Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Macau – Devido à nova estirpe são reforçadas as medidas de entrada na Região

Depois do surgimento de uma nova estirpe do coronavírus no Reino Unido, as autoridades de Macau apertaram as medidas. Todas as pessoas do Interior, RAEHK e Taiwan que tenham estado fora da China estão proibidas de entrar no território. Além disso, a quarentena passa a ser de 21 dias ao invés de 14 – uma medida bem vista por alguns médicos. Outros questionam a dualidade de critérios



Macau voltou a reforçar as medidas de prevenção contra a COVID-19. Estão proibidas de entrar em Macau todas as pessoas do Interior da China, Hong Kong e Taiwan que nos 21 dias anteriores tenham estado fora da China. Além disso, os cidadãos estrangeiros que pretendam entrar na RAEM para casos excepcionais de reagrupamento familiar só o podem fazer se tiverem permanecido no Interior da China nos 21 dias anteriores à chegada a Macau – a exigência, anteriormente, era de 14 dias.

Por outro lado, a quarentena foi prolongada de 14 para 21 dias. A alteração surge em resposta à evolução da pandemia a nível mundial, concretamente devido ao aparecimento de uma nova estirpe no Reino Unido que acelera a transmissão do vírus até 70%, mas também pelo facto de terem sido detectados novos casos no mundo depois de cumpridas as duas semanas de isolamento. No caso dos residentes de Macau que tenham visitado países estrangeiros nos 21 dias anteriores à entrada no território têm de apresentar um teste negativo e submeter-se a uma observação médica de 21 dias.

A nova medida aplica-se a quem chega de todas as partes do mundo, à excepção de Taiwan, mantendo-se os 14 dias de quarentena (caso a pessoa não tenha estado na RAEHK ou em países estrangeiros). Quem vem de zonas de baixo risco do Interior da China é obrigado a apresentar um resultado negativo ao teste do ácido nucleico. Porém, se vier de zonas consideradas de alto risco epidémico, mantém-se também a quarentena de 14 dias. Chengdu, Província de Heilongjiang, Pequim e Liaoning são algumas destas zonas.

A forma como as autoridades agiram é vista com bons olhos por alguns, mas há também que não perceba os critérios. O médico Fernando Gomes disse ao Jornal Tribuna de Macau estar de acordo com o prolongamento da quarentena. “De momento, penso que foi prudente passar para os 21 dias, porque parece que a transmissibilidade se prolonga. Depois de passarmos um ano com tantos cuidados, alertas e prevenção, penso que não é excessivo ultimar essa medida”, afirmou.

Sublinhando que não tem base teórica para dizer peremptoriamente se a quarentena deve ser de 14 ou 21 dias, o médico Rui Furtado critica os critérios usados para a aplicação das medidas. “Há uma coisa que posso dizer que não entendo e que ouvi naquela célebre conferência de imprensa improvisada, que é, as pessoas que vêm das zonas de alto risco na China e de Taiwan continuam a fazer uma quarentena de 14 dias e quem vem de fora tem de fazer de 21 dias. Esta dualidade de critérios, para mim, é um bocado estranha. Não sei qual é a base em que isto foi decidido, mas não me parece que haja qualquer base que possa justificar esta medida”, apontou Rui Furtado.

Fernando Gomes, por sua vez, acredita que acontece pelo facto de na China “actualizarem diariamente as precauções e recomendações”. “Na China, as províncias já estão divididas. Por exemplo, ontem ou anteontem surgiram casos em Pequim, eles restringiram aquela zona e aquelas pessoas vão ser testadas, isoladas, acompanhadas”, explicou.

Na mesma linha, o médico Chan Iek Lap fala sobre a diferença de critérios apontando para a comunicação entre as autoridades do território e o Continente. “O mecanismo de comunicação entre Macau e o Interior da China é rápido. Desde que haja novos casos de COVID-19, o Governo da RAEM irá imediatamente anunciar novas medidas de isolamento médico”, observou. Ainda assim, diz que as visitas ao Interior da China “podem ter algum risco”.

