O jornalista e filósofo Jessemusse Cacinda estreia-se na prosa narrativa com o livro Kwashala Blues, lançado na passada segunda-feira na Galeria do Porto de Maputo, com a apresentação do Prof. Doutor Lourenço do Rosário e da Profa. Doutora Stélia Muianga.
Conforme
avança a nota de imprensa sobre a cerimónia de lançamento, Jessemusse Cacinda
já era um cultor da crónica que roçava o território ficcional, agora publica o
seu primeiro livro, no qual os géneros se misturam e encontram uma outra via da
escrita num realismo mágico com fortes inspirações na oralidade e cultura
popular. “Kwashala Blues”, editado pela Ethale Publishing, junta a crónica, o
conto e o romance num só livro.
A
professora e ensaísta brasileira da Universidade Federal da Paraíba, Vanessa
Pinheiro, após ter lido, entendeu que “Kwashala Blues revela camadas
interpretativas que o leitor descobre aos poucos, embevecido. O leitmotiv é a
morte do pai do protagonista, que desencadeia memórias afectivas narradas em
curtos relatos. Estes relatos são sintetizados por Cacinda pela metáfora
musical do ritmo popular moçambicano kwashala que, assim como a vida mimetizada
na trama, tem oscilações e nuances.”
Já
a prefaciadora do livro analisa que Kwashala Blues convida o leitor para uma
viagem, desde Maputo até a Nampula, por sinal, onde nasce e cresce o autor da
obra. E, a partir daí, indica, “se a capital moçambicana acaba sendo um
contraponto vibrante de Nampula, essa cidade assume contornos mais definidos à
medida em que viajamos pela vida dos seus habitantes, entre Muahivire e
Namicopo. As marcas da ocupação colonial no Índico ainda assombram os dias
tranquilos de um professor, dos estudantes e, também, a vida do jovem em luto
pela morte do pai. Em Iapala, a história familiar entrecruza-se com a do
caminho dos sacos de sal e açúcar em trânsito para o Malawi, tanto ouvido nas
histórias dos mais velhos.” O prefácio é assinado por Noemi Alfieri, professora
da Universidade Bayreuth da Alemanha.
Jessemusse
Cacinda nasceu em Nampula, Moçambique. É fundador da editora Ethale Publishing,
vocacionada na promoção da literatura e do pensamento africano.
Foi
jornalista na Rádio Moçambique, onde venceu o prémio “Qualidade” nas categorias,
“Melhor Crónica” (2012) e “Melhor Reportagem Temática” (2013) e Co-Director do
Festival Fim do Caminho (Nampula, Moçambique).
Coordenou
as antologias “O Hamburguer que matou Jorge” (Ethale Publishing, 2017) e
“Nampula: Antologia de his-es-tórias de uma cidade vibrante” (Ethale
Publishing, 2022). Participou na antologia “Contos e crónicas para ler em casa
II” (Literatas, 2020). Publicou o livro de entrevistas “Pensar Africa” (Ethale
Publishing/Literatas, 2021). Participou como autor de capítulos nos livros
“Desafios da Comunicação no sec XXI” (Década de Palavras, 2018), “Moçambique
Neoliberal” (Ethale Publishing/Editora Educar, 2019), “Do Quarto ao Quinto
Homem” (Ethale Publishing, 2021) e “Caderno de Música Moçambicana” (Kuphaya,
2023), e coordenou o livro “Moçambique: Emergência, Reconstrução e Resiliência”
(Ethale Publishing/AMEA, 2022). Tem textos publicados nas revistas Índico e
Literatas, e na Doeck Literary Magazine. Trabalha como redactor de
radionovelas, documentários, reportagens, relatórios e manuais.
Estudou
Filosofia, Jornalismo, Sociologia do Desenvolvimento e Gestão de Projectos. In “O País” - Moçambique
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