Para
os residentes em cidades pequenas, os impactos socioculturais da atividade
turística são mais importantes do que os impactos económicos, conclui um estudo
conduzido por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto
Politécnico de Viseu (IPV).
Esta investigação, que teve por objetivo analisar a relação entre a ligação ao lugar e os impactos percecionados pelos residentes em cidades de pequena dimensão relativamente à atividade turística, envolveu 350 habitantes de várias cidades, entre as quais Aveiro, Covilhã, Figueira da Foz, Gouveia, Guarda, Leiria, Seia e Viseu.
«A
investigação sobre a visão dos residentes relativamente à atividade turística é
pouco explorada, mais ainda em cidades de pequena dimensão. Por isso, este
estudo pretende precisamente colmatar essa lacuna na literatura e contribuir
para um melhor planeamento destes destinos que, fruto da pandemia, vão ter uma
maior procura», afirma Cláudia Seabra, investigadora e docente da Faculdade de
Letras da Universidade de Coimbra (FLUC).
Uma
explicação para os dados obtidos no estudo, financiando pela Fundação para a
Ciência e a Tecnologia (FCT), prende-se com o facto de «nas pequenas cidades o
espírito de comunidade ainda ser forte. As pessoas estão mais conscientes dos
efeitos sociais que o desenvolvimento do turismo tem nas suas vidas do que os
efeitos económicos ou ambientais. Em geral, as pequenas cidades têm uma
população pequena e envelhecida, com menos oportunidades de emprego, cuidados
de saúde e grandes infraestruturas de comunicação», afirma Cláudia Seabra.
Nessas
comunidades, fundamenta, «as pessoas geralmente estão ansiosas para conhecer
novas pessoas e se conectar com outras culturas e gerações diferentes. Em
geral, os impactos negativos dos grandes centros urbanos onde milhares de
turistas se aglomeram não são sentidos. Os turistas são vistos como pessoas que
trazem oportunidades de negócios, visitando bares, restaurantes, hotéis e
atrações da região, ao mesmo tempo que compram produtos locais para levar. Por
outro lado, os turistas são fontes de rejuvenescimento cultural».
A
docente e investigadora do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do
Território (CEGOT) considera que os resultados deste estudo, além de
contribuírem para uma «maior consciência dos efeitos que o desenvolvimento do
turismo está a ter na comunidade dos destinos das pequenas cidades, porque o
turismo pode ser um desafio para as pequenas localidades e cidades, sobretudo
de forma sustentável», podem ajudar «os gestores a fornecer benefícios
económicos, sociais e culturais de longo prazo para a comunidade local,
melhorando a qualidade de vida e, assim, fortalecendo o lugar e o vínculo com a
comunidade». Universidade de Coimbra - Portugal
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