Na contramão dos demais setores da economia brasileira, a agroindústria vai muito bem, tanto no mercado interno quanto no externo. Essa situação privilegiada é resultado de trabalho de muitos anos dos empresários do campo que fizeram grandes investimentos em tecnologia, tanto na qualidade da genética das mudas como na mecanização da lavoura, ações que determinaram um significativo aumento na produtividade no campo.
Dessa
maneira, os fatores qualidade e quantidade determinaram a expansão das vendas
externas à medida que os exportadores têm demonstrado cada vez mais maturidade,
diferentemente de outros tempos, quando, diante de qualquer alteração de
preços, os embarques eram paralisados para renegociações de contratos já
fechados, o que causava descrédito.
Apesar
dos impactos da pandemia de coronavírus (covid-19), em 2020, o País registrou
recordes de volumes embarcados de suas principais commodities, com
destaque para o petróleo, açúcar e carnes, que tiveram apoio de compras da
China, enquanto o café também teve um desempenho histórico.
Em
2020, o Brasil arrecadou mais de US$ 28,4 bilhões com a venda de soja em grão
para a China, 16% a mais em comparação com 2019. Já em 2018, ano dos recordes
de exportações do Brasil, o valor arrecadado com a venda de soja para os
chineses superou os US$ 31,4 bilhões. Além disso, sete dos dez principais
produtos de exportação em 2020 tiveram como destino o país asiático. A China
foi o maior comprador de açúcar, carne bovina, celulose e carne de frango.
A
participação chinesa em tudo que o Brasil vende ao exterior cresce desde 2015.
Entre 2018 e 2019, esse crescimento foi de pouco mais de 1%. Mas, com a
pandemia, essa participação avançou: de pouco mais de um quarto para um terço
das exportações, batendo em 32,3% em 2020.
Em
um ano, as vendas aos chineses subiram de US$ 63,4 bilhões para US$ 67,8
bilhões (alta de 7%), segundo dados do Ministério da Economia. Já as
exportações brasileiras caíram de US$ 225,4 bilhões, em 2019, para US$ 209,9
bilhões em 2020, em função da crise internacional.
Seja
como for, hoje, os exportadores brasileiros têm know-how bastante
consolidado em relação ao mercado externo, em especial no agronegócio, e,
assim, o nível de ruído atualmente é baixo, o que traz bastante tranquilidade
às negociações entre os países, a ponto de declarações extemporâneas por parte
de ministros de outras áreas pouco afetarem esse relacionamento, como foi o
caso do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, que insinuou em uma rede
social que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise mundial
causada pelo coronavírus.
Dentro
desse cenário, as indústrias brasileiras que dão suporte às atividades
agrícolas e agropecuárias, num momento em que o real está subvalorizado em
decorrência da política do Banco Central, precisam aproveitar essas condições e
aumentar as suas exportações, pois logo os especuladores voltarão ao mercado
brasileiro, considerando que lá fora não encontram melhores condições para a
aplicação de seu especulativo dinheiro.
Afinal,
devemos considerar que o nosso parque industrial ainda é um dos maiores e mais
modernos do mundo, embora a nossa produção esteja em níveis bastante baixos. E
que temos trabalhadores preparados, além de muitos desempregados, que
constituem uma mão de obra que pode ser chamada e utilizada a qualquer momento.
Como
se vê, a bola está com os empresários, pois, se dependermos do atual ministro
das Relações Exteriores e do presidente da República, não vai acontecer nada,
pois, para eles, o mundo e o País se dividem entre amigos e inimigos do
governo. Portanto, não dá para ficar mais dois anos à espera de um “salvador da
pátria”. Até porque, como disse o presidente norte-americano Ronald Reagan (1911-2004),
em seu discurso de posse, a 20 de janeiro de 1981, “o governo não é a solução,
é o problema”. Adelto Gonçalves – Brasil
Adelto Gonçalves, jornalista, é assessor de imprensa do Grupo Fiorde
(Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter
Comércio Internacional). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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