Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 27 de março de 2021

Portugal – De grande produtor a importador de resina de pinheiro

Quem não se lembra daqueles púcaros, de plástico ou de barro, agarrados a pinheiros para recolher resina? Pois… parece que vamos voltar a vê-los em maior quantidade


O que é a resina? Essencialmente a resina é uma secreção que algumas plantas quando feridas produzem para permitir a cicatrização, matando insetos e fungos. É, portanto, uma forma que as plantas têm de se proteger contra lesões e outras formas de vida que, potencialmente, lhes poderão causar danos. A extração da resina deve fazer-se todos os anos, durante cerca de nove meses entre março e novembro.

Quais são as aplicações da resina? Os principais setores de aplicação são os vernizes de óleo, lacas, linóleo, adesivos e aglomerantes, na indústria de papel e na medicina.

São muitas as potencialidades da resina e com muitas utilizações possíveis, eis alguns exemplos: pastilhas elásticas, gomas e equipamentos para agricultura, isolamento, tubagens e chapas, calçado e revestimento de roupas, implantes de ossos artificiais, cola, verniz, elásticos, perfumaria, cremes, pneus, pulseiras de relógio, suturas, capacetes de segurança, lentes, filmes fotográficos, isoladores, cera depilatória, borrachas, adesivos, produtos de limpeza, inseticidas, etc.

A resina em bruto retirada dos pinheiros tem uma primeira transformação da qual resultam dois produtos: a terebentina, também conhecida por aguarrás, e a colofónia que, posteriormente, é usada nas mais diversas indústrias.

Os primeiros registos de utilização de resina em Portugal aconteceram em Leiria, tendo sido o Pinhal de Leiria um dos fornecedores de “pez”, produto resultante da combustão rápida da resina que era usado nas calafetagens e na proteção dos cascos das caravelas e naus dos Descobrimentos nos séculos XV e XVI.

Portugal já foi o segundo maior exportador de resina do mundo e o maior da Europa, sendo atualmente o segundo maior importador. Nas décadas 70 e 80 chegou a ter produções que ultrapassavam as 100 mil toneladas, enquanto que nos dias de hoje a produção encontra-se à volta das 10 mil toneladas. Chegaram a existir mais de 50 fábricas de primeira transformação, mas esta atividade foi-se reduzindo ao longo dos anos por vários motivos - a desertificação humana dos meios rurais, queda de preços originada pela concorrência chinesa, incêndios florestais, substituição de pinhais por espécies de crescimento mais rápido (por exemplo o eucalipto). Um pinheiro demora 30 a 40 anos a dar resina, mas pode produzir três a quatro kg por ano.

Atualmente o Brasil, a China e a Indonésia são os maiores produtores, representando em conjunto cerca de 90% da produção total mundial. Portugal importa esta matéria-prima, essencialmente, do Brasil e a indústria portuguesa é das mais avançadas nesta área. Em Portugal existem cerca de 500 resineiros e dez empresas que fazem a primeira transformação, importando 90% da resina que utilizam.

Existe, no entanto, um grande potencial de crescimento uma vez que a indústria europeia é o maior consumidor mundial de resina. A recuperação do setor da resinagem poderá ser uma das atividades que poderá garantir empregos em zonas rurais, porque necessita de muita mão de obra, além de que esta atividade também pode contribuir para uma melhor gestão da floresta reduzindo os riscos de incêndio.

A resina, como matéria-prima, pode substituir o petróleo de forma um pouco mais sustentável e ecológica, permitindo que desfrutemos da natureza com um maior respeito e admiração. Paulo Gil – Canadá in “Milénio Stadium”


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