Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Macau - Associação pede mais incentivos para ligações comerciais com Países de Língua Portuguesa

Promovidos pela Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos, os cursos de Português vocacionados para os negócios contam actualmente com cerca de 60 alunos e estão numa fase estável, considera Eduardo Ambrósio. Por outro lado, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, o presidente da associação defende que o Governo deve dar mais incentivos a quem pretende ter ligações comerciais com os países lusófonos, incluindo a criação de um seguro contra riscos nas exportações

Os cursos em Língua Portuguesa virados para a área dos negócios, que a Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos (ACIML) promove há já 20 anos, são frequentados actualmente por 60 alunos. Este universo inclui 30% de empresários, 30% de empregados bancários, 20% de funcionários públicos e 20% de professores, explicou o presidente da associação ao Jornal Tribuna de Macau.

“Desde que instituímos os cursos, já cerca de 1500 pessoas aprenderam Português e algumas delas estão a trabalhar como tradutores em Angola e Moçambique”, especificou Eduardo Ambrósio, para quem Macau deveria formar mais pessoas para desenvolverem negócios com os países de Língua Portuguesa (PLP), do mesmo modo que o Governo deveria motivar mais os que querem aprender Português para poder “ir trabalhar para os países africanos”.

Um dos objectivos da formação em Português, acrescenta Eduardo Ambrósio, “é que Macau seja um ‘trading-port’, como Hong Kong, servindo para acções comerciais com países como Portugal”. Com 30 milhões de pessoas a falar a Língua Portuguesa, “isso deveria ser aproveitado para oportunidades de negócio”, sublinhou, ao sugerir que o Governo incentive e subsidie viagens aos alunos e às pessoas que estão a aprender Português para irem a Portugal, Angola ou Moçambique, por exemplo, “para ver in loco a realidade e a situação comercial desses países”.

A própria ACIML está a planear uma deslocação a Portugal. “Estamos a contactar as pessoas, porque pretendemos realizar essa excursão em finais de Novembro, princípios de Dezembro deste ano, para 30 empresários e 20 turistas. Muitos destes têm passaporte português mas nunca visitaram Portugal, por isso deveriam e têm a obrigação de ir a Portugal pelo menos uma vez na vida”, salientou.

Sobre as dificuldades com que se deparam as empresas exportadoras e importadoras, o empresário reaviva a “luta de há 20 anos” para que seja criado um seguro contra os riscos nas exportações. “Não existe em Macau, ao contrário do que acontece em quase todas as cidades do mundo”, lamenta Eduardo Ambrósio, destacando que na China há seguros que cobrem todas as exportações para países de grande risco.

“Estamos a exportar os produtos de Macau e da China com o nosso próprio risco”, completa, frisando que, mesmo antes da criação do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, “estávamos nesta luta há muito tempo, mas o Governo não tem feito nada nessa matéria”.

Em geral, Eduardo Ambrósio entende que Macau poderia fazer mais em prol da ligação comercial com os PLP. “Como intermediários, poderíamos fazer algum dinheiro aqui, diversificar os nossos negócios, mas estamos algo desapontados porque o Governo tem feito pouco, faltam incentivos”, insistiu.

Por outro lado, lembra, o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa obriga as empresas interessadas em obter apoio a garantir um investimento mínimo de cerca de cinco milhões de dólares americanos e o fundo apenas financia 20%. “Macau tem injectado 40% do capital para esse fundo, por isso, julgo que cerca de meio milhão de dólares era suficiente, até porque Macau é uma terra de pequenas e médias empresas”.

Explorar oportunidades em Timor-Leste

O ramo de actividade comercial de Eduardo Ambrósio é diversificado, mas a aposta de há vários anos tem sido a exportação de produtos para países lusófonos, colocando em prática os objectivos da associação que fundou. “Nos dias de hoje exportamos motorizadas para África, países como Angola e Moçambique, e estamos a tentar trazer o caju de Moçambique e importar café de Timor-Leste”.

O empresário irá este ano a Timor-Leste “para ver mais oportunidades de negócio, como petróleo e gás natural”, e também para “dar um abraço” ao seu “amigo” Xanana Gusmão.

Quanto ao fluxo de negócios, “Portugal está em primeiro lugar e continuará a sê-lo, mas estamos a fazer um grande esforço para que as trocas comerciais com os PLP melhorem substancialmente no futuro próximo”, assegurou.

Para além da exportação de produtos médicos descartáveis, a medicina tradicional chinesa é outra aposta de Ambrósio. “Há mais laboratórios na China e estamos a trabalhar para tentar inscrever alguns desses produtos em Portugal e países africanos de língua portuguesa”, revelou.

Eduardo Ambrósio reconhece que em primeiro lugar estão os negócios, “até porque não somos uma associação de caridade”, mas fundamentalmente “Macau tem de servir também de ponte entre a China e os países lusófonos”, em termos de intercâmbio comercial. Vitor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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