O comércio exterior aumenta cada vez mais a sua importância no contexto da economia global à medida em que cada nação especializa a sua produção em bens com competitividade, qualidade, especialidade e preço, fatores decisivos para se entrar no mercado internacional. Nesse sentido, o Brasil, nos últimos anos, tem sustentado cada vez mais as suas exportações em commodities agrícolas e no minério de ferro, garantindo saldo bastante significativo na balança comercial.
Essa
situação, aparentemente um tanto confortável, apresenta, porém, alguns aspectos
relevantes que devem ser considerados para a sustentação de uma política
voltada para o comércio exterior a longo prazo.
O primeiro aspecto refere-se à utilização de áreas para a agricultura em
escala cada vez mais extensa a fim de se fazer frente à necessidade de uma
produção massiva, o que equivale a dizer que, por mais mecanizado e tecnológico
que seja o segmento hoje, é cada vez mais premente a expansão de áreas para o
cultivo.
Isso
torna, praticamente, inevitável a “invasão” de florestas e a consequente ameaça
de genocídio das etnias indígenas, apesar dos protestos por parte da comunidade
internacional. Segundo o último censo demográfico feito pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010 existiam no Brasil 896,9
mil indígenas e 305 etnias, que agora estão sob ameaça de extinção não só pelo
avanço do agronegócio em suas terras como por uma política governamental pouco
zelosa na prevenção de doenças transmissíveis, agravada nos últimos meses com a
explosão nos números de infectados pela covid-19.
Trata-se,
portanto, de uma questão que requer muito estudo e discussão para se chegar a
uma condição de equilíbrio e sustentabilidade, tarefa que parece hercúlea para
um governo que todos os dias dá mostras de desorganização, insensibilidade e
incompetência. Há também a questão dos preços das commodities, que estão
sujeitos a variações nas bolsas de valores. Como se sabe, quando há uma grande
oferta de determinado produto, os preços caem, às vezes de forma significativa,
como recentemente aconteceu com o petróleo, a soja e o minério de ferro. Dessa
maneira, a sustentação do superávit com base exclusivamente na exportação de
commodities agrícolas e de minério de ferro torna-se uma situação extremamente
frágil.
Por
tudo isso, parece irrefutável que a pauta de produtos destinados à exportação
precisa ser ampliada, o que significa que se torna fundamental que o País volte
a ter condições de ofertar produtos industrializados em condições de competir à
altura da concorrência. Alguns setores, notadamente aqueles que já apresentaram
vendas expressivas ao exterior, num primeiro momento, deveriam receber mais
atenção por parte dos responsáveis pela formulação de nossa política externa.
Entre esses segmentos, estão os de máquinas para transporte e movimentação de
terra, guindastes, aeronaves, material bélico, calçados, moda e alimentos
industrializados.
Ao
mesmo tempo, o governo precisa oferecer mais apoio à internacionalização das
empresas nacionais, convertendo micros, pequenos e médios negócios em
exportadores, além de ajudar os que já exportam a buscar novos mercados. Só
assim a economia haverá de crescer num ritmo condizente com as necessidades do
País, com benefício para toda a população. Adelto Gonçalves – Brasil
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Adelto Gonçalves, jornalista, é assessor de imprensa do Grupo Fiorde
(Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns e Barter Comércio
Exterior). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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