Promovidos pela Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos, os cursos de Português vocacionados para os negócios contam actualmente com cerca de 60 alunos e estão numa fase estável, considera Eduardo Ambrósio. Por outro lado, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, o presidente da associação defende que o Governo deve dar mais incentivos a quem pretende ter ligações comerciais com os países lusófonos, incluindo a criação de um seguro contra riscos nas exportações
Os
cursos em Língua Portuguesa virados para a área dos negócios, que a Associação
Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos (ACIML) promove há já 20
anos, são frequentados actualmente por 60 alunos. Este universo inclui 30% de
empresários, 30% de empregados bancários, 20% de funcionários públicos e 20% de
professores, explicou o presidente da associação ao Jornal Tribuna de Macau.
“Desde
que instituímos os cursos, já cerca de 1500 pessoas aprenderam Português e
algumas delas estão a trabalhar como tradutores em Angola e Moçambique”,
especificou Eduardo Ambrósio, para quem Macau deveria formar mais pessoas para
desenvolverem negócios com os países de Língua Portuguesa (PLP), do mesmo modo
que o Governo deveria motivar mais os que querem aprender Português para poder
“ir trabalhar para os países africanos”.
Um
dos objectivos da formação em Português, acrescenta Eduardo Ambrósio, “é que
Macau seja um ‘trading-port’, como Hong Kong, servindo para acções
comerciais com países como Portugal”. Com 30 milhões de pessoas a falar a
Língua Portuguesa, “isso deveria ser aproveitado para oportunidades de
negócio”, sublinhou, ao sugerir que o Governo incentive e subsidie viagens aos
alunos e às pessoas que estão a aprender Português para irem a Portugal, Angola
ou Moçambique, por exemplo, “para ver in loco a realidade e a situação
comercial desses países”.
A
própria ACIML está a planear uma deslocação a Portugal. “Estamos a contactar as
pessoas, porque pretendemos realizar essa excursão em finais de Novembro,
princípios de Dezembro deste ano, para 30 empresários e 20 turistas. Muitos
destes têm passaporte português mas nunca visitaram Portugal, por isso deveriam
e têm a obrigação de ir a Portugal pelo menos uma vez na vida”, salientou.
Sobre
as dificuldades com que se deparam as empresas exportadoras e importadoras, o
empresário reaviva a “luta de há 20 anos” para que seja criado um seguro contra
os riscos nas exportações. “Não existe em Macau, ao contrário do que acontece
em quase todas as cidades do mundo”, lamenta Eduardo Ambrósio, destacando que
na China há seguros que cobrem todas as exportações para países de grande
risco.
“Estamos
a exportar os produtos de Macau e da China com o nosso próprio risco”,
completa, frisando que, mesmo antes da criação do Fórum para a Cooperação
Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa,
“estávamos nesta luta há muito tempo, mas o Governo não tem feito nada nessa
matéria”.
Em
geral, Eduardo Ambrósio entende que Macau poderia fazer mais em prol da ligação
comercial com os PLP. “Como intermediários, poderíamos fazer algum dinheiro
aqui, diversificar os nossos negócios, mas estamos algo desapontados porque o
Governo tem feito pouco, faltam incentivos”, insistiu.
Por
outro lado, lembra, o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de
Língua Portuguesa obriga as empresas interessadas em obter apoio a garantir um
investimento mínimo de cerca de cinco milhões de dólares americanos e o fundo
apenas financia 20%. “Macau tem injectado 40% do capital para esse fundo, por
isso, julgo que cerca de meio milhão de dólares era suficiente, até porque
Macau é uma terra de pequenas e médias empresas”.
Explorar oportunidades em Timor-Leste
O
ramo de actividade comercial de Eduardo Ambrósio é diversificado, mas a aposta
de há vários anos tem sido a exportação de produtos para países lusófonos,
colocando em prática os objectivos da associação que fundou. “Nos dias de hoje
exportamos motorizadas para África, países como Angola e Moçambique, e estamos
a tentar trazer o caju de Moçambique e importar café de Timor-Leste”.
O
empresário irá este ano a Timor-Leste “para ver mais oportunidades de negócio,
como petróleo e gás natural”, e também para “dar um abraço” ao seu “amigo”
Xanana Gusmão.
Quanto
ao fluxo de negócios, “Portugal está em primeiro lugar e continuará a sê-lo,
mas estamos a fazer um grande esforço para que as trocas comerciais com os PLP
melhorem substancialmente no futuro próximo”, assegurou.
Para
além da exportação de produtos médicos descartáveis, a medicina tradicional
chinesa é outra aposta de Ambrósio. “Há mais laboratórios na China e estamos a
trabalhar para tentar inscrever alguns desses produtos em Portugal e países
africanos de língua portuguesa”, revelou.
Eduardo
Ambrósio reconhece que em primeiro lugar estão os negócios, “até porque não
somos uma associação de caridade”, mas fundamentalmente “Macau tem de servir
também de ponte entre a China e os países lusófonos”, em termos de intercâmbio
comercial. Vitor Rebelo – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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