“Embora possamos ser países amigos ou países irmãos, ainda assim, continuamos a ser dois países distintos… e não nos conhecemos tão bem quanto julgamos”, afirmou João Morgado, presidente da Casa do Brasil – Terras de Cabral, durante o encerramento do seminário “Brasil em Portugal – Integrar, Investir e Aprender”, que decorreu no dia 7 de setembro, nas instalações da Escola Profissional do Fundão, região Centro de Portugal.
O
objetivo desta iniciativa foi discutir a crescente chegada da comunidade
brasileira à região e os desafios e oportunidades do novo perfil de migrantes
que hoje vivem, estudam e investem em Portugal. Um evento que contou com
realização da Casa do Brasil – Terras de Cabral e da Câmara Municipal do
Fundão, com chancela da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Ao
todo, quatro painéis reuniram especialistas, autoridades, empresários e membros
da comunidade brasileira e luso-brasileira.
“Habituado
a viver a globalidade para fora, os portugueses devem compreender que a
globalização trouxe agora o mundo para dentro de suas fronteiras. Portugal já
não é exclusivamente dos portugueses, e, portanto, exige-se deles tolerância,
entendimento, cooperação e respeito por quem chega”, comentou Morgado, que
destacou, porém, que “por outro lado, os brasileiros também precisam perceber
algo muito claro, Portugal não é o Brasil. Portugal possui uma cultura e
história diferentes, exigindo uma mente aberta e forte adaptação. Aos
brasileiros, exige-se o mesmo que aos portugueses: tolerância, entendimento,
cooperação e respeito por quem está”.
“É
isso que estamos a aprender, e é um processo essencial para o sucesso da
luso-brasilidade em Portugal. (…) Pedagogia é o caminho. Esta aprendizagem de
parte a parte é crucial para a verdadeira integração e o sucesso do investimento
mútuo”, defendeu o presidente da Casa do Brasil – Terras de Cabral.
Paulo
Fernandes, presidente da Câmara do Fundão, acredita que existam mais de seis
mil cidadãos brasileiros a residir no concelho. Durante a sessão de abertura do
seminário, o autarca destacou que houve “mudança no perfil do migrante
brasileiro” que decide se instalar na região, com empresários com capacidade de
“investimento mais produtivo” e profissionais com uma grande diversidade de
formação e competências nas áreas, por exemplo, da informática, agricultura,
agronegócio, agrotech, biotecnologia, entre outros.
Por
seu turno, João Moura, deputado à Assembleia da República e presidente do grupo
parlamentar de amizade entre Brasil e Portugal, sublinhou que o acordo de
cooperação político que foi assinado este ano entre os dois países pode abrir
novas portas de ligação entre os dois lados do Atlântico.
Temas centrais discutidos por oradores e o público
presente
O
programa do evento teve a presença de autoridades, empresários e nomes de
destaque da comunidade brasileira e luso-brasileira instalada na região e no
país.
A
cerimônia de abertura contou com a participação de João Moura, presidente do
Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Portugal na Assembleia da República
portuguesa, de Fernando Ruas, presidente da Câmara Municipal de Viseu, além de
Paulo Fernandes, presidente da Câmara Municipal do Fundão, Carlos São Martinho,
Presidente da Direção da Escola Profissional do Fundão, Lídia Monteiro, pelo
Turismo de Portugal, Heitor Romana, adjunto do Gabinete do Ministro da
Administração Interna, e João Morgado. Houve espaço também para um vídeo do
embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, que frisou as ações da
diplomacia brasileira em solo luso.
O
primeiro painel do dia, “Brasil Imigrante – O Olhar das Instituições”, teve a
participação de Mário Ribeiro, do Alto-Comissariado para as Migrações, José
Albano, Diretor Executivo do “Programa Regressar”, Acácio Pereira,
ex-presidente do Sindicato da Carreira de Fiscalização e Investigação do
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e Amélia Augusto, vice-reitora da
Universidade da Beira Interior (UBI). O painel foi moderado por Ígor Lopes,
jornalista e CEO da Agência Incomparáveis, que conecta Brasil e Portugal.
Após
o almoço, o painel “Experiências Reais de Migração” centrou-se na opinião de
quem atua no térreo, com a participação de Juliana de Paula, do Centro para as
migrações do Fundão, e de um conjunto de empresários brasileiros que atuam na
região em diversos ramos de atividade. Este painel teve moderação de Paulo
Pinheiro, jornalista da Rádio Cova da Beira.
O
terceiro e último painel focou a atenção na questão dos “Investimentos &
Empregabilidade”, com moderação do diretor do jornal Gazeta Lusófona, da Suíça,
e presidente da BiblioRuralis, Adélio Amaro. Em destaque estiveram Fernando
Quintas, em representação da Agência para o Investimento e Comércio Externo de
Portugal (AICEP), além de Higor Ferro Esteves, diretor geral da Fundação Centro
de Estudos do Comércio Exterior (Funcex Europa), José Andrade, diretor regional
das Comunidades do governo dos Açores, bem como empresários ligados à
comunidade brasileira e luso-brasileira. Usou da palavra também Jorge Saraiva,
delegado para a região da Beira do Imperial Instituto São Pedro de Alcântara,
nomeado pelo Príncipe Dom Pedro Bourbon de Orleans e Bragança.
A
sessão de encerramento foi liderada por Alcides Martins, subprocurador-geral da
República Federativa do Brasil, que é natural de Vale de Cambra. No seu vídeo,
Martins comentou a sua experiência como emigrante do outro lado do Atlântico.
“A
abertura mental, o bom senso, o respeito cívico e a pedagogia de parte a parte,
é o caminho para a verdadeira integração e investimento mútuo. Aprendendo
juntos, superando barreiras e construindo novos paradigmas, estamos a trilhar o
caminho para uma convivência harmoniosa e enriquecedora. Este é o caminho que
devemos seguir para um futuro melhor, onde a luso-brasilidade em Portugal seja
verdadeiramente exemplar”, finalizou João Morgado.
A
Casa do Brasil – Terras de Cabral atua na defesa e como facilitadora das
relações entre Brasil e Portugal e auxilia na integração dos brasileiros e
luso-brasileiros radicados em Portugal. Ígor Lopes – Brasil in Mundo
Lusíada”
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