Inês Pereira, investigadora no Centro de Geociências do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (FCTUC) acaba de conquistar um financiamento de 2,5 milhões de euros do European Research Council (ERC) para um período de cinco anos.
A
Bolsa ERC Starting Grant vai ser aplicada no projeto FINGER-PT – Fingerprinting
cold subduction and Plate Tectonics using key minerals, que tem início em
janeiro de 2024 e visa desenvolver e testar novas ferramentas que permitam
rastrear a evolução da tectónica de placas ao longo do tempo e, efetivamente,
estabelecer quando é que tal dinâmica se iniciou.
«Apesar
dos grandes esforços para compreender a evolução da tectónica de placas, ainda
não sabemos exatamente quando é que esta incrível dinâmica começou a operar.
Apenas sabemos que quando a Terra se formou há cerca de 4570 milhões de anos
ela não existia e, hoje em dia, pelo menos desde há 1000 milhões de anos,
existe», afirma Inês Pereira.
Segundo
a investigadora do Centro de Geociências do DCT, esta bolsa permitirá a criação
de dois novos laboratórios na FCTUC. Um dos espaços terá um instrumento único
ao nível da Península Ibérica e para as Ciências da Terra, nomeadamente um
sistema integrado de microscopia eletrónica de varrimento e espectroscopia
Raman, enquanto o outro laboratório dará a possibilidade de trabalhar em
geocronologia absoluta, a partir de um sistema acoplado de um laser e um
espectrómetro de massa. Ambos irão ajudar a colmatar uma lacuna que existe a
nível de acesso a este tipo de equipamento a investigadores da área das
Ciências da Terra em Portugal.
«Para
além de serem essenciais para a execução deste projeto, pretende-se que, a
longo prazo, estes laboratórios se tornem uma referência nacional e
internacional nas Ciências da Terra, e constituam uma excelente oportunidade
para reforçar a formação dos nossos estudantes nas áreas da geoquímica e
geocronologia», revela Inês Pereira.
A
abordagem inovadora do FINGER-PT, explica a investigadora, «passa pela
utilização de alguns minerais que tenham sido testemunhas da operação de zonas
de subdução frias no passado da Terra. Tal só é possível através de uma análise
detalhada e exaustiva do registo mineral, preservado em rochas sedimentares,
utilizando ferramentas que nos permitam determinar a pressão, temperatura e
idade de formação desses minerais. Um enorme desafio», conclui.
O
projeto, que contará com o apoio dos professores Pedro Dinis (FCTUC) e Kenneth
Koga (Université d’Orlèans), da investigadora Emilie Bruand (Geo-Ocean) e da
equipa do Matteo Alvaro (Università di Pavia), decorrerá essencialmente na
FCTUC, ainda que uma importante porção de trabalho venha a ser desenvolvido na
Université d'Orlèans, em França. O FINGER-PT contempla ainda curtas estadias
noutros institutos europeus e a realização de trabalho de campo em quatro
continentes. Universidade de Coimbra - Portugal
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