O Museu da Imigração, na Suíça, criado por um português e que conta a história de muitas “malas de cartão”, vai ser despejado e a direção corre contra o tempo para encontrar um espaço que acolha as suas 1500 peças
Inaugurado
em 2005, em Lausanne, o museu divide-se em dois pisos, cada um com 15 metros
quadrados. Considerado o museu mais pequeno da Suíça, conta com um espólio
dedicado à imigração neste país, sobretudo a portuguesa, espanhola e italiana.
Estes
30 metros quadrados têm acolhido milhares de visitantes que ali tomam
conhecimento da “história da imigração”, como explicou à agência Lusa o
fundador e diretor da instituição, Ernesto Ricou.
Artista
plástico e antigo professor de História de Arte, Ernesto Ricou destaca a
importância de se preservar um capítulo tão importante da história, não só da
Suíça, como de muitos dos países de origem dos cidadãos que optaram por viver
neste país.
Neste
museu encontra-se uma coleção de malas dos imigrantes na Suíça, com os
documentos dos seus proprietários, que os cederam, como passaportes, bilhetes
de comboio e fotografias, assim como outras “preciosidades”, como trabalhos de
investigação e legados de fotografias.
Nas
paredes do museu, um fresco de Ernesto Riçou com cerca de quatro metros corre o
risco de ser destruído, tendo em conta que o museu tem de desocupar o espaço
onde funciona, na Avenida de Tivoli.
A
ordem de despejo já chegou há um ano e foi motivada por intervenções no
edifício que os proprietários vão realizar, mas o museu solicitou ao tribunal
uma intervenção, o que permitiu um adiamento de um ano, que termina em maio.
Desde
então, contou Ernesto Ricou, muitas têm sido as diligências para tentar
encontrar um espaço para albergar o espólio do museu e permitir que a sua
atividade e programação continue.
Tendo
em conta os preços “altíssimos e incomportáveis” dos espaços imobiliários
naquele país, a solução terá sempre de passar pela cedência de um espaço, sendo
a situação ideal “a municipalização do museu”.
“Se
o município nos cedesse um espaço, nós podemos pagar a eletricidade e avançar
algum dinheiro, mas pouco, pois o museu não cobra entradas e vive das ofertas
que fazem os muitos estudantes e professores que o procuram para os seus
trabalhos de investigação.
Ernesto
Ricou garante que tem enviado dossiers sobre a situação do museu a muitas
entidades suíças e portuguesas, entre as quais o Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, de quem nunca obteve qualquer resposta.
Vários ministros, políticos e diplomatas têm visitado o museu e muitos sabem do que se passa e da urgência em resolver a questão, mas, segundo Ernesto Ricou, ficam-se pelas palavras.
Para
já, e se não for encontrada uma outra solução, o diretor do museu tem garantida
a autorização para colocar as peças do museu numa escola, da qual faz parte do
conselho diretivo, mas “é uma solução limite”, reconhece.
Ernesto
Ricou também lançou um pedido de ajuda aos 23 museus que existem em Lausanne
para que, nem que seja provisoriamente, um dos museus possa albergar a coleção.
In “Bom dia Europa” - Luxemburgo
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