O professor Domingos de Sousa, decano da Faculdade de Educação da Universidade Católica timorense, afirmou em entrevista à Lusa que o problema principal que Timor-Leste hoje enfrenta na educação é o de recursos humanos qualificados
“Acho
que temos problemas muitos sérios na educação. O problema principal que hoje
enfrentamos na educação é o de recursos humanos qualificados”, disse Domingos
de Sousa.
A
preocupação com a educação levou o professor Domingos de Sousa e outros
académicos e antigos governantes a criarem um grupo de reflexão, há sete anos,
para arranjar soluções e respostas para a questão, fundamental para o
desenvolvimento de Timor-Leste. “A resposta é uma Escola Superior de Educação,
que realmente foque a sua atenção na capacitação dos recursos humanos, que
possam trabalhar, que compreendam e que possam transmitir aos estudantes as
técnicas de conhecimento, dos conteúdos, das matérias. Isto é que é o
essencial”, afirmou o professor.
Domingos
de Sousa explicou que, na aquela escola, seria dado “grande ênfase à língua
portuguesa, que é essencial”, e os alunos seriam formados durante cinco anos.
“Porque até agora o Ministério da Educação baralha tudo”, lamentou o académico.
Questionado
sobre se a proposta foi apresentada aos líderes políticos, Domingos de Sousa
disse que sim, a todos. “Este projecto funcionou durante dois anos e já fizemos
o trabalho de viabilidade, foi aprovado pelo Governo anterior. Eu creio que
isto vai pegar. Já falei com o primeiro-ministro [Xanana Gusmão] sobre este
aspecto. Estamos à espera que daqui a algum tempo se possa ver”, disse.
Para
o professor universitário, o projecto está pronto e só falta aplicá-lo e
construir as infraestruturas. “Sonhamos muito com isto. Até agora, nenhum
Governo pensou nisto. Isto foi a sociedade civil. Até agora, a educação anda
por aí em várias mãos. Queremos que a educação volte para nós”, pediu Domingos
de Sousa.
Em
Timor-Leste, com cerca de 1,3 milhões de habitantes há mais de 415 mil crianças
e jovens a frequentar o ensino primário, secundário e técnico, segundo dados do
Instituto Nacional de Estatística timorense, referentes a 2022.
Questionado
sobre a língua que deve ser utilizada na educação, o professor universitário
disse que deve ser a portuguesa, considerando-a como “ferramenta essencial”.
“Os alunos vão subindo no grau de ensino e vão enfrentar a ciência e precisam
de uma língua estruturada para que possam responder. Neste caso, em Timor-Leste
é a língua portuguesa, que faz parte da Constituição, e da identidade
timorense”, salientou.
O
professor defendeu também o ensino da língua portuguesa, porque em tétum é
“muito difícil explicar a matéria”, mas salientou que há mais jovens timorenses
a falar português.
“Não
é difícil porque o próprio tétum foi buscar muitas palavras à língua
portuguesa. O tétum é a base para aprenderem a língua portuguesa, que é
fundamental para o acesso ao conhecimento”, explicou.
Questionado
como o sector pode dar resposta a um dos países mais jovens do mundo, Domingos
de Sousa defendeu a capacitação dos jovens com escolas vocacionais. “O Governo
podia perfeitamente abrir mais escolas técnicas para ocupar os jovens e evitar
que vão para fora, porque aqui há trabalho. Isso é que devia acontecer, a
formação técnica dos jovens, porque sem opções de futuro emigram, mas o país
precisa deles e tem de os formar”, salientou, acrescentando que os recursos
humanos “não caem do céu”. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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