O Conselho de Ministros timorense aprovou conceder um terreno na zona de Caicoli, no centro de Díli, para a construção das novas instalações da Escola Portuguesa de Díli, anunciou o executivo
A
referência à decisão faz parte do comunicado da reunião do Governo, explicando
que foi tomada com base numa proposta do ministro da Justiça, Amândio de Sá
Benevides, sem avançar detalhes adicionais.
“O
terreno está localizado à frente do Tribunal de Recurso e tinha sido, no
passado, concedido a uma empresa privada que ia ali fazer um hotel. Até à data,
e depois de vários anos, nada foi feito, portanto o Governo decidiu entregar o
terreno para a Escola Portuguesa de Díli”, disse Amândio de Sá Benevides à
Lusa. “Trata-se de uma resposta a um pedido ao primeiro-ministro Xanana Gusmão
feito pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, durante a sua visita a
Timor-Leste”, explicou.
Sá
Benevides disse que a concessão do terreno, que permitirá a expansão das atuais
instalações da Escola Portuguesa de Dili, confirma a importância que
Timor-Leste dá à formação em língua portuguesa e à relação com Portugal. “O
programa do Governo destaca a importância da educação e formação, em
particular, da língua portuguesa. Isto confirma essa importância”, notou.
A
questão do futuro da Escola Portuguesa de Díli, que se debate com carência de
espaço e um crescente número de pedidos de novos alunos, tem vindo a ser
debatida há vários anos, chegando a ser proposto um projeto de alargamento das
actuais instalações, localizadas pelo do Cemitério de Santa Cruz.
O
assunto foi debatido entre os chefes dos dois Governos durante a curta visita a
Timor-Leste do primeiro-ministro, António Costa, em julho último.
Na
altura, num discurso perante dezenas de alunos do Externato São José, António
Costa destacou a importância da língua portuguesa em Timor-Leste, o único país
lusófono no continente asiático.
O
português “não é só mais uma língua, é a língua que faz a diferença”, defendeu
António Costa. “É esta diferença que reforça a identidade de Timor-Leste, faz a
identidade de Timor-Leste”, acrescentou na altura.
O
primeiro-ministro defendeu ser “muito importante que este ensino da língua [portuguesa]
prossiga e que se desenvolva”.
Em
Díli, António Costa confirmou o apoio ao alargamento do projeto bilateral dos
Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) – financiado conjuntamente
por Portugal e Timor-Leste – a todos os postos administrativos no país. O
primeiro-ministro português prometeu ainda reforçar o apoio à Escola Portuguesa
de Díli.
Em
Março, o director da Escola Portuguesa de Díli (EPD), Manuel Alexandre Marques,
disse ter reafirmado, num encontro com o Presidente timorense, José
Ramos-Horta, o empenho da instituição no ensino e divulgação da língua
portuguesa e a vontade de expandir as actuais instalações, que estão
sobrelotadas. “O Presidente recomendou que continuemos a trabalhar, a divulgar
o português entre todos os nossos alunos, e que façamos do português também uma
ferramenta de comunicação entre povos, fazer com que a língua portuguesa seja
um veículo de comunicação com todos e entre todos”, explicou, depois do
encontro com o chefe de Estado, José Ramos-Horta.
Marques
Alexandre Marques, que assumiu funções este ano, recordou o papel importante da
EPD no reforço das capacidades linguísticas em português da nova geração,
afirmado que é essencial, para isso, ampliar a escola para responder à
crescente procura. “Estamos com uma sobrelotação e também falámos sobre isso,
sobre a vontade do Estado português de ampliar a escola. Estão a ser estudadas
várias opções. Todo o processo está em estudo, inclusivamente pelo Governo para
podermos melhorar a EPD que é uma escola de referência em Timor-Leste e vai
continuar a ser”, explicou.
A
questão do alargamento da EPD já tinha sido um dos temas em debate na agenda da
visita que o secretário de Estado da Educação português, António Leite,
efectuou este ano a Timor-Leste.
No
caso da EPD, e como António Leite referiu à Lusa na altura, havia “três
possibilidades em cima da mesa (…) partindo do princípio de que se vai alargar
a escola”, estando a nova direcção a analisar o assunto antes de negociações
mais amplas para que a decisão final seja tomada, disse António Leite. “No passado
já houve um projeto [de ampliação]. Mas temos uma lista de espera de 600
crianças, o que tornaria a EPD uma das maiores escolas portuguesas no
estrangeiro”, explicou. A EPD tem atualmente mais de mil alunos. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário