunção, 43, pertence à ‘Ladder 6’ e é também natural de Newark – com raízes na Murtosa. Tinha já 38 anos quando entrou para o NFD e actua com o grupo de sapadores que, ao chegar a um edifício em chamas, cria condições para a ventilação através do telhado e vai abrindo caminho às mangueiras de água.

“A COVID não representou uma grande mudança de actuação para nós, porque, como bombeiros, já estávamos habituados à utilização do equipamento de protecção individual”, refere.

Bowie Fonseca, 36, descobriu a profissão em 2014 e está afecto ao ‘Ladder 6’; nasceu e cresceu no Ironbound, filho de pai aveirense e mãe lisboeta. “Sempre gostei da combinação entre o trabalho manual e esta camaradagem que se sente entre bombeiros”, diz. “É uma espécie de irmandade em que nos protegemos uns aos outros. Aliás, quando temos mesmo de enfrentar um edifício em chamas, por exemplo, em vez de fugir dele, tem de haver confiança entre nós.”

Assunção também reconhece a imprevisibilidade do trabalho de sapador. “Seja num prédio a arder ou num automóvel que capotou na auto-estrada, tudo pode acontecer”, sublinha.

A diversidade como grandeza

A contribuição dos portugueses para a protecção civil em Newark não passa ao lado da alta cúpula do NFD. “O facto de termos no nosso seio elementos de vários grupos étnicos e até etários, só contribui para a grandeza do nosso departamento”, afirma o vice-chefe Richard Gail, responsável de operações, falando ao jornal Luso-Americano. “É esta força multicultural que nos permite quebrar o fosso entre o FDN e as comunidades que serve.” Henrique Mano – Estados Unidos da América in “Jornal Luso-Americano”








 

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