Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 11 de março de 2021

Macau - Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia co-financia projectos relacionados com Portugal até um milhão de patacas

Projectos de investigação básica e de investigação básica aplicada em cooperação com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia são para continuar, apesar da aposta na China e, em particular, na região da Grande Baía


Projectos de cooperação científica e tecnológica com Portugal podem ter um apoio máximo de um milhão de patacas. Esta é uma das revelações da apresentação do relatório anual de trabalho e perspectivas de futuro da Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), apresentado ontem em Macau.

Dessa forma, em relação a projectos entre Macau e Portugal, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o limite máximo de co-financiamento para cada projecto será de um milhão de patacas. O FDCT referiu que pretende fazer um melhor uso dos acordos de cooperação existentes, bem como reforçar os programas de apoio financeiro. Para isso, existe um limite máximo de co-financiamento na ordem das 2,5 milhões de patacas para projectos realizados com a Fundação Nacional da Ciência Natural da China. Projectos de cooperação com o Ministério da Ciência e Tecnologia da China também têm um tecto máximo de co-financiamento na ordem das 2,5 milhões de patacas. Já projectos que englobem a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau podem ter acesso a um limite máximo de co-financiamento de 1,3 milhões de patacas.

Com 17 anos de existência, este ano o FDCT “ajustará o foco e a direcção do apoio financeiro, por forma a reforçar a investigação científica original”, afirmou o presidente do Conselho de Administração do FDCT, Chan Wan Hei.

Além do mais, o fundo pretende construir plataformas e criar espaços de cooperação entre Macau e outras regiões, com especial enfoque na Grande Baía. “O desenvolvimento da ciência e da tecnologia também pode ser encarado como uma ferramenta de diversificação económica moderada da RAEM”, acrescentou o líder do organismo.

De acordo com a OCDE

O programa de apoio financeiro aos projectos de investigação científica gerais do FDCT, de acordo com a classificação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), será dividido em três categorias: investigação básica, investigação aplicada e desenvolvimento experimental, foi também revelado na apresentação de ontem.

Desse modo, a categoria de investigação básica é manter a investigação e a exploração livre, e os projectos são desenvolvidos para adquirir novos conhecimentos sobre os princípios básicos dos fenómenos e factos observáveis, sem uma finalidade ou utilização específica pré-determinada.

Já a categoria de investigação aplicada destina-se aos projectos com objectivos de investigação claros e inovação, promovendo os resultados da investigação básica à aplicação

Por fim, na categoria de desenvolvimento experimental, os projectos são destinados a produzir novos produtos, materiais, dispositivos, processos, sistemas e serviços para aplicações práticas, incluindo especificamente a colaboração entre indústria-universidade-investigação.

O presidente do Conselho de Administração do FDCT lembrou que, em articulação com as linhas de acção governativa do Governo da RAEM, o FDCT acabou por fazer alguns ajustes na aplicação e desenvolvimento nos programas específicos de apoio financeiro.

Basicamente Covid-19

Em 2020, o FDCT avaliou 885 projectos e o montante total de projectos avaliados foi cerca de 870 milhões de patacas. Desses projectos, acabaram aprovados 553 com um montante total de 210 milhões de patacas. Entre os projectos aprovados, 26 são projectos de investigação relacionados com a pandemia de Covid-19.

Destaque para um projecto de desenvolvimento de um robot inteligente de desinfecção criado para matar bactérias e vírus dentro de uma sala com 100 metros quadrados em cerca de 15 minutos. Outro projecto importante foi o da criação de um chip microfluídico digital para detecção rápida do novo coronavírus. Os resultados são revelados em 20 minutos e já foram realizados diversos testes clínicos.

O FDCT, lembrou Chan Wan Hei, “pretende apoiar financeiramente os académicos que, estando fora de Macau, querem realizar pós-doutoramentos no território”. “A ideia passa por atrair os talentos locais a regressarem a Macau”, sugeriu.

Promover a aplicação da tecnologia ‘blockchain’, desenvolvida durante o ano passado, por causa do combate à pandemia de Covid-19, é outra das apostas. A criação de diplomas digitais, Código de Saúde/reconhecimento mútuo entre o Código de Saúde de Macau e o Código de Saúde da Província de Guangdong veio trazer outro ‘know-how’ que agora investigadores e cientistas querem ver aplicados em diversas situações.

Desde Fevereiro, com algumas restruturações na Administração Pública, que o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau está na nova Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico. No último trimestre do ano passado, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, garantiu que o Governo irá continuar a fazer uma forte aposta na área científica e tecnológica para o desenvolvimento económico de Macau, tendo na altura assinalado o crescimento do ranking das instituições de ensino superior no território. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto Final”

goncalolobopinheiro.pontofinal@gmail.com


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