Ao sétimo álbum, a cantora Lura canta o lado positivo da multiculturalidade, insistindo na necessidade de aceitar o outro e aventurando-se por inovações musicais que incorporam composições de nomes como Agualusa, Dino de Santiago e Angelique Kidjo
“O
nome que dei ao disco – Multicolor – tem a ver exatamente com isso, com as
várias cores de que sou constituída, toda esta minha miscelanização; os
encontros entre Cabo Verde, Portugal, com outras culturas, fazem de mim uma
pessoa de várias cores e quando se fala de cor, também se fala da cor da pele”,
disse em entrevista à agência Lusa.
A
cantora de nacionalidade portuguesa e cabo-verdiana decidiu recorrer a “todos
estes mundos e todos estes conceitos” que fizeram dela uma mulher “na procura
da identidade”.
E
sobre a sua dupla nacionalidade, sublinha o seu lado positivo: “Temos na vida
demasiados motivos para o lado negativo e eu penso que esta minha dupla
nacionalidade é algo positivo, que tenho de ver como enriquecedor”.
“É
o que sempre fiz ao longo da vida, ver o lado positivo das coisas. África, por
exemplo, foi sempre mostrada pelo seu pior lado, mas África tem coisas tão boas
para mostrar. Eu considero-me africana, parte dos meus genes vem de África,
outra parte da Europa e resultou na mulher que sou hoje”, afirmou.
Habituada
a surpreender com algumas inovações que introduz em cada álbum, o sétimo, a ser
lançado, conta com a produção de Agir e “uma sonoridade mais eletrónica, mais
moderna”.
“Nós,
artistas temos esta responsabilidade também de representar os tempos que
vivemos. Digamos que tentei modernizar, sem perder nunca a minha identidade”,
disse.
Lura
concretizou o desejo de cantar em português e um desses temas é “Vou-me amar”,
que “fala sobre a autoestima” e “foi um pouco inspirado em relacionamentos
tóxicos, quer sejam relacionamentos amorosos, como profissionais, familiares e
em geral”.
“É
um pouco a apelar à importância de nos amarmos e estarmos atentos ao que é
importante para nós e para o nosso bem-estar, antes de amar quem quer que
seja”, acrescentou.
Lura
convidou artistas que admira para este álbum, como Angelique Kidjo, uma cantora
natural do Benim, premiada com vários Grammys e embaixadora da Boa Vontade da
UNICEF, com quem divide um tema que fala sobre “empatia, a capacidade de
aceitar os outros, independentemente das suas diferenças físicas e
ideológicas”.
“É
uma mulher que admiro imenso e já nos temos vindo a acompanhar mutuamente ao
longo dos tempos. Partilhamos este tema ´Cetam` e acho que é a altura certa
para falarmos sobre estas causas”, prosseguiu.
O
álbum conta ainda com outras participações, como a da portuguesa Picas, de Dino
de Santiago, de origem cabo-verdiana, com quem Lura já partilhou o palco, assim
como do escritor angolano José Agualusa, para quem o futuro da música
cabo-verdiana passa por Lura.
O
disco vai ser agora apresentado em vários países europeus, estando previsto,
para Lisboa, um “espetáculo minimalista, com três músicos em palco num concerto
de inverno”, com data marcada para 13 de outubro, no Centro Cultural de Belém. In
“Expresso das Ilhas” – Cabo Verde com
“Lusa”
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