Chan Iek Lap concorda com a extensão da quarentena para 21 dias. “É importantíssimo que Macau, quanto cidade turística, mantenha a sua segurança. É necessário assegurar a confiança das pessoas na cidade, de forma a que continue a atrair mais turistas”, frisou. O médico disse compreender as mudanças feitas pelas autoridades. “O Governo da RAEM mostrou uma atitude firme, de que não se importa com os custos na contenção do vírus. Esse é o princípio do trabalho para assegurar a saúde da população. Temos de dizer ao mundo que a pandemia está sob controlo em Macau. Não podemos estar como Hong Kong, onde a pandemia não acaba e há sempre mais infectados”, realçou.

Para Chan Iek Lap, as pessoas que pretendem entrar em Macau devem ponderar “se vale a pena”, uma vez que terão de estar 21 dias em quarentena. Indicou ainda que há registo de muitos casos de infectados por COVID-19 que, depois dos 14 dias de quarentena, voltaram a testar positivo, razão pela qual acredita que “as autoridades tiveram de avaliar muitos dados antes de anunciar as novas medidas”.

Já Rui Furtado considera que as medidas estão a ser lançadas para “mostrar serviço”. Questionado sobre se será pelo facto de Macau não ter capacidade para tratar um elevado número de doentes, caso haja um surto, o médico desvalorizou. “Como esta pandemia provou, ninguém a nível mundial tem capacidade para gerir o número de casos em quantidade e com eficiência. Numa pandemia, ninguém tem essa capacidade”, afirmou. “Acho que Macau está empenhado em manter esta bênção [dos poucos casos de SARS e COVID-19]”, acrescentou.

Durante a quarentena de 21 dias serão realizados três testes de ácido nucleico. Quem cumpriu 14 dias de quarentena e tem de fazer a autogestão de saúde está obrigado a fazer um teste ao ácido nucleico ao vigésimo dia – o código de saúde passou automaticamente para amarelo após a entrada em vigor das novas medidas.

Apanhados de surpresa

Ao Jornal Tribuna de Macau chegaram queixas de dois residentes que foram apanhados de surpresa com as novas medidas. Já se encontravam em quarentena e esperavam sair para passar o Natal com as famílias. Nos e-mails endereçados a este jornal, queixaram-se ainda de falta de condições, nomeadamente, falta de luz solar no quarto, bem como de ventilação. Além disso, alertaram para a falta de limpeza do quarto durante este período.

Quem já estava a fazer quarentena quando foi anunciada a medida que alarga o período de isolamento não vai ter de pagar os restantes dias. Uma vez que “o ajustamento não foi antecipado quando [as pessoas] foram inicialmente sujeitas à observação médica”, a Administração decidiu que residentes e não-residentes que estavam em hotéis designados “ficam isentos do pagamento dos custos relativos ao período entre o 15º e 21º dias”. No caso das pessoas que estavam em hotéis escolhidos por si, caso pretendam usufruir da isenção de pagamento, terão de mudar de hotel, caso contrário, as despesas ficam a seu cargo.

Depois de Macau aplicar as novas medidas, também Hong Kong optou por aumentar os dias de quarentena, justificando com o surgimento das novas estirpes do coronavírus.

Entretanto, já se encontra a decorrer o 25º plano de fornecimento de máscaras até dia 26 de Janeiro. Cada pessoa pode comprar 30 máscaras com um custo de 24 patacas.

Morada obrigatória no Código de Saúde

A partir de 7 de Janeiro será obrigatório declarar a informação de morada no Código de Saúde, caso contrário este não será gerado. O objectivo é articular esta medida com o plano de controlo e prevenção da epidemia por zonas e categorias.

Estudantes no Reino Unido pedem ajuda

Um grupo de estudantes de Macau em Inglaterra apelou ao Governo da RAEM para coordenar um voo fretado e abrir um corredor especial com Hong Kong para os ajudar a regressar, face à evolução da pandemia no mundo e ao aparecimento da nova estirpe do coronavírus no Reino Unido. Porém, Iu Man Cheng, chefe do Departamento da Comunicação e Relações Externas substituta dos Serviços de Turismo, disse que Hong Kong já limitou a chegada dos voos da Inglaterra e Macau não tem condições para iniciar um plano para o regresso dos alunos que estudam fora. Segundo dados oficiais, cerca de 1139 estudam em Inglaterra. Catarina Pereira e Viviana Chan – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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