Cartoonista denuncia que imprensa está «amarrada» e «cada vez mais manipulada». «Muito honrado» pelo prémio internacional, Sérgio Piçarra diz-se «preocupado» e apela a que o PR cumpra a promessa de «corrigir o que está mal»
O
cartoonista Sérgio Piçarra, que se tornou no primeiro angolano a conquistar o
Prémio Franco-Alemão dos Direitos Humanos e do Estado de Direito, considera que
a imprensa nacional está a ficar "cada vez mais manipulada, mais
condicionada e amarrada", o que é "um péssimo sinal de que nada
mudou» com a governação de João Lourenço.
Em
exclusivo ao Novo Jornal, na primeira entrevista concedida a um órgão de
comunicação após ter tomado conhecimento da distinção internacional, o criador
da divertida personagem "Mankiko" justifica as críticas à imprensa com
os exemplos dos órgãos que passaram para a esfera do Estado, no âmbito da
recuperação de activos, alegadamente, erguidos com recurso a desvio de fundos
públicos.
Ao
ser-lhe recordado que havia dito em 2019, por ocasião de uma matéria do NJ
sobre os dois anos do «reinado» de JLo, que o País registava "avanços e recuos"
no que diz respeito à liberdade de expressão e de imprensa, Piçarra fala sem
meios-termos:
"Há
um ano falei sobre avanços e recuos, e este ano terei de falar mais de recuos
do que de avanços. Este exemplo agora da nacionalização da TV Zimbo e a mudança
da linha editorial é um dos grandes sinais disto", arma Piçarra, exemplificando
com as coberturas feitas às manifestações realizadas em Novembro.
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