A Associação Comercial Internacional de Empresários Lusófonos alertou para a perda de quadros bilingues, em Português e Chinês, em Macau. Considerando que a situação é preocupante, a associação pediu mais apoios no emprego para profissionais que dominam as duas línguas oficiais da RAEM. Recorde-se que o grupo de avaliação da Academia Chinesa de Ciências Sociais que elaborou o Relatório de Avaliação Externa por ocasião do 15º aniversário do Fórum Macau defendeu que só com quadros bilingues poderá “haver grandes mudanças” na Plataforma China-Países de Língua Portuguesa
Devido
à redução no número de ofertas de emprego para os quadros bilingues, em
Português e Chinês, a Associação Comercial Internacional de Empresários
Lusófonos mostrou-se preocupada com a nova “fuga” desses profissionais no
território.
Latonya
Leong, vice-presidente da associação, sublinhou que o desenvolvimento do papel
de Macau como plataforma de cooperação comercial entre a China e os Países de
Língua Portuguesa depende de quadros chineses e lusófonos. Ao Jornal Tribuna de
Macau, a responsável lamentou que, “embora o Fórum Macau tenha sido criado há
17 anos, o problema dos recursos humanos ainda está por resolver”.
Na
sua observação, “os graduados do curso de Português não conseguem encontrar
emprego que corresponda àquilo que estudaram na escola em Macau, razão pela
qual a perda de quadros bilingues é acentuada no território”. Em concreto,
Latonya Leong exemplificou com a situação ocorrida no contexto da pandemia: o
número de postos de trabalho diminuiu, afectando a carreira dos estudantes que
tiraram os cursos de Tradução de Chinês-Português, Educação e Gestão.
Com
o objectivo de melhor aproveitar as vantagens dos quadros bilingues no
desenvolvimento da Grande Baía, a associação solicita, assim, “uma maior
cooperação entre as universidades locais e as associações ligadas aos países
lusófonos”. Nesse sentido, Latonya Leong espera que sejam realizadas sessões de
esclarecimento para que as empresas lusófonas expliquem presencialmente quais
os tipos de quadros procurados, reforcem as operações comerciais bilingues e
que organizem feiras de emprego para que melhor se perceba as necessidades
sentidas dos dois lados. Desta forma, acredita que será possível atrair mais
quadros bilingues.
Por
outro lado, a associação valoriza muito a mobilidade dos quadros. Isto é, os
talentos bilingues devem ter uma maior mobilidade entre as cidades na Grande
Baía. Para concretizar esta ideia, a associação sugere que o Governo atribua
subsídios às empresas da Grande Baía para que tomem a iniciativa de contratar
profissionais bilingues.
Ademais,
segundo Latonya Leong, “os serviços competentes devem aperfeiçoar a gestão dos
recursos humanos dos bilingues, com o objectivo de que sejam recomendados às
empresas”. Em relação aos trabalhadores que estão a tirar licença sem
vencimento, entende que o Governo de Macau deve ponderar organizar cursos de
Português, visando a promoção da Língua Portuguesa na RAEM.
Apoio às instituições de ensino superior
O
grupo de avaliação da Academia Chinesa de Ciências Sociais que elaborou o
Relatório de Avaliação Externa por ocasião do 15º aniversário do Fórum Macau
sugeriu, tal como noticiou este jornal, que a RAEM “aumente as reservas de
talentos bilingues”, já que os quadros “são a chave” para a construção do
Fórum, assim como para a Plataforma China-Países de Língua Portuguesa (PLP).
Sublinhando
que o Governo da RAEM “negligenciou anteriormente a formação de talentos” na
área do Português, os membros do grupo de avaliação afirmam que é algo
imprescindível. “Somente intensificando a formação de talentos num período
próximo poderá haver grandes mudanças na Plataforma China-PLP”, refere o
documento.
Entre
as sugestões dadas ao Executivo da RAEM para reforçar a formação de quadros
bilingues em Chinês e Português estavam o aumento do número de bolsas de
estudo, “permitindo aos estudantes de Macau ingressar em cursos de Português ou
estudar nos PLP, e prestar atenção à comunicação com os bolsistas”, bem como
“financiar a aprendizagem do Português por parte de residentes de Macau, assim
como incentivar instituições privadas a oferecer cursos de Português”.
Por
outro lado, deve “apoiar as instituições de ensino superior locais a abrir mais
vagas e cursos de formação relacionados” e “aperfeiçoar a política de inserção
de talentos, introduzindo talentos versados em Chinês e Português”.
No
mesmo documento era ainda descrito que a RAEM deve esforçar-se para atrair e
formar talentos, a fim de fornecer recursos humanos para o intercâmbio entre a
China e os PLP. Considerando que as “instalações educativas da RAEM são
relativamente desenvolvidas” e que “as instituições de ensino superior locais
têm a capacidade de formação de talentos qualificados para a construção da
Grande Baía”, o grupo defendia que “o Governo Central deve encorajar as instituições
de ensino superior de Macau a admitir mais estudantes do Interior da China,
especialmente da Área da Grande Baía, no sentido de desempenhar o papel de base
educacional”.
“Ao
mesmo tempo, o Governo da RAEM deve empenhar-se em proporcionar um ambiente
mais flexível para a inovação e para o empreendedorismo em Macau, por exemplo,
atraindo talentos técnicos de alto nível, tomando medidas de redução e isenção
de impostos individuais ou fornecendo um ambiente de vida mais favorável e uma
base de investigação e desenvolvimento, entre outras”, sugeriram os membros.
106 candidataram-se a programa de quadros qualificados
Até
31 de Janeiro deste ano, 106 pessoas candidataram-se ao Programa de Estímulo à
Formação e aos Exames de Credenciação dos Quadros Qualificados. Segundo a
Comissão de Desenvolvimento de Talentos, nove foram premiados nos Exames de
Credenciação Sectoriais, todos de credenciação de electricista de manutenção, e
três no Programa de Estímulo à Certificação Profissional de Talentos da Área
das Tecnologias de Informação. Segundo o organismo, a maioria dos pedidos aos
prémios do Programa de 2021 foram rejeitados por não ter sido apresentado o
documento de acreditação emitido no corrente ano ou por este não estar em
conformidade com o catálogo. Viviana Chan e Catarina Pereira – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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