O Governo timorense extinguiu o município de Ataúro, menos de dois anos depois da sua criação, apesar de manter a ilha como uma divisão administrativa de primeiro grau, anunciou o executivo em comunicado
As
mexidas, aprovadas em Conselho de Ministros, cumprem uma das promessas do
programa do Governo, criando “uma nova divisão administrativa definidora do
estatuto jurídico-administrativo do território da ilha de Ataúro”, nomeadamente
“uma nova circunscrição administrativa de primeiro escalão denominada de Ataúro”.
A
decisão, na prática, remove os condicionalismos da organização administrativa
tradicionalmente aplicada aos municípios, mantendo, segundo o Governo, o que
está definido na Constituição, que indica que Ataúro “goza de tratamento
administrativo e económico especial”.
Assim,
a nova divisão administrativa do país passa, no primeiro escalão, a ser formada
pelos municípios de Aileu, Ainaro, Baucau, Bobonaro, Covalima, Díli, Ermera,
Lautém, Liquiçá, Manatuto, Manufahi e Viqueque, a Região Administrativa Especial
de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e Ataúro. No segundo escalão continuam os postos
administrativos.
A
mudança aprovada elimina igualmente os sucos “como referente integrante da
definição das circunscrições administrativas na divisão administrativa do território”,
já que, segundo o Governo, os sucos são “pessoas coletivas públicas de base
associativa, integradas na Administração Autónoma, matéria que nada tem que ver
com a divisão administrativa do território”.
Paralelamente,
o Governo alterou a legislação sobre os recursos materiais e incentivos
financeiros das lideranças comunitárias, criando o serviço de administração do
Suco, como serviço administrativo de apoio ao chefe de suco.
Ataúro,
que anteriormente fazia parte do município de Díli, foi transformado em
município em Janeiro de 2022, pelo anterior Governo, para “minimizar os efeitos
(…) do isolamento geográfico das populações”, garantindo “melhor acesso à
prestação de serviços e bens públicos, e maiores oportunidades de participação
democrática dessas populações na atividade da Administração Pública”.
Ataúro
possui uma área geográfica de 140,5 quilómetros quadrados e uma população de 7832
pessoas. A separação de Ataúro foi discutida, pontualmente, por vários
anteriores executivos.
Apesar
da relativa proximidade a Díli, cerca de 30 quilómetros, Ataúro continua a
sentir as dificuldades do isolamento, com problemas regulares no abastecimento
de eletricidade e água, estradas e infraestruturas precárias e outros desafios.
Fontes do executivo explicaram à Lusa que depois da aprovação desta mexida na lei de divisão administrativa do território, que tem agora de passar pelo Parlamento Nacional, o Governo vai definir o formato administrativo a aplicar em Ataúro e a forma como a ilha se integrará na Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM), de que faz ainda parte o enclave de Oecusse-Ambeno. In “Ponto Final” - Macau com “Lusa”
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