Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Timor-Leste - Problema da educação é a capacitação de recursos humanos, diz académico

O professor Domingos de Sousa, decano da Faculdade de Educação da Universidade Católica timorense, afirmou em entrevista à Lusa que o problema principal que Timor-Leste hoje enfrenta na educação é o de recursos humanos qualificados


“Acho que temos problemas muitos sérios na educação. O problema principal que hoje enfrentamos na educação é o de recursos humanos qualificados”, disse Domingos de Sousa.

A preocupação com a educação levou o professor Domingos de Sousa e outros académicos e antigos governantes a criarem um grupo de reflexão, há sete anos, para arranjar soluções e respostas para a questão, fundamental para o desenvolvimento de Timor-Leste. “A resposta é uma Escola Superior de Educação, que realmente foque a sua atenção na capacitação dos recursos humanos, que possam trabalhar, que compreendam e que possam transmitir aos estudantes as técnicas de conhecimento, dos conteúdos, das matérias. Isto é que é o essencial”, afirmou o professor.

Domingos de Sousa explicou que, na aquela escola, seria dado “grande ênfase à língua portuguesa, que é essencial”, e os alunos seriam formados durante cinco anos. “Porque até agora o Ministério da Educação baralha tudo”, lamentou o académico.

Questionado sobre se a proposta foi apresentada aos líderes políticos, Domingos de Sousa disse que sim, a todos. “Este projecto funcionou durante dois anos e já fizemos o trabalho de viabilidade, foi aprovado pelo Governo anterior. Eu creio que isto vai pegar. Já falei com o primeiro-ministro [Xanana Gusmão] sobre este aspecto. Estamos à espera que daqui a algum tempo se possa ver”, disse.

Para o professor universitário, o projecto está pronto e só falta aplicá-lo e construir as infraestruturas. “Sonhamos muito com isto. Até agora, nenhum Governo pensou nisto. Isto foi a sociedade civil. Até agora, a educação anda por aí em várias mãos. Queremos que a educação volte para nós”, pediu Domingos de Sousa.

Em Timor-Leste, com cerca de 1,3 milhões de habitantes há mais de 415 mil crianças e jovens a frequentar o ensino primário, secundário e técnico, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística timorense, referentes a 2022.

Questionado sobre a língua que deve ser utilizada na educação, o professor universitário disse que deve ser a portuguesa, considerando-a como “ferramenta essencial”. “Os alunos vão subindo no grau de ensino e vão enfrentar a ciência e precisam de uma língua estruturada para que possam responder. Neste caso, em Timor-Leste é a língua portuguesa, que faz parte da Constituição, e da identidade timorense”, salientou.

O professor defendeu também o ensino da língua portuguesa, porque em tétum é “muito difícil explicar a matéria”, mas salientou que há mais jovens timorenses a falar português.

“Não é difícil porque o próprio tétum foi buscar muitas palavras à língua portuguesa. O tétum é a base para aprenderem a língua portuguesa, que é fundamental para o acesso ao conhecimento”, explicou.

Questionado como o sector pode dar resposta a um dos países mais jovens do mundo, Domingos de Sousa defendeu a capacitação dos jovens com escolas vocacionais. “O Governo podia perfeitamente abrir mais escolas técnicas para ocupar os jovens e evitar que vão para fora, porque aqui há trabalho. Isso é que devia acontecer, a formação técnica dos jovens, porque sem opções de futuro emigram, mas o país precisa deles e tem de os formar”, salientou, acrescentando que os recursos humanos “não caem do céu”. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


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