Francisco Ricarte é o curador da nova exposição de fotografia da “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa”, que será inaugurada na próxima sexta-feira. “Somos Imagens da Lusofonia 2022 – Na Solidão dos Dias” é o nome da mostra patente na Casa Garden que nasce de um concurso organizado pela associação
A
“Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP)
inaugura esta sexta-feira, 12, a partir das 18h30, a exposição “Somos Imagens
da Lusofonia 2022 – Na Solidão dos Dias”, que estará patente até ao dia 28
deste mês na Casa Garden.
A
mostra conta com curadoria do arquitecto Francisco Ricarte, apresentando as
fotografias vencedoras do concurso lançado em Julho do ano passado, assim como
as menções honrosas e outras imagens que o júri considerou relevantes por
promoverem a comunicação em língua portuguesa e a disseminação das tradições e
características lusófonas.
A
quarta edição deste concurso de fotografia, organizado anualmente pela
“Somos!”, teve como mote “uma autorreflexão fotográfica sobre a solidão vivida
nos dias de restrições impostas globalmente pelas autoridades sanitárias,
medidas que causaram medo, solidão e deixaram-nos órfãos de afectos”, esclarece
a associação em comunicado. Assim, as imagens seleccionadas “transbordam o que
sentiram as comunidades dos países de língua portuguesa e de Macau nesse
período”, pretendendo-se agora, “com o devido distanciamento, dar uma visão de
como se vai fechando esse ciclo de solidão”.
Dos vencedores
O
brasileiro Raphael Alves foi o grande vencedor do concurso com a fotografia
intitulada “Insulae”, arrecadando, desta forma, o primeiro prémio, no valor de
dez mil patacas. A imagem foi captada num cemitério em Manaus, no Brasil. Na
memória descritiva, Raphael Alves refere que a fotografia retrata as
desigualdades socioeconómicas e a “falta de políticas para a região mostraram a
fragilidade do maior estado brasileiro, o Amazonas”. “Durante a pandemia de
covid-19, apenas três familiares de cada vítima podiam comparecer aos enterros
nos cemitérios de Manaus. Uma morte isolada”, acrescentou.
O
segundo prémio, no valor de cinco mil patacas, foi atribuído ao português Jorge
Meira, que apresentou a fotografia “Safe Distance”, tirada em Julho de 2020 em
Vila Praia de Âncora, depois do plano de desconfinamento do Governo português
que previa um distanciamento de 1,5 metros entre veraneantes. “Alguns fizeram
marcações na areia para garantirem o cumprimento das medidas governamentais.
Por
sua vez, Dário Paraíso arrecadou o terceiro prémio, de 3500 patacas, com uma
imagem de São Tomé, captada no Mercado de Bobo Forro em 2020. A “Espera”,
descreve a paragem no tempo há muito conhecida de São Tomé e Príncipe que “após
a sua independência, as estruturas físicas e matérias pararam no tempo de mãos
dadas com as estruturas imateriais (…) Aqui já se sabia o seu significado.
Isolamento. Insularidade. Distâncias. Separação.”
Outras distinções
Este
ano foram também atribuídas três menções honrosas, nomeadamente a Bruno Taveira
com a fotografia “Em busca do essencial”, que retrata uma fila de pessoas na
busca incessante de bens alimentares, de primeira necessidade, nos
supermercados no Concelho de Cascais, logo após o Governo português decretar o
estado de emergência.
Por
sua vez, Rodrigo Cabrita foi distinguido com “Solidão Colectiva”, uma imagem
descritiva do dia-a-dia da sua própria família, o “eu” inserido numa espécie de
solidão colectiva, esbatida pelas tecnologias. Já o moçambicano Marcos Júnior
destacou-se com a fotografia “Distância”, onde o fotógrafo refere nunca ter
imaginado que uma doença pudesse impedir os afectos, sobretudo de alguém que
saiu do seu ventre.
O
concurso fotográfico foi aberto a todos os cidadãos dos países e regiões da
Lusofonia e residentes de Macau, com fotografias tiradas em qualquer um destes
locais: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal,
São Tomé e Príncipe, Timor-Leste ou Goa, Damão e Diu.
O
painel de jurados foi composto por um grupo de fotojornalistas de Macau, Brasil
e Portugal, designadamente Gonçalo Lobo Pinheiro, presidente do júri e
representante da Somos – ACLP, Rui Miguel Pedrosa; Francisco Ricarte; Marcio
Pimenta e Henry Milleo. In “Hoje Macau” - Macau
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