O Governo timorense vai proceder a alterações em todo o sector de petróleo e recursos naturais, incluindo nos cargos de chefia, no quadro de mexidas em diplomas em vigor desde a semana passada, confirmaram fontes do executivo
As
nomeações, que poderão ser conhecidas ainda esta semana, incluem novos
responsáveis da petrolífera estatal TIMOR GAP, do Instituto de Petróleo e
Geologia, agora renomeado Instituto de Geociências de Timor-Leste, da nova
companhia mineira e ainda dos reguladores do sector.
Na
semana passada, foram publicados em Jornal da República um conjunto de
decretos-lei que mexem em todas estas instituições, bem como no próprio
Ministério do Petróleo e Recursos Minerais (MPRM).
Aprovadas
quase com cariz de urgência e preparadas com o apoio de um escritório de
advogados que já no passado tinha colaborado com o sector petrolífero em
Timor-Leste, as mudanças surgem no contexto das “prioridades” que o executivo
fixou para o sector.
Surgem
em particular no momento em que aumenta o otimismo em Timor-Leste relativamente
a possibilidade de uma solução, já na primeira metade de 2024, para a
exploração dos campos petrolíferos do Greater Sunrise.
Em
entrevista à Lusa na semana passada, o primeiro-ministro Xanana Gusmão
mostrou-se otimista sobre eventuais soluções, na primeira metade de 2024, para
o projeto, que aguarda nas próximas semanas um estudo sobre as várias opções de
desenvolvimento, pedido pelo consórcio que gere o Greater Sunrise, onde a
petrolífera timorense TIMOR GAP detém a maioria do capital. “Estou optimista
num acordo no início de 2024. Estou confiante com este novo Governo
australiano”, disse Gusmão.
Assim,
e no quadro dos diplomas aprovados, cabe ao MPRM a administração indireta da
Autoridade Nacional do Petróleo e da Autoridade Nacional Mineira e dos dois
reguladores que resultam da divisão da até agora Autoridade Nacional de
Petróleo e Minerais (ANPM).
Sob
administração direta está igualmente o Instituto de Geociências de Timor-Leste
(IGTL), a TIMOR GAP e a nova empresa mineira, a Murak-Rai Timor.
No
caso do IGTL, o Governo determinou que quer com as mexidas garantir “a contínua
melhoria do conhecimento sobre os recursos geológicos existentes e a
possibilidade de aproveitamento sustentável num conceito de economia circular”.
Para tal, deliberou o Governo, passará a incluir na sua missão “um vasto número
de disciplinas de investigação dentro do campo das Geociências, que permitam
englobar desde a cartografia geológica à prospeção de petróleo e caracterização
de matérias-primas minerais e sua beneficiação, para a obtenção de produtos
vendáveis, passando pela geotecnia, pela hidrogeologia e demais áreas de
aplicação de estudos”.
Na
TIMOR GAP, e entre outros aspetos, as mudanças reforçam o poder da tutela,
definindo que a empresa “subordina-se aos poderes de tutela e superintendência
do membro do Governo responsável pela conceção e execução da política
energética e de gestão do sector do petróleo e gás natural e sectores conexos”.
A tutela pode, a qualquer momento, solicitar auditorias externas à empresa.
Relativamente
à antiga ANPM, o Governo não só destituiu “de forma imediata” os seus
responsáveis, mas decidiu autonomizar os dois sectores, no quadro do que diz
ser “uma nova visão estratégica e a reorientação das prioridades para o sector
do petróleo e recursos minerais”.
“A
autonomização de reguladores para estes dois importantes sectores da economia
contribuirá para uma melhoria da eficiência regulatória, permitindo atender
melhor às necessidades para atingir o pretendido desenvolvimento socioeconómico
do país de forma sustentável e em benefício das gerações atuais e futuras”,
refere o diploma.
A
divisão permite ainda à nova Autoridade Nacional do Petróleo “assumir competências
e atribuições exclusivamente centradas em matérias do sector do petróleo e gás
e áreas conexas, podendo desta forma focar-se no sector e alocando todos os
seus recursos ao desenvolvimento do mesmo para que este possa contribuir de
forma efetiva, como aliás tem feito até agora, para o desenvolvimento económico
do país, permitindo, assim, o investimento do Estado noutros sectores
económicos e sociais prioritários”.
O
Governo quer ainda reformar a estrutura executiva, “dando prioridade ao mérito
e qualidades técnicas do seu pessoal, bem como alargar o âmbito de atuação da
mesma para cobrir as novas áreas que vêm sendo desenvolvidas em consequência da
transição energética”. In “Ponto Final” - Macau
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