Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Macau – Festival da Lusofonia tem como destaque Portugal

O Festival da Lusofonia, agendado para os dias de 27 a 29 de Outubro e está a ser preparado pelas respectivas associações representativas dos países ou regiões que, como habitualmente, apresentam as suas “barraquinhas” junto às Casas-Museu da Taipa. A edição de 2023 marca o regresso de artistas das nações de expressão portuguesa, cujos nomes estão ainda a ser negociados. O destaque da “feira popular” deste ano é Portugal, que disponibilizará menus gastronómicos especiais durante os três dias do evento. Do lado da Casa de Portugal, Amélia António lamenta, que o espectáculo da fadista Gisela João, integrado no Festival Internacional de Música, esteja marcado para a principal noite do Festival da Lusofonia


Já começou a azáfama das associações que representam os países ou regiões onde se fala a língua portuguesa e que tradicionalmente participam no Festival da Lusofonia. O evento vai decorrer entre 27 e 29 de Outubro, mas os principais pormenores da organização ainda não vieram a lume.

No entanto, o Jornal Tribuna de Macau sabe que, por exemplo, Moçambique contará, para a semana cultural que servirá de suporte ao festival, com a presença de um cozinheiro. Não será o já conhecido chef Graça, que aqui esteve na Semana da Gastronomia daquele país africano, “mas um outro”, segundo disse a este jornal Tiago Azevedo, vice-presidente da Associação dos Amigos de Moçambique. Também a Associação dos Macaenses terá um tema específico para a sua tenda, “o mar”, segundo revelou Miguel de Senna Fernandes.

A partir da edição de 2022, que ficou reduzida a sexta-feira e sábado, em virtude do cancelamento das actividades de domingo, por causa da evolução da epidemia, a organização pretende dar destaque a um dos países ou regiões que fazem parte das actividades da festa. No ano passado foi Macau, como local anfitrião. Em 2023 o foco vai para Portugal e por isso, como referiu Amélia António, “temos a responsabilidade de fazer mais coisas nos nossos espaços, onde habitualmente disponibilizamos petiscos e artesanato”.

Desta feita, como Portugal é “o destaque da feira” haverá “pratos de comida nos jantares dos três dias no restaurante do Largo do Carmo”. Sobre outras novidades, a dirigente não quis “levantar o véu”, mas foi dizendo que, provavelmente, tentarão fazer “uma coisa maior do que é hábito na barraquinha, dando assim alguma relevância pelo facto de ser o nosso ano”. “Queremos essencialmente fazer um reforço da divulgação de algumas das actividades da Casa de Portugal, por forma a termos uma visibilidade maior”, acrescenta.

Sobre os grupos que virão actuar, Amélia António acredita que virá alguém de Portugal, “mas isso é tratado a nível interno, do Instituto Cultural, que programa e decide, não passando pelas associações”. “Só saberemos quando eles nos informarem”.

De resto, frisa a presidente da associação de matriz lusa, “a Casa normalmente participa na organização dos jogos tradicionais, no campeonato de matraquilhos e outras actividades ao longo dos três dias do festival”.

Sobre a festa popular em si e o que significa para as comunidades, em especial a lusófona, Amélia António recorda que “este foi o único evento, organizado com percalços, dificuldades ou não, que aguentou e nunca parou durante os anos de covid”. A partir de agora, com a abertura das fronteiras “queremos é andar para a frente”, frisa. Este ano poderá haver ainda maior afluência de pessoas, por isso “há grande expectativa”, afirmou a responsável da Casa de Portugal.

Amélia António lamenta, no entanto, que a actuação da fadista portuguesa Gisela João, num espectáculo integrado no Festival Internacional de Música de Macau, tenha sido agendado para a principal noite da festa lusófona nas Casas-Museu da Taipa. “É de facto pena que as coisas não tenham sido programadas de modo a que a sociedade possa tirar proveito de tudo, porque quem quer ir no sábado, que é o dia maior da lusofonia, tem também o concerto da Gisela João”, observou. A sobreposição “não faz sentido” e era necessária uma “maior coordenação nestes eventos, porque são coisas que não acontecem em Macau todos os dias”. “Tenho pena”, disse.

Macaenses focam-se no “mar”

O nosso jornal ouviu também Miguel de Senna Fernandes, que destacou que a Associação dos Macaenses (ADM) vai participar “com todo o seu ânimo” e com a barraquinha habitual no Festival da Lusofonia. “Ali serão servidos petiscos, bebidas e vai haver artesanato também”. Neste ano, o stand da associação terá motivos de mar, ou seja, “o cais”, porque embora “não seja uma ideia nova das participações da ADM na lusofonia, (…) queremos mais uma vez evocar o mar porque, no fundo, Macau tem muito a ver com o mar”.

Miguel de Senna Fernandes completa a ideia dizendo que “foi através do mar que Macau foi descoberto e a sua singularidade começa daí, portanto o mar sempre foi um factor importante para a existência de Macau”.

A par disto, prossegue, “vai haver o artesanato e já temos várias pessoas a fazer as coisas para serem apresentadas”. Não será um artesanato de um estilo único, é mais um artesanato diversificado, “para dar oportunidade a que, quem sabe, mais tarde possam aparecer novas artesãs”, e dar azo a que determinadas pessoas que demonstraram ter algum jeito para este tipo de arte “possam brilhar também na tendinha da ADM”.

Por outro lado, na banca de artesanato “estarão as bonecas da tradicional ‘Batê-Saia’, que é o vestir a noiva (boneca), com ornamentos de papel, que já foi alvo de um workshop recentemente e despertou muito interesse nas pessoas”. Vai estar presente a artesã Fátima Sousa, “para mostrar como decorar a noiva, a boneca”. Isto para além de música. “Contamos com os mesmos artistas, porque ainda não há possibilidade de outras alternativas, já que os custos não são pequenos”. Em suma, Senna Fernandes acredita que “vai ser uma Lusofonia boa, uma bela festa”. “Só espero que não se repitam os mesmos incidentes do ano passado, que foi reconhecidamente uma infelicidade”.

Moçambique é outra das presenças assíduas na festa lusófona. Tiago Azevedo, dirigente da Associação dos Amigos daquele país africano, para além de ter referido que virá um chef para cozinhar iguarias de várias regiões de Moçambique, “de norte a sul”, disse que a tenda moçambicana terá como principal destaque Quelimane, que é a maior cidade da província da Zambézia. Vitor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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