O
Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Associação para o
Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) realiza esta quarta-feira, 10 de
janeiro, uma demonstração de soluções de autoproteção de edifícios em caso de
incêndio rural.
Este
evento de demonstração de resultados do projeto “House Refuge” (Casa Segura),
terá lugar no Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, na Lousã, a
partir das 9h15.
Os
últimos anos têm-se caracterizado por uma tendência crescente na severidade e
frequência de grandes incêndios rurais. Uma análise ao registo histórico de
incêndios permite verificar que os seis maiores incêndios rurais alguma vez
registados ocorreram desde 2012. Para
além disso, estas grandes ocorrências têm tido enormes impactos no ambiente
construído, incluindo um número de vítimas mortais sem precedentes.
De
acordo com Miguel Almeida, investigador da ADAI e coordenador do projeto, «uma
das lições que se pode tirar das tragédias registadas é que, quando ocorrem
incêndios catastróficos, o dispositivo público de combate e proteção contra
incêndios rurais nunca é suficiente para acudir a todas as situações que
carecem de intervenção. Por outro lado, a alocação de meios para proteção de
cidadãos ou edifícios retira capacidade de supressão do incêndio, o que impede
uma atuação efetiva na raiz do problema».
Perante
tal, «compreende-se que a capacidade de autoproteção e as medidas de prevenção
e preparação dos cidadãos e comunidades para enfrentarem os incêndios rurais
são essenciais e cada vez mais urgentes no ciclo de gestão de grandes
incêndios. O que exige, por sua vez políticas públicas e medidas legislativas
ajustadas e eficazes ao magno desafio enfrentado», considera o especialista,
acrescentando que a atual legislação portuguesa relativa à gestão do risco de
incêndio rural na interface urbano florestal (IUF), no espaço onde a vegetação
e pessoas ou infraestruturas coexistem de forma expressiva, apresenta pouca
fundamentação científica que deveria servir-lhe de suporte.
Assim,
o projeto “House Refuge” surgiu com o intuito
de dar uma melhor resposta no âmbito da gestão do risco de incêndio na IUF à
escala da propriedade, ou seja, na construção e na sua envolvente até 50
metros. Desta forma, foram desenvolvidos vários conteúdos técnicos que se
focaram em componentes como a construção, a envolvente e a capacidade de
autoproteção.
Para
além disso, «foi feita uma análise à atual legislação e realizado um estudo ao
setor dos seguros sobre as suas práticas atuais e perspetivas futuras em
relação à assunção do risco de incêndio rural em edifícios. Está ainda prevista
a publicação de dois livros com resultados, um de índole científica e outro de
índole mais técnica, bem como a publicação de um conjunto de vídeos com
instruções básicas para que o cidadão comum possa perceber o que fazer antes,
durante e após um incêndio rural que ameace a sua casa e o seu ambiente
familiar» finaliza.
Além
da apresentação dos principais resultados obtidos no projeto, a sessão conta
com a partilha e debate de várias propostas científicas, técnicas e jurídicas
relativamente à gestão do risco de incêndio nestes espaços, olhando para o
cidadão enquanto elemento central de todo este processo.
O
programa do evento está disponível aqui. Universidade de Coimbra -
Portugal
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