O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, inaugurou o Centro Cultural Moçambique-China, o segundo maior de África com 20 mil metros quadrados, três salas para teatro, espectáculos musicais e eventos corporativos, com uma capacidade para 500 pessoas, outras para 412, destacando-se a maior para 1500 pessoas.
O
edifício, localizado junto ao campus principal da Universidade Eduardo
Mondlane, é fruto da cooperação bilateral entre Moçambique e China, onde os
dois países assinaram, em 2015, um acordo de financiamento, para a construção,
de 50 milhões de dólares, provenientes da China.
Numa
sala cheia, composta por membros do Governo, académicos e artistas, Filipe
Nyusi disse, na ocasião, que o edifício cuja primeira pedra foi lançada em 2018
é de todos e, por isso, deve ser bem conservado.
“A
equipa que vai trabalhar neste centro deve-se capacitar para que tenha uma
percepção mais completa sobre a infra-estrutura, com olhos postos no
desenvolvimento institucional”, recomendou Nyusi, para depois acrescentar “aos
artistas, exige-se de vós o sentido de pertença, capitalizando e explorando
todas as capacidades deste centro, assim contribuindo, não apenas para a sua
manutenção, como também de maneira previsível para a renda das vossas famílias
e geração atrás de geração”.
Já
o embaixador da China em Moçambique, Wang Hejun, afirmou que este investimento
não começou “hoje”, uma vez que a relação cultural entre Moçambique e China vem
muito antes da independência de Moçambique.
O
centro não só vai servir para enriquecer a vida cultural do povo moçambicano,
como também vai fornecer uma nova plataforma para China e Moçambique
fortalecerem os intercâmbios culturais.
“Este
espaço servirá também para os dois povos partilharem novas ideias e novos
conceitos e melhorarem juntos através da comunicação, compreensão, respeito e
apreciação mútuos, construindo, assim, uma estrada de intercâmbio
civilizacional entre a China e Moçambique”, disse Hejum.
Em
representação da classe artística, o músico Moreira Chonguiça referiu que o
centro é algo há muito esperado, pois fazia falta aos artistas. Chonguiça disse
que, com a inauguração, estão criadas as condições para os artistas fazerem a
exposição da sua criatividade.
“Este
evento é um marco na história da indústria cultural e criativa em Moçambique,
um sector em franco desenvolvimento e que está associado ao empreendedorismo
que, de forma activa, protege e preserva a cultura moçambicana”, enalteceu
Chonguica.
Nyusi homenageia e reconhece feitos de Samora Machel na
cultura
Se
estivesse vivo, Samora Machel, o primeiro Presidente de Moçambique, completaria
hoje, 29 de Setembro, 90 anos. A inauguração do Centro Cultural
Moçambique-China foi feita, ontem, propositadamente em homenagem a Samora
Machel, como forma de reconhecer os seus feitos pela valorização da cultura.
Na
ocasião, o Presidente da República falou da vida e obra de Samora Machel,
destacando que a sua trajetória foi cheia de desafios e missões, que soube
sempre ultrapassar.
Nyusi
disse que Machel, mais do que proclamar a independência do país, lutou para
recuperar, desenvolver e dignificar a vivência, as tradições e os
comportamentos, bem como lutou para a valorização das línguas nacionais.
“Para
Samora, era inconcebível que um moçambicano digno de nome, sem conhecer,
praticar e ter orgulho da sua cultura”, disse Nyusi e prosseguiu “Machel lutou
pela valorização das nossas músicas, dança; valorizava a indumentária, as
artes, entre outras manifestações culturais do povo moçambicano”.
O
Chefe de Estado disse ainda que o primeiro Presidente de Moçambique entendeu
que a cultura é a maneira de ser e estar e relacionar-se desde o nascimento até
à morte dos indivíduos.
A
homenagem de Nyusi prosseguiu e Graça Machel, viúva de Samora Machel,
reconheceu os feitos do seu esposo na cultura, ainda em vida.
Graça
Machel disse que o papel de Machel e também da Frelimo na cultura começou antes
da independência, ainda na luta de libertação nacional.
“A
Frelimo, na altura, decidiu claramente que a luta de libertação nacional não
era apenas uma luta militar; era também uma luta para aprendermos a produzir,
para aprendermos a valorizar a educação, mas, sobretudo, fazer da cultura um
elemento de ligação entre todos os moçambicanos que vinham de todas as
províncias moçambicanas, mas que não falavam a mesma língua. A primeira forma
de união foram as manifestações culturais”, recordou Graça Machel. Julieta
Zucula – Moçambique in “O País”
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