Díli
– Começou a trabalhar no período de ocupação indonésia e não mudou de local de
trabalho por querer contribuir, através da sua profissão, para o laboratório
timorense.
Maria
Dolores de Jesus, proveniente de Lautém, é Diretora de Patologia Clínica e Microbiologia
do Laboratório Nacional de Saúde (LNS). É com orgulho que assume as suas
funções e a ambição diária é disponibilizar resultados rigorosos dos testes.
“Os
médicos precisam do nosso trabalho e temos de ter um resultado acurado para que
possam receitar os medicamentos apropriados aos pacientes”, diz.
“Os
meus estudos como técnica de laboratório permitem-me desempenhar o papel de analista
de forma rigorosa. Posso fazer algo de bom pelos timorenses”, acrescenta a analista,
visivelmente orgulhosa.
Enquanto
diretora, as suas funções tornam-se ainda mais pertinentes à medida que a pandemia
da covid-19 alastra pelo mundo e particularmente por Timor-Leste. “Muitas pessoas
continuam assustadas, mas nós, no laboratório, já não. Isso foi apenas no início”,
afirma.
A
pandemia mudou muita coisa no laboratório, porque a equipa, além da habitual realização
dos testes de rotina a outras doenças, agora precisa de tempo para os testes à covid-19:
“Temos de gerir o tempo para lidar com este surto”.
Além
disso, com o auxílio dos parceiros de desenvolvimento, toda a equipa tem de participar
em várias atividades, como a formação para a prevenção do surto.
“Muitas
pessoas têm medo da covid-19. Como diretora, tenho de orientar os meus técnicos
do laboratório. Faço-o com carinho e deposito toda a minha confiança neles para
efetuar os testes [PCR]”, conta.
Maria
Dolores lidera três equipas do LNS, cada uma com cerca de 17 elementos. Os três
grupos dividem as tarefas: recolher as amostras, receber e confirmar e, por
fim, rotular na sala de análises.
“Em
Timor-Leste, o ritmo de propagação do vírus da covid-19 ainda é lento, quando comparado
com outros países na Europa. Mesmo assim, como mulher e mãe, tenho de cuidar
dos meus filhos [técnicos do laboratório], quando vão efetuar os testes à
covid-19, porque têm família em casa”, afirma.
A
analista timorense, que assiste as pessoas com um sorriso em qualquer ocasião, destaca
a importância do seu trabalho no combate à covid-19: “Quando pensamos em Timor,
devemos fazer alguma coisa. Estudamos para sermos analistas. Temos de lutar
contra
qualquer surto e estar prontos para disponibilizar os resultados corretos”.
“Quando
analisamos amostras e encontramos casos ativos, há sempre uma preocupação [dos
técnicos], mas lembramo-nos que usamos equipamentos de proteção individual. É um
procedimento que não devemos esquecer para nos protegermos”, acrescenta.
No
âmbito da covid-19, entre fevereiro e 02 de março, as suas equipas já
analisaram mais de dez mil amostras.
Gerir
a vida pessoal e profissional nem sempre é fácil. A filha de Tomás da Costa e
de Ana da Costa tem de dividir o seu tempo entre a família e o trabalho, mas
tem de trabalhar até à noite, fora do seu horário, para supervisionar o
trabalho dos técnicos do laboratório.
Maria
Dolores deixa uma mensagem a todas as mulheres timorenses para que se esforcem
em qualquer contexto, dando o exemplo aos seus filhos.
